segunda-feira, 1 de abril de 2024

A morte como lição!!!

  


Há uns três anos atrás eu estava escrevendo um livro chamado " Cinco Marias", um romance de 100 páginas, todas as vezes que eu terminava uma página eu as li para as minhas filhas, ao chegar a última página, assim que eu terminei de ler as últimas linhas, as meninas choravam compulsivamente, e eu também, ao terminar aquelas páginas de uma história sobre cinco mulheres fortes e destemidas, que sofriam todas as perseguições improváveis, as meninas se revoltaram com o final da história dizendo assim:

_ Mamãe, como você pôde matar as mulheres que deram vida a sua história?Você é uma escritora assassina!!!

Na hora em pensei. Meu Deus , eu sou uma escritora psicopata.

Eu me perdi naquelas palavras, reavaliei toda a história, e mesmo assim percebi que era impossível que tivesse um final feliz para aquela história, demorou algumas semanas para as meninas entenderem que a história se tratava de coragem, de amizades sinceras e intensas e que a morte é um momento natural da vida de qualquer ser vivo.

Quando percebemos que a morte parece o fim de qualquer história ficamos frustrados e desolados porque a vida nos impõe um final terrível e parece que não há esperança e tudo chega ao fim, quando a morte é uma realidade que não podemos fugir nos revoltamos e não compreendemos que a vida não chega a fim, apenas acreditamos que não há como escrever outras histórias, acreditamos que não haverá novas experiências e a morte se torna uma vilâ, mas na verdade a morte apenas é uma mudança que não conseguimos entender, e que a história que vivemos é a nossa passagem mais linda de qualquer história, o que conta é sempre o que vivemos e não como julgamos o término, enfim, a morte é apenas um jeito cruel de dizer, que as coisas irão mudar a partir desse ponto final.

Sempre julguei que eu fosse uma pessoa forte, cresci acreditando nisso, as histórias que a minha avó me contava de eu estar no hospital no meu aniversário de um ano, eu sempre me aventurei, e me entregava as minhas aventuras como se eu fosse uma superwoman, eu vivia subindo em árvores, cai inúmeras vezes de árvores, escadas , nadava em rios e sofria com picadas de insetos, me ralava toda correndo no carrinho de rolimã, o tempo todo, quando eu cai da trave de futebol e meu rosto inchou, eu mal me reconhecia, e da vez que subi num coqueiro, entrou um espinho no meu pé e eu acabei caindo lá de cima , meu Deus, eu nunca quebrei um osso se quer... eu sempre acreditei que eu fosse invencível, e a menina mais sortuda do mundo, e acredito que eu ainda sou tudo isso.

Ser forte o tempo parece uma tarefa fácil para uma heroína , mas não é, somos capazes de fazer coisas inacreditáveis, nos esforçamos para não cometermos erros, mas somos falíveis, acabamos ferindo o nosso coração e o coração dos outros, estamos sempre correndo riscos e o final da história sempre estaremos acreditando que podemos muito mais, que podemos salvar os outros, nos salvar , mas será que isso é bom?

Eu ainda não consegui responder a essa pergunta, sempre oscilo ao tentar responder, porque eu sempre estou em dúvidas sobre como seria a minha vida se fosse diferente.

Por maiores que fossem as minhas dores, por mais que eu poderia magoar alguém com as minhas impulsividades, com as minhas atrevidas indagações, ainda sim , eu sempre precisei ser forte, apesar de eu chorar por qualquer coisa que me dê vontade de chorar, eu sempre acreditei que fingir sentimentos nunca foi uma boa ideia, enfim, eu sempre testarei a minha resistência e sempre irei matar os meus personagens porque eles serão as Fênix que eu crio para entender o que se passa dentro de cada um de nós, e sempre teremos as cicatrizes das nossas escolhas e sobreviveremos a elas.

Estou escrevendo meu próximo livro, e até agora não matei ninguém, não que seja uma regra eu matar meus personagens, mas que mais cedo ou mais tarde eles viverão as lições que devemos aprender, que cada leitor se verá neles e os farão entender que tudo se trata de escolhas e de lições e que no final sempre aprendemos algo, teremos sempre memórias, e apesar da minha condição de desmemoriada estar avançando sem que eu queira, ainda sim carrego dentro de mim as lições das quais eu preciso passar e seja lá para onde a minha vida me levar eu serei sempre grata aos que passaram por mim, aos que passarão e se eu deixei alguma memória em alguém, boa ou ruim, eu fiz parte da vida de alguém, eu deixei uma cicatriz, eu deixei uma lição e eu deixei um pedaço de mim em alguém.

Somos todos seres que brilham e que podem voar com suas lindas asas que são feitas de puro amor e resistência, resistimos as dores, e nos deliciamos com as alegrias que vivemos e compartilhamos, assim se cria o Universo, com um amor infinito e não pensemos na morte como algo ruim, é só mais um momento da qual todos acabamos nos lembrando e que se acreditarmos que a morte é uma passagem para uma outra vida, ótimo, porque o amor sendo eterno, estaremos vivendo em um outro lugar de forma intensamente proporcional ao nosso coração.

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