domingo, 30 de outubro de 2022

QUEM SOMOS NÓS!!!

 



As vezes me sinto tão pequena que meus pensamentos se tornariam leves, como seria grandioso poder me tornar flor ao invés de pensar tanto em coisas que me tiram o sono.

Eu queria ser uma criança pequena, bem pequena , que a minha única preocupação seria buscar os seios da minha mãe quando eu sentisse fome.

A vida seria tão mais simples se os nossos pensamentos tivesse ao invés de preocupações tivessem amor e serenidade, mas somos seres estressados e ignorantes , somos tão pequenos ao nos acharmos gigantes.

Como somos minúsculos quando nos olhamos no espelho e olhamos para o céu, isso se tivermos um pouco de autoconhecimento, quantos pensamentos temos em um único minuto?

Como recuar, quando avançar, que dúvidas eu tenho?

Será possível parar de pensar?

Sempre busquei filosofar, e ensinei as minhas filhas a importância de pensar em si e buscar-se no meio da multidão.

As minhas dúvidas, as minhas aspirações, inspirações me carregam na vida e me disfarço, me escondo como se fosse possível desaparecer.

Quando percebi que eu era violentada, já era tarde, eu já me feria tanto ao ponto de achar normal ser ferida.

Quantas mulheres feridas  se tornaram flores?

A maioria de nós nos tornamos flores, nos tornamos dores vivas, sentimentos paradoxais , pensamentos que confundem as linhas do tempo.

Não se pode negar a dor, não se nega o que se viveu, se nega apenas ferir-se novamente.

E as dores mudam , e outras se renovam, a vida é apenas um momento diante da eternidade, é um presente constante, é o viver presente, é estar presente em si.

Nos doamos quando o amor invade tudo em nós ,e então a doação não chega a ser dor, chega a ser paz.

Quando nos tornamos pequenos?

Quando nos tornamos grande?

Talvez a resposta para todas as questões se encontram dentro de nós, nos carregando em pensamentos e neles estão todas as nossas imperfeições e as nossas virtudes estão inseridos em pequenas partes encostados na fé.

Corremos de nos mesmos quando nos deparamos com as nossas falhas, com as nossas sombras e nos felicitamos com cada virtude adquirida em nossas superação diante das dores, do karma e do nosso destino.

Estamos sempre nos buscando nos outros, esperando aprovação, o que precisamos é autoestima em alta para que renovemos as nossas virtudes e nos reconhecemos melhores, a fé deve ser sempre uma vela acesa.

Quem somos nós senão uma chama divina, somos seres iluminados, alguns procurando as sombras , outros querendo intensificar a própria luz, somos seres energéticos, porque tudo é energia,

Então busquemos essa luz em nós, e a fé se renova a cada busca, a cada reencontro a cada luta, a nossa força se agiganta diante da vida.



Não existe amadurecimento sem autoconhecimento!!!

 


Quando sentimos raiva, estamos alimentando dores que podem nos ferir intimamente, podem nos causar doenças físicas e dores que afetam a nossa alma.

Quando sofremos alguma violência, sofremos as dores também em nossa alma.

Sinto-me inundada de uma força de poder cuidar e resguardar tantos outras mulheres, em meu peito repleto de amor fui vítima como tantas outras mulheres de violência doméstica, engoli tantas dores e perdi em tantos momentos para se ser eu, acabei entregando a minha vida, perdendo-me.

Um grito que eu engoli seco, e me vi tendo que desaparecer, mas o tempo nos faz caminhar e o caminho por mais doloroso que seja nos ensina que não se perde tempo, se ganha experiência, então, me vi aprendendo e me tornando mais forte , quando já estava me construindo , me grito que havia sido engolido, vomitei o que estava me fazendo mal, então, me libertei.

No mundo tão opressor em que vivemos, o momento do grito, e após esse grito de socorro, o mundo passa a fazer um outro sentido, e nós mulheres nos construímos , e evoluímos nos envolvendo em causas humanitárias, nos encontramos encontrando outras mulheres que também lutam para o mesmo fim, na vida há muitas histórias parecidas, histórias que se unem as outras tornando nossas vidas num grande tecido costurados que se unem num grande tapete de retalhos, são histórias construídas com dores, com amores e com muita luta, não somos guerreiras, somos deusas, somos grandes mulheres que se formaram e se superaram, não existem histórias felizes sem uma pitada de drama, causamos dores, causamos alegrias, somos vidas, somos exemplos, não existem mulheres fracas, existem mulheres, simplesmente mulheres.

Cada um constrói sua própria história e dividimos ela com o mundo, não vamos nos privar de quem somos por causa de nosso parágrafo em que nos perdemos nas vírgulas, nos tornamos fortes a partir das nossas experiências, não nos culpemos por nos perdermos, é natural passar por momentos de transtornos, é natural amadurecermos, nos tornamos fortes , não há amadurecimento sem autoconhecimento, então, percamos o medo, percamos a impaciência e vamos nos buscar sempre, seja pela meditação, yoga, qualquer terapia que nos sirva de socorro, tudo dará certo, sempre...

Sinhazinha - página 6

 


Sinhazinha se sentia frágil, pertencia ao mundo mas não se encontrava, estava paralisada e só.

Antônio não buscava forças, tinha revolta, tinha tanta raiva aos negros que os chicoteavam sem motivos e isso assombrava aos escravos da fazenda, Sinhazinha ouvia seus gritos, suas lamentações de longe, parecia não pertencer aquele lugar, se isolava.

Chegara o grande momento, o encontro com seu futuro marido, era um jovem pequeno e feio, mas sentia um grande calor dentro de si, sentia que seria feliz ao lado daquele homem que seu pai escolhera, não sabia explicar aquele sentimento que confundia seus pensamentos.

Lembrara de todas as suas outras vidas, sentia como se aquele homem fora feito para ela, então se entregou a essa paixão repentina.

Antônio estava convicto que fizera a coisa certa, estava disposto a entregar a sua vida pela essa história que ele havia começado.

A festa começara bem, as escravas da casa estavam eufóricas e não entendiam como Antônio pudesse entregar sua filha a um desconhecido.

Ao quase amanhecer, a senzala pega fogo, os escravos que conseguem fugir entram no casarão tremendo e agitados, muitos morreram nessa ocasião, Antônio se pergunta como poderia ter acontecido tão tragédia, mas os poucos sobreviventes fogem  por causa da confusão dos convidados, Antônio de desespera.

Sinhazinha chora pela morte de seus irmãos e o noivo sem entender a abraça para que ela se acalmasse, nasci ali, uma história de amor.

sábado, 15 de outubro de 2022

Sinhazinha - página 5


 


Luzia era uma menina muito altiva, sabia exatamente o que queria, mas aceitava o que o pai mandava por respeito e porque temia as consequências da desobediência. Luzia se preparava para conhecer seu futuro marido. Estevão estava sempre a observando, ele sentia uma vontade de vingança, ele passou a odiá-la e ela não entendia por que acontecia no mundo, vivera aos cuidados das freiras, e agora iria se casar porque o pai a obrigara.

Nos dias  que Luzia iria conhecer seu noivo, Estevão resolveu armar uma armadilha para estar sozinho com a menina, Messias tentava protegê-la mas os trabalhos diários o impedia, mas Luzia era uma menina ingênua, não entendia como a vida funcionava na fazenda e seu pai de fato não era sincero e nem transparente com a filha, ela achava que a vida ali era um paraíso sem pensar na dor e no sofrimento dos negros, era uma menina ingênua que acreditava em tudo que seu pai falava.

Sinhazinha era uma menina obediente ao pai, via nele um homem de bem, ele achava normal e dentro da lei maltratar os negros como se fossem inferiores, Luzia amava Messias e o queria por perto.

Luzia  sentia um amor fraternal por Messias e tentou várias vezes libertá-lo com carta de alforria , mas seu pai não achava que era certo libertar um negro tão forte.

Estevão já estava surrado e revoltoso, olhava para Luzia com desejo, passou a odiá-la por ser muito ligada ao pai e por não questionar as decisões do pai.

Antônio queria que Luzia se casasse com breve com Giovanne , um italiano rico recém chegado ao Brasil, mas Luzia não conhecia o homem que o pai o quisera como marido, estava ciente que não voltaria a Portugal.

Luzia passou a tocar piano nas noite festeiras da fazenda a pedido do pai, ela escrevia às escondia poesias, escondia em seu colchão as mais belas poesias de a amor a Deus e a sua família.

Messias a conhecia bem, e sabia que amava a literatura e arte, mas seu pai abominava a ideia da filha se aventurar , queria que ela fosse uma Senhora beata, ela amava estar na Igreja, mas a vida na senzala a fazia filosofar.

Era primavera e Luzia passeava pelos campos, com suas escravas quando Estevão se atreveu a olhá-la mais de perto, Luzia o olhou pensativa mas de forma fraternal, mas ele estava com seus olhos vermelhos, seu coração estava raivoso, ele fez sinal às escravas, elas se distanciaram e ele se aproximou  e então, a dominou e ali Estevão a violentou, Luzia perdera os sentidos, perdera ali a fé e a esperança.

Messias foi chamado a ajudá-la Antônio ficara sabendo do ocorrido e mais uma vez se viu odiar os negros, os escravos não falaram quem fora o responsável e então Antônio castigou a todos, deixando-os com  fome, e centenas de chibatadas a todos os homens escravos da fazendo, as duas negras da casa foram castigadas severamente e vendidas a outra fazenda.

Antônio ficara furioso e Luzia ficara meses trancada em casa sem conversar com ninguém . Antônio queria apressar seu casamento com o jovem italiano e então marcara o primeiro encontro numa festa na fazendo para a apresentação do casal.

domingo, 2 de outubro de 2022

Sinhazinha - página 4

 



Luzia estava se sentindo isolada em Portugal, não se sentia a vontade com as freiras embora fossem agradáveis, sentia falta de Geralda e Messias, eram irmãos de alma , eram laços fortes.

Sentia a vontade de chorar, gritar para que pudesse voltar ao Brasil, mas não podia, as freiras estavam sempre a cercando.

Com o passar do tempo Luzia foi se acostumando e com alguns meses, já havia se entregado a fé, seu pai recebia suas notícias com alegria, mas a bebida o consumia, passou a ser cada vez mais violento, Geralda então fica doente e Antônio pode que Luzia volte e assim foi.

Luzia deixara a casa das freiras  apreensiva, queria ver Geralda viva mas ao encontrar o pai num estado deplorável seu coração estremeceu, e ao ver Geralda moribunda na senzala, orou a Deus para que Geralda morresse em paz.

As orações de Luzia fora atendida, Messias chorou a morte da mãe. Luzia sofrera tanto que rejeitou o pai, deixou seu pai , procurou seus irmãos. Messias ao encontrar Luzia chorou, juntos enterraram Geralda, debaixo de uma mangueira, Luzia passou dias sozinha, só ,Messias a via, Antônio chorou o desprezo da filha e se embebedou.

Estevão olhava Luzia com maldade e desejo mas Luzia não estava preocupada com ele, pensava em Messias e os irmãos, Luzia voltou a Portugal entristecida, lembrava de sua mãe, de sua família, passou três anos estudando e voltou ao Brasil a pedido do pai que dizia estar morrendo , então ela novamente arriscou-se e voltou ao Brasil para reencontrar seu pai.

Luzia estava se acostumando com a sua vida religiosa, pensava em Deus e orava para que seu pai deixasse o vício, ela pensava na vida e em seus amigos da senzala, pensava na vida e em sua solidão.

Messias parecia triste e sentia falta de sua irmã, pensava nela e em como eram felizes quando eram crianças, lembrava das festas das flores que faziam, dos banhos de cachoeira, eram sempre amigos.

Na volta para o Brasil pensou em como deveria se comportar , gostava das festas na senzala, mas seu pai certamente iria rejeitar qualquer coisa que fosse ultrapassar os limites do bom senso, era bastante religiosos, violento e rígido, os açoites passaram a ser constantes e cada fuga , os recém-capturados  eram levados ao pelourinho, quando Luzia chegou, Antônio se felicitou mas a impedia de rever os amigos, eles então, passou a fugir para vê-los em meio ao campo nas plantações de café.

Antônio não tolerava nenhum questionamento, Estevão via Luzia com desejo e seu pai Antônio percebia isso, e começou a agredi-lo, por muitas vezes, o açoitou, ele mesmo usou as chibatadas para o castigo e cada açoite, era o ódio penetrando a mente de Estevão, os olhos de ódio intensificava a cada semana, mês, se passaram anos e o corpo robusto de Estevão marcado pelos castigos, Antônio sempre estava bêbado e fazia com que todos o odiassem, menos Luzia, que o amava, era seu pai, Messias ficava preocupado, pois Antônio em muitas ocasiões fazia de Estevão carregar Luzia numa leiteira e todos os escravos da senzala fazia ironias e gozações, Estevão passou a ter ódio de Sinhazinha, e ela não sabia o porquê, mas seu coração não havia percebido mas Antônio perseguia Estevão em vários momentos perdia a venda de Estevão, pois era um negro forte e robusto, vários fazendeiros o queriam mas Antônio o queria ver sofrer, Luzia estava crescendo , jovem e linda e todos se sentiam atraídos por ela e Antônio resolveu que ela precisava se casar com um fazendeiro rico e assim acumular ainda mais fortuna.

Luzia não estava interessada em casamento, queria sua vida livre e desejava voltar a Portugal continuar morando com as freiras, Antônio não queria ver sua filha como uma freira, queria que ela desse netos para dar continuidade ao nome da família.

Messias prometera protegê-la sempre e quando via Estevão, ficava nervoso, pois Estevão era um escravo revoltoso e que sempre estava sendo castigado tornando à vida de comunidade de pretos, um problema , pois quando Estevão era castigado , todos também sofriam.

Luzia crescera em meio a comunidade preta e a Igreja, era uma menina inteligente , queria  estudar direito, mas seu pai queria que se casasse.

Quando Luzia completou 15 anos, Antônio resolveu casa-la com um estrangeiro, um italiano que chegara a pouco tempo  no Brasil e vivera no Rio de Janeiro, queria que eles se mudasse para a fazendo para cuidarem das propriedades da família.


Sinhazinha - página 3

  



Sinhazinha estava crescendo católica, mas não deixara de pensar em seus amigos escravos. Dentre eles estava Estevão, um preto grande e bem robusto, cheio de más intenções a menina, ele tinha o nome de santo dado pelo Antônio, o Senhor das terras, ele olhava para Sinhazinha e ela tinha medo dele, Messias, seu irmão amado, deixara sempre ele diante de seus olhos, a protegendo sempre, eram irmãos, ela o amava profundamente, e Geralda sempre apoiava essa amizade de irmãos , Antônio estava bêbado, estava sempre molestando as escravas mais jovens na fazenda , Sinhazinha tinha muitos irmãos, filhos também de Antônio que ele renegava e isso deixava todos os escravos ali raivosos ou temerosos.

Antônio pensava que nada poderia acontecer já que era católico e branco, Sinhazinha via o pai de longe triste, seus olhos umedeciam ao ver o sofrimento, mas obedecia seu pai. e isso era para ela uma coisa boa, sentia um grande amor por ele, queria estar por perto mas Antônio com o tempo passou a rejeitar a filha, Luzia sentia uma estranha saudade de mãe que não conhecera, sentia em Geralda a sua mãe, sentia que Geralda era a sua mentora , muitas vezes abria a porta a noite para que Geralda dormisse com ela, tinha medo de escuro, e Geralda passara a noite ao seu lado, Messias dormia no chão ao seu lado, estava acostumado, mas a mãe Geralda o aquecia com seu corpo, o abraçava , os três ali estavam unidos pela fraternidade.

Luzia sentia seu coração pulsar, sentia necessidade de crescer rápido, seu pai estava cada vez mais envolvido com a bebida e seus dias se resumiam à dor e a explorar os escravos, a menina sempre procurava o pai, tentava imitá-lo ao máximo, muitas vezes a menina repetia exatamente os gestos do pai, Geralda a corrigia e Messias sempre estava por perto, era como um anjo da guarda a protegendo e os dois se tornavam grandes amigos, irmãos.

Geralda gostava disso, mas Luzia sentia falta do pai, e ela sempre o via bêbado entristecendo e se tornava cada vez mais violento, isso a deixava sozinha nos cantos, sentia que o pai não a amava e isso fazia ela tentar estar ao seu lado mesmo sabendo que não era uma boa coisa a fazer, o amor que ela tinha por ele, era o que a deixava próximo a ele.

Luzia cresceu amando Messias, seu pai ficara preocupado com essa amizade e a mandou para estudar num colégio interno em Portugal, assim ele pensara que iria separar um amor tão fraternal, então Luzia partiu, sua vida na fazenda se perdera em meio do caminho, vivera sempre cercada de amigos e agora se sentia sozinha e amargurada porque em seu íntimo seu pai não a amara, apenas cuidava dela, sofria a ausência do pai e da sua família negra.

Chegara em Portugal aos 12 anos de idade, era uma menina linda e chamava muita a atenção de todos os olhares.

Luzia era sozinha, perdera a alegria de viver, agora estava presa a quatro paredes de um quarto num colégio eclesiático, estava se sentindo solitária , não se esquecia nunca de quem deixou no Brasil.