terça-feira, 9 de junho de 2020

A travessia - psicografia - página 23


Cristiano morrera para proteger o acampamento, e Estela estava muito triste e inconsolável, as tendas ficaram durante dias de luto, Cristiano não era apenas querido, era um líder amado e tranquilo.
Messias quase não podia andar, procurou durante dias os responsáveis pela morte do amigo, sua lealdade ao acampamento era visível e a tristeza de todos também.
Maria Mercedes era uma criança iluminada mas também sofrera a ausência do pai, mas Eduardo sorria a morte de Cristiano mas todos já estavam a par das intrigas e desavenças que ele induzia, ninguém mais confiava e Estela custou a controlar sua raiva pois intimamente sabia que a morte de Cristiano estava ligada a Eduardo.
Foram meses chorando a morte de Cristiano e Estela procurou de todas as formas suavizar a perda para que Maria Mercedes não notasse  e não sofresse tanto vendo o seu sofrimento.
Depois de alguns meses depois da morte de Cristiano , Estela resolveu ir embora dali, e novamente o acampamento se preparava para sair, a vila já estava familiarizada com a presença deles e até se adequavam as situações, mas já estavam cansados das invasões de soldados de Deus torturando seus companheiros de caminho, eram muitos ciganos desaparecidos, muitas crianças procuravam viver suas vidas sem as presenças de pais que eram presos e até mortos, a vida no acampamento já estava deixando todos infelizes, todos os dias eram contados mortos e mulheres que sofriam violência e muitas acabavam grávidas e a grande maioria faziam ou sofriam abortos, era uma situação cruel que todos viviam.
Estela se preparava para partir quando recebeu uma visita, uma senhora que vivia na vila a procurou, sua filha havia sido violentada e estava com muitos transtornos espirituais, era jovem, seus treze anos de vida já estavam no auge de difíceis experiências, Ao encontrar a jovem, Estela sofreu uma grande emoção, a jovem estava ferida, sua pele vermelha e flácida causava terror, ela estava ferida de tanto se debater, a mãe tão amável e preocupada pediu ajuda a Estela que era muito gentil com todos, a jovem ficou alguns dias aos cuidados de Estela que cuidou das feridas físicas e emocionais, depois de alguns dias , sua mãe se enforcou de tristeza, a jovem sofrera um grande trauma e Estela a acolheu no acampamento, depois puderam partir em paz.
Naqueles tempos, a vida não era apenas difícil para as mulheres, eram verdadeiro martírio pois as guerras deixavam marcas na vida de todos, eram crianças e mulheres jogadas ao tempo, solitárias e infelizes, e a cada vila que passavam aumentavam as tendas do acampamento.
Chegaram na Espanha com bastante conflitos, os espanhóis eram bastante cruéis com os ciganos que viviam ali, alguns ciganos se escondiam nas matas buscando tranquilidade e no acampamento de Estela não fora diferente.
Nas noites de lua cheia, todas as mulheres se reuniam para celebrar a vida e a grande maioria conhecia bem as mágicas da natureza, todas as mulheres ciganas eram treinadas para serem fortes e destemidas, embora os homens eram fortes e protetores, as mulheres se destacavam por causa da generosidade e da capacidade de conversarem com os espíritos da natureza.
Assim que se alojaram as tendas foram preparadas para  educarem as crianças e produzirem armas e instrumentos para serem vendidos nas vilas mais próximas e assim para permanecerem ali por um pouco mais de tempo já que estava chegando o inverno.

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