segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UM GÊNIO ESTRANHO - PÁGINA SETE


Isaac aprendera desde cedo coisas da ciência, era um menino solitário mesmo que seus colegas e primos os acompanhavam , pois como ele era muito inteligente todos queriam estar ao seu lado. Há muitos anos Isaac perdera o entusiasmo, a Igreja sempre o questionava e acabavam pegando suas pesquisas até construir seu laboratório subterrâneo, passava dias em completa solidão estudando , revendo seus conceitos. Vanessa o inspirava para outras leituras além das que este costumava fazer, ele a distraia quando percebia seu cansaço.
Vanessa nada falara da gravidez, pois aquela situação era melhor a fazer, estava determinada em fazer uma longa viagem para que aquela gravidez não fosse questionada pelos colegas afinal, Isaac e Vanessa não eram casados então diante da Igreja era uma afronta, ela estava insegura diante daquelas circunstâncias, ela perdera toda a compostura frente a Isaac, era verdadeiramente sua amada, fora sempre a mulher perfeita para ele, tinham uma sintonia incomum, sempre fora muito solitário, fora sempre o filho problemático e o sobrinho encrenqueiro, desde de criança fazia suas experiências que assustavam a todos.
Isaac estava sempre fazendo artemanhas, quase colocava fogo na casa, ou fazia lamparinas, colhia frutas no campo para estudá-las e quando descobriam elas estavam podres no quarto, descobrindo como fazê-las retardar o amadurecimento, sempre fazia suas invenções em seu quarto e quando descobriam eram porque sumiam as panelas e copos da cozinha, em muitas ocasiões os bichinhos eram torturados para que tentasse descobrir o que se passava com eles, era desde muito jovem o cientista determinado e obscecado pela ciência, seus parentes se escondiam e quando a comunidade descobriam as suas façanhas ficavam alvoraçados,foi quando partiram deixando o jovem gênio na casa onde passara sua infância tumultuada, sua prima Elizabete tentava contorcer a situação mas acabaram partindo e morando na Inglaterra a poucos quilômetros dali.
Vanessa não fora diferente, costumava fazer suas escritas e desenhos escondidos de seus pais, pois estes nada se importavam com suas idéias de liberdade, foi por essa e outras razões que ela se casou com Antônio que era mais velho e bastante inteligente, se apaixonara por ele por este possuir uma inteligência incomum e por terem a mesma idéia quanto a liberdade.Viveram bem até sua morte, tentou ajudá-lo com todo medicamento conhecido mas nada pudera fazer.Quando conheceu Isaac redescobriu o amor e toda a história de suas vidas foram sendo reescritas desde o momento que se encontraram.
Após o discurso Isaac fizera alguns panfletos e escondeu suas descobertas dentro de um baú e deu a Vanessa, esta escondera nas malas quando fosse partir, a Igreja se aborrecera com as descobertas de Isaac o acusando de blasfêmia e bruxaria pois suas pesquisas químicas lhe causaram muitos transtornos em longos anos, mas Isaac já esperava tais acontecimentos, ele fora sempre muito astuto e aprendera cedo a despistar a igreja de suas pesquisas, suas idéias estavam em panfletos, em peças escritas por Vanessa, era algo contagiante, e muitos temerosos com a morte de Isaac o avisaram das possibilidades de o condenarem frente a inquisição, então Isaac passou um tempo em sua casa fora da Inglaterra, voltou a terras francesas levando sempre consigo as suas descobertas geniais.Passara um tempo longe da Inglaterra até que essa fase passasse mas nada acontecera , pelo contrário seus panfletos se alastrava pela Europa e temerosa a Igreja acertara sua condenação, mas ele era muito querido por suas colocações. Vanessa estava prestes a dar a luz longe da Inglaterra suas peças sempre causavam alvoroço, mas ainda estava escrevendo em nome de David Brown, alguns sabiam de sua identidade mas se calavam diante dos questionamentos, pois a inexistência salvaria sua vida e de seu filho.
Isaac sentia falta de sua amada quando descobriu que estava já prestes a dar a luz ficou atordoado mas entendeu o que fizera, fora para salvar sua vida e da criança que estava prestes a nascer, era melhor ninguém saber do que estava acontecendo, poderia ser ali naquele momento o homem mais feliz do mundo.
Na noite em que o pequeno Newton nasceu Isaac não estava ali, perdera a chance de ver o menino nascer, fugira de novo por causa da inquisição, Vanessa ficara aborrecida e triste, o menino era sadio e parecido com a mãe, com os olhos claros com cabelos negros, Isaac não se conformara com aquela situação, não vira o filho nascer, estava feliz por ter um herdeiro mas nada podia fazer, pensava ao menos vê-lo crescer subindo em árvores, colhendo frutos, correndo a campina, estava contente mas sentira medo de perdê-lo. Vanessa ficara nervosa, perdia muito sangue , estava sentindo dores e chamava Isaac em seus pensamentos, a jovem que cuidara de Vanessa fora sempre sua criada desde que era uma jovem na casa de seus pais, eram grande amigas, então Vanessa prevendo sua morte pediu que ela cuidasse do pequeno Newton, e assim Marcelle fez, nesta mesma noite Isaac fora preso e Vanessa falecera com hemorragia devido as complicações no parto, ninguém soubera da existência do filho de Newton e Vanessa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um gênio estranho - página seis


Depois do discurso Isaac ficara igualmente lisonjeado apenas das colocações de seus colegas cientistas, estranho ele, não considerava-se estranho , apenas centrado, fizera seu melhor mesmo que achasse que ainda fora insuficiente, mas Vanessa o acompanhara em seu discurso e aplaudiu com louvores o que Isaac acabara de dizer, os cumprimentos foram um tanto falsos, entre eles tinha sempre alguém que lhe considerava e este se chamava Joaquim Saldanha, um Português que se fincara na Inglaterra para estudar, tinha em sua vida bastante rrevolta pois sua vida fora muito difícil, vira em Isaac um homem de bem, e não um louco como diziam.Joaquim o cumprimentou com uma certa ironia mas algo ali acabara de nascer, talvez uma amizade , mas os olhos de Joaquim transmitiam algo imcompreensivo.Mas respondeu seus cumprimentos delicadamente.
Os dias correram bem, a Igreja já estava reconhecendo as suas intenções e o considerava um arnaquista pois promoveu uma discursão sobre suas palavras na Assembléia, e estes curiosos ficaram ansiosos com suas provas matemáticas do que estudara, o clero estremeceu pois alguns eram simpatizantes de Isaac e achavam que enfim, Galileu seria reconhecido também por suas descobertas já que Isaac deu continuidade aos estudos.Toda comunidade científica ficou abalada, pois em tantos anos continuaram acreditando em tudo que a Igreja lhe eram demostrados, toda a ciência até então era de comum acordo com a Igreja, não seria o primeiro cientísta a ser morto pela inquisição, seria mais um homem novivo a sociedade como tratavam os que dela descordava.
Isaac passou semanas estudando uma maneira de então discursar no plenário, ficava ancioso com tudo aquilo, não poderia perder a chance de expôr o que descobrira.Na verdade todos o colocara diante de um degrau da inquisição ali seria demonstrado a todos que fizera aos outros também cientístas, que a Igreja era suprema aos olhos do mundo, e o que pensara era apenas idéias infundadas. Isaac era muito inteligente e notou as intenções de seus colegas, alguns nada conheciam de concreto sobre do que tratara suas pesquisas que se estendera toda a sua vida, mas o importante ali era demonstrar suas descobertas, sendo aceito ou não a verdade do universo estava em suas mãos, então carregou consigo as suas máquinas geniais e foi em direção a França que o acolhera mas que poderia condená-lo a forca, mas nada mais pensava a não ser provar as suas descobertas, Vanessa fora consigo para a França, ela estava grávida mas nada falara, apenas se recolhia em seu sonho de mãe, seria agora sua condenação , ser mãe de um outro gênio? Não poderia prever mas seu filho seria também um outro homem das idéias e das letras, apenas esperava pacientemente seu destino.
Chegaram durante a manhã de outubro, era frio e Isaac ficara nervoso, mas Vanessa ali o sustentava como podia, sentaram-se num pequeno parque próximo ao salão , Isaac sentiu a necessidade de se declara e assim o fez:
_ Vanessa minha amada e amante de alma imortal, devo dizer que sinto muito medo deste discurso, pois diante de todos irei provar as minhas descobertas, a ciência sempre me foi muitopor mim perseguida, por muito tempo fui um homem solitário em minhas idéias até que a conheci e por ti descobri um sentimento de amor e de carinho.Confesso que tive outras mulheres mas é a ti que amo.Quero que saiba que algo temo que acontecerá a mim, assim como Galileu, alguém que admiro, morreu nas fogueiras da inquisição, então quero de publique as minhas descobertas mesmo contra a vontade da Santa igreja e da sociedade científica. É a única coisa que lhe peço diante das atuais circustâncias.
Vanessa tendo ali uma visão ampla do que poderia acontecer não falou sobre o filho que estava ali gerando, por alguns instantes pensou que assim o protegeria.Isaac vivera bem seus muitos anos de vida sempre empenhado em seus estudos, abolira qualquer coisa que viesse atrapalhar seus estudos e não falando de um filho protegeria ele e a seu filho, assim fizera.
Diante de todos ali Isaac iria expor o que muito estudara, os números provariam sua teoria, mas de que valia tudo aquilo se os rejeitasse,assim pensava ele, naquele poucos minutos, mas algo dentro dele dizia que a ciência era bem mais do que a comunidade científica suspeitava ser e existir, seria ele um revolucionário?Se considerava um homem normal , talvez um homem acima da média, impetuoso, ás vezes orgulhoso mas Era assim, pensara em ciência em toda a sua vida e agora sentira medo de morrer por ela.
Vanessa o levara até o plenário ela sentira uma dor na alma, seu coração aventuravasse em amar aquele homem, estava emotiva e amável, a vida que gerava estava a deixando mais sensível, vivera momentos lindos ao lado de Isaac.
Com os sentimentos aflorados Isaac começou a discursar, falou sobre as estrelas do céu, sobre o que pensava de Deus e suas escrituras sagradas, sobre o poder do amor e enfim, que Deus era a própria ciência, mostrou-lhes os aparelhos que o fizeram perceber e medir a distância entre as estrelas, falou sobre os astros e falou sobre o sol, mostrou-lhes números , panfletos.
Os cientístas mais velhos ficaram boqueabertos com suas descobertas, alguns se convenceram de que aquilo era uma verdade incontestáveis , chegaram a fazer cálculos juntamente com Isaac, se entusiasmaram, outros simplesmente ficaram surpresos com a audácia de Newton, como os chamara, ficaram ainda mais esquivados como chamava as leis, lei da força, lei da relação e a lei de ação e reação, denominaram as leis de Newton num tom de ironia e assim fozeram.O discurso se estendeu por horas, chegaram de manhã e só sairam do plenário durante a madrugada, ele precisava expôr suas descobertas, foi um dia exaustivo, e quando findara recebera os cumprimentos de alguns cientistas afins, Joaquim estivera lá mas não chegou a cumprimentar Isaac saiu ao entardecer, pensativo no que acabara de ver.Isaac parecia estar possuído por um demônio diziam alguns que se encontravam lá, mas nada fora provado sobre isso, na verdade Isaac fora inspirado todo o momento por espíritos do alto, mas quem os vira nada questionou, pois muitos que ali estavam , fazia parte do clero, e poucos tinham a coragem de se manifestarem diante de beleza apresentação.Isaac e Vanessa voltaram para a Inglaterra, mas nada ali os surpreenderiam.Já que Isaac fora muito vitimado pela inquisição fora perseguido desde sua ingênua pesquisa com a química que aprendera com o povo cigano que passara por um tempo refugiado e quando voltou para a Inglaterra pôs-se a pesquisar sobre o que aprendera com eles, era muito astuto e desde que era bem pequeno aprendera a observar o que se passava com a natureza e seus agentes naturais.Quando jovem se alistou e lutou por alguns anos mas o seu destino não estavam entre os soldados, mas diante de toda a natureza que amava, por isso nunca saiu de sua casa em que passara sua infância., sempre voltara lá para seus estudos mais profundos e assim fizera durante muitos anos até quando conheceu sua amada Vanessa do qual a admirava.

A cruzada feminina!!!!


Pensei no que poderia escrever hoje, e muitos temas me vieram a mente, então eu estou aqui como uma mulher membro da cruzada feminina, esta que irá influenciar muitas outras mulheres a seguirem o caminho do bem em prol de nossa humanidade, seguiremos pelos caminhos luminosos do amor.
Quando percebi a força que possuia estava apenas no começo das minhas memórias, estas que ficaram guardadas para que um dia pudesse florecer a mulher que sou e a que sem dúvida serei.Nós possuimos a força divina que é fecundada em nosso ser que é geradora de muitas outras almas, nada pode se comparar as muitas mulheres que aqui já habitaram, pois essas foram os ventres mais doces da humanidade.Nossa Senhora de Nazaré, a minha protetora amada, me ajudou a ser quem sou, me ilumina com seus exemplos de luz, pois ela foi a mulher iluminada que deu a luz , ao nosso menino e mestre Jesus Cristo.Querem um exemplo melhor?Tantas outras mulheres que desconhecemos que são as nossas pernas no passado, as nossas heroinas ... que foram as fortalezas de um mundo? A mulheres de Troia? Verdadeiras missionárias que souberam esperar e lutar contra os que nada sabiam sobre amor.
Pensem nas mulheres amputadas no Japão por causa das bombas nucleares, nas chinesas que lutam por uma vida sem discriminação, nas africanas e mães aidéticas que lutam para sobreviver, nas muitas brasileiras, européias, nas vítimas das agressões infundadas de seus maridos, pais e até irmãos, pensem nas crianças órfãs, nas mães que deixam suas crianças em creches para trabalhar. Quem são essas mulheres? Heroinas desconhecidas... são essas mulheres que a cruzada feminina deve ajudar em orações , conselhos, qualquer coisa que as fazem independentes com a auto-estima alta suficiente para crescerem.
Por mais que as pessoas analisem nenhuma situação se compara as lutas travadas pelas mulheres, mesmo que seja uma luta interna, as pessoas jamais podem julgar os outros sem ao menos analisarem que tudo pode ser superado, Deus em sua magnífica justiça seria incapaz de desprezar as suas mulheres que sào os ventre da humanidade, são elas as que oram pelos filhos, irmãos , pais de todos os outros como se fossem os delas... assim se pode explicar o amor maternal.
A sociedade julga como se fosse a própria justiça divina mas tudo passa pelas mãos de nosso Mestre.Todas nós somos sujeitas a erros, mas a nossa consciência deve ser a primeira a questionar os atos, mesmo que esses mesmos aconteçam.Há heroinas e vilãs,pois existem ainda pessoas que não sabem amar, definem o amor como algo irracional, mas amor não é de forma alguma comparável ao amor, pois amor nada fere apenas florece, mesmo que os espinhos nos machuquem pois é nas mãos calejadas que mais podem acariciar.Nós somos muitas vezes erradas em algumas escolhas mas jamais podemos pensar em ferir alguém porque que pensa em ferir geralmente se esquecem que se ferem com apenas uma picada de qualquer veneno basta uma pequena dose e a ferida se alastra pelo corpo, e isso é fruto das suas más ações.
Nenhuma pessoa pode ao menos julgar apenas aconselhar cabe o outro decidir sobre sua vida, pois os caminhos são individuais.O passo é um passo.Por mais que a pessoa possa ser inteligente a sabedoria pode nessa alma não existir, pois tudo equivale a força que tem em seu coração.Alguns parecem devoradores de almas, nos vampirizam com suas vibrações baixas, deixando-nos fracos e oprimidos, estes são os causadores de muitas dores, pois são verdaderiros trevosos que não nos querem deixar evoluir e quando você vibra com eles, ali você ficará se em você não existir, pois a lei da afinidade está ai nos provando que opostos não se atraem , mas quem no escuro está pode querer a luz basta apenas a vontade e a fé, ai sim podem enfim encontra a verdadeira vida, que a verdade de amar.
O amor é algo tão sublime que alguns querem tanto amar que se confundem com uma paixão, e isso é um erro muito comum, amor não é ferir, é curar.Pois a cura só se faz por amor.
A felicidade não é deste mundo,pois muitos se alegram com poucas moedas e facilmente se traem por elas como se a felicidade fosse instantânea, felicidade é permanente, ela emite paz e sabedoria, e não uma alegria fundada nas sensações de prazer, que nada tem a ver com a felicidade.A alegria é algo que enobrece as almas , pois ela vem do espírito e não do momento, o momento apenas transmite sensações... as nossas virtudes vem da alma e não da nossa instabilidade, pois nós as conquistamos assim como a paciência, a solidariedade entre outras virtudes.
Somos muitos em meio de milhões então façamos a diferença em nossos atos, podemos mudar o mundo sim... educando nossos filhos para o bem fazer.Mudaremos o mundo agindo corretamente com o irmão com quem convivemos, no trabalho ou em qualquer outro lugar , usando sempre a gentileza nas palavras e ações, isso só é complicado para quem não possuem amor... pois quem ama sabe doar de si o que tem de melhor.É a caridade que nos transformam pois é a prática do amor.
Por isso mulheres sejam as melhores que podem ser, se conhecem, se amam como são e agem conforme as leis do amor.Pois somos quem somos por causa do que pensamos, se suas vidas apenas se direcionam ao prazer é nisso que a vida se resume, num momento? Se a felicidade não é deste mundo então se aprimore para que quando tiver a chance de alcançar algo imcopreendido não vá se desapontar, pois se queremos algo melhor é preciso algo melhor buscar, as coisas não caem do céu como a chuva que necessariamente precisa cair do céu, algumas estrelas caem do céu, mas as soluções saem através de nossas mãos.
A beleza da alma se estende na aura, o belo exala o perfume de flores, o feio , um cheiro irrespirável, a feúra da alma escurece a aura como uma fumaça vinda das gigantescas chaminés das fabricas popuentes da Terra, o feio entorpece quem nesse se alegra, agora o belo neutratiza essas forças maléficas com jatos de amor.Quanto mais belo mais desejável, só desejamos o que equivale a nossas vibrações.Então formemos uma corrente de amor para que o mundo possa abraçar a paz.

Barbie....


Nós mulheres sonhamos com tuod perfeito, o homem ferfeito, o corpo perfeito, a casa perfeita, os filhos perfeitos, a vida perfeita, no entanto nos deparamos com sapos, com corpos desproporcionais, com filhos rebeldes, com uma casa com goteiras, a vida continua perfeita ao nosso modo, não é do jeitinho que queremos mas é o que merecemos, alguns ainda acham tudo muito monótona, mas se vemos assim será, faz parte da nossa crença de que aquele príncipe encantado está encantado por aí a procura da princesa na torre ou em qualquer lugar a perigo, como se nós mulheres fôssemos assim mesmo, indefesas, algumas assim são porque assim querem ser.Depende do ponto de vista de cada um, imaginem ficar esperando as coisas acontecerem o dinheiro aparecer sem merecermos, isso sim é preguiça.
Há muito tempo deixei-me prender por um sapo disfarçado de príncipe... deixei a minha vida presa, deixei-me levar pela ignorância e arrogância de quem nada do meu amor pôde merecer,e aqui estou , escrevendo num blog as minhas mémórias... cada um escreve o que bem entende só podemos esperar que um editor , que chamamos de Deus nos abençoe pelas obras que publicamos... enfim, somos sempre personagens de livros, contos de fadas, nossos heróis são reais, só ilustramos melhor para torná-los menos acessíveis...na verdade nós aceitamos muito o que o outro tem a dizer, como se o outro precisasse aprovar nossas ações, sendo assim, fazemos de nossas vidas um espetáculo para que os outros possam ver, que coisa!!! É importante a opinião dos outros mas antes devemos questionar quem somos nós, e não simplesmente aceitar e colocar as nossas vidas nas mãos de estranhos ao que pensamos...
Nossas vidas são como bossa-nova, simples e significativas, sem palavras complicadas, tudo depende da sua maneira de ver, se eu pinto um arco-íris não vou ver uma núvem escura não é?As minhas mãos só pintam o que penso , Sheakespeare não escreveria romances se nele existisse ódio e rancor..."... não haveria som, senão ouvesse poesia..."assim são as coisas da vida, tiudo o que passamos equivale ao que suportamos.
Então se estamos vivendo com um sapo...para quê sonhar com um príncipe?A solução seria transfornmar esse sapo em um príncipe encantado, agora se não conseguir ver um príncipe ali.... certamente é um sapo.Então vá a procura de seu príncipe e deixe o sapo para as sapas do brejo...Viver infeliz é coisa para quem não pode sonhar além da porteira, além do arco-íris.... como em" O mágico de Oz" sempre há soluções , e escolhas a fazer. O nosso coraçào diz quem somos, não se pode mentir para o coração mas a mentira para nós mesmos nos tornam mais ignorantes e orgulhosos .
Sempre gostei daquela boneca Barbie... acho ela um fenômeno, pois ela é nosso sonho de vida, de beleza , de status, a nossa relação com ela é muito próximo do ideal de vida, então é por isso que é tão vendida, pois ela vende sonhos... e não é tão mal assim, pois nos impulsionam a agir, a buscar coisas que nos acrescenta, nos motiva no trabalho, na aparência, é um sonho possível, mas por outro lado é senão um mercado de ilusões... o tempo passa para todos nós, as nossas escolhas diante da vida é que nos mostra aonde vamos chegar, não importa se você não é como a Barbie, mas importa de como você chegou aonde está, como são suas escolhas, de como vê o seu mundo, se ficou presa dentro ou avançou a porteira pra ver o que tinha além dali...
Querer ser como a Barbie não é bobagem, é só um incentivo, uma forma de se inspirar,é melhor do que invejar o vizinho...o trabalho não é para ser visto como uma punição, nem algo doloroso, é algo que deveria ser para nos enobrecer, para que nos tornemos mais amáveis, mais sociáveis, e mesmo melhores financeiramente, quando sabemos para quê trabalhamos ,os problemas que temos com o trabalho ou no trabalho se torna mais tranquilo, menos estressante...essa idéia da Barbie, ser uma mulher que trabalha, que vive feliz fazendo o que gosta e que naturalmente se gosta, mas essa Barbie envelhece, ela já tem mais de 50 anos,mas a idéia é a mesma, mostrar aonde podemos chegar... trabalhando.
Somos frutos de nossos pensamentos, somos exemplos , somos a mão que segura as mãos de uma criança quando esta precisa atravessar a rua, poderia ser de um cego... que importa se é você a responsável pela segurança de alguém...podem falar qualquer coisa ao nosso respeito, podemos ser considerados lunáticos, visionários , vagabundos... não importa porque o que determina quem é , será sempre o coração... quantos heróis da humanidade nos deram exemplos de amor agindo desconectadas com o mundo que viviam, na verdade estavam nos provando que o que realmente importava, o que realmente era real... quem nada entendiam eram os exatos algozes e julgadores.
Se pelas minhas mãos eu posso curar, porque me atrever a pegar uma arma?Podem me julgar pelos atos mais insanos mas o que eu fui , será sempre o passado o futuro é o agora, depende de quem sou agora...da forma exata de minhas palavras...que por acaso equivale as minhas ações, passei horrores nesta casa em que hoje me encontro, já chorei por coisas que muito me machucaram , passei por momentos tristes que não estou pronta a dizer pelo calor de minhas emoções, mas eu sei o que se passou comigo e o que ainda vivo, e hoje sinto um amor infinito no meu peito que me acalma e me protege...e em breve outras histórias poderei contar assim que eu virar as páginas escritas nesta prisão.Tenho a exata noção dos que aqui me rodeio, parece um romance de vampiros ,mas é uma realidade aproximada... nada mais mee surpreende...assim é a vida, uma Barbie acima do peso ... vivendo a vida como deve ser, com a imagem real no espelho, com auto-estima diferenciada pelo autoconhecimento, quem nada se entende, nada vive de real..

terça-feira, 20 de outubro de 2009

UM GÊNIO ESTRANHO - PÁGINA CINCO


Isaac voltara com saudades de Vanessa, que agora estava trabalhando numa peça nova, estava entusiasmada pois a essa altura alguns intelectuais já a conheciam como escritora e não mais poderia esconder-se em um pseudônimo, contara em uma carta ao Isaac que se encantara por ela e suas idéias de que a mulher precisava ser mais amada, ela sempre fora uma feminista, fizeram de tudo para que seu marido Antônio se interessasse por questões femininas, mas nada adiantara pois também fora perseguido pela igreja.Em toda a Inglaterra, França, Espanha e até mesmo Portugal não havia diferenças, todos eram figiados a menor brecha que davam eram motivo para que a forgueira da inquisição fosse acesa.
Issac era um homem áspero agora passara a ser mais amável, tinha uma visão ampla de tudo que se passava, era um grande observador e nada lhe escapava aos seus olhos. Vanessa aprendera com ele sobre a ciência e ela tudo o que sabia.Tinha ela a doçura de uma menina e a bravura de uma mulher.Isaac fora duramente perseguido por outros cientista em toda a sua extensão de vida, era ainda jovem, era mais novo que Vanessa poucos anos, a diferença nada valia, apenas se amavam e a lei de Newton, era amar, pois passara a acreditar que forças diferentes não se atraíam, e isso era impossível de se fazer entender, pois naquela época falar de pensamentos e energia eram difíceis de passar pelas idéias nada generosas da Igreja que nada era mais vantajoso que construir uma igreja , hoje muito difundida por algumas religiões, que usam a boa fé de seus fiéis para acúmulo de riquezas, Isaac era contra essa hegemonia, e frequentara a igreja somente para dizer que se encontrara ali, e Vanessa fazia o mesmo.
Passara muito tempo sem que Isaac visse Vanessa, em um de seus encontros nos teatros de Londres,assistiram a uma peça escrita por ela mas assinada por David Brown, ficaram emocionados e quando se direcionavam para a casa de Isaac , viram uma carruagem correr, quando este chegou em casa , a casa estava toda revirada, alguns papeis foram queimados, alguns importantes, mas que agora Isaac não se revoltou, apenas pensou na possibilidade de expôr suas idéias em assembléia, e assim fizeram um discurso:
Meu caros compatriotas venho aqui desde muito tempo para expôr algumas idéias já estudadas por nosso emérito Galileu, este que nos ensinara muito através de sua ciência que muito nos instigam, tenho estudado a muitos anos uma nova visão de como seria nosso mundo e na dimensão do existir.Deus criou o mundo para que habitássemos em harmonia com os outros astros no céu, tenho em minhas mãos estudos profundos sobre o movimento que fazem nossos corpos diante da imensidão do céu,nós vivemos com bases concisas de uma idéia errônea, pois somos um planeta mas não estamos sozinhos, somos parte integrande de um poder maior que nossos olhos possam enxergar, vejam como as núvens se formam? não vêem como as estrelas se movimentam, o sol e a lua, não podemos ser o centro de tudo mas parte dele. Deus nos criaram iguais, somos seres estranhos? Certamente que não! Nós acabamos de vivenciar a existência de outras terras que julgamos não existir, e elas nos confortam com moedas de ouros e outras riquezas, não trazemos os negros da África? A nossa galáxia é imensa aos nossos olhos, vejam como as estrelas se movimentam, as estações do ano, temos uma força que nos mantém no espaço, essa força nos unem como dois amantes, o Sol é nosso astro rei que irradia sua energia e luz para as outras esferas, somos apenas parte dessa força , e não estamos ao meio dela como pensávamos, vejam como as cores mudam nas estações, existem leis que regem o universo e essas leis se apoiam nessa natureza divina, a lei da força, a lei da relação, a lei de que tudo que criamos reage a essa ação, tudo precisa se mover, todos nós nos movimentamos, mesmo aqui parados porque a Terra se movimenta no espaço pela força que rege todos nós, essa força gravitacional, podemos respirar, podemos voar? Não, ainda, porque tudo que podemos fazer está ligado ao que pesamos, pensamos que somos pesados mas há algo mais pesado do que todos nós e que essa força os torna leve.
Estamos muito próximos de novas descobertas, muitas coisas que antes nos eram estranhas hoje podemos ver que já não nos são estranhas.A folha de papel, fora criado há muitos anos, hoja nós as aperfeiçoamos, existem livros, cadernetas, precisamos evoluir em nossos pensamentos.Deus nos criou para sermos livres, nós podemos criar leis para que possamos viver bem entre o que acreditamos existir, vejam somos números aos milhares, então vamos ver os números e eles nos levam a crer que julgávamos que nós fossemos o centro de tudo, mas as estrelas nos provam o contrário, pois elas se movimentam, a Terra gira em torno do sol, pois é ele responsável pelo derretimento da neve e em toda extensão de nossas vidas, precisamos estudar essa força que unem todas as esferas que nos cercam e o sol que nos erradia essa força, pois tudo tem a mesma razão de existir. Deus. A ciência é Deus.
Minhas idéias se tornaram fatos posso provar essas idéias apenas ultilizando alguns números , esses Sào complexos, existem distâncias entre eles, existe também a aproximidade dessas esferas em nossa direção como alguns astros que navegam assim como os nossos navios além mar.Há leis que regem essa natureza e que Deus através de minhas mãos puderam provar de que galileu estava correto e que há muito além do que nós vemos, os nossos navios são exemplos perfeitos dessa força que nos provaram que o mar não há monstros e sim era desconhecido, nossas poesias ilustram nossas mentes por isso venho até voz recitar um pequeno poema:
A lua e as estrelas são guiadas pela força que move a todos.
São as vozes que criam as nossas almas.
Há um esforço gigantesco para que nós possamos girar.
Queria a todos relatar que Deus nos criou apenas para amar.
Através desse pequeno discurso pedir aos vossos senhores que me dêem oportunidade de expôr minhas idéias e provas matemáticas de que estão equivocados aos nos colocarem no centro de tudo , apenas somos membros dessa força, dessa ciência, desse amor.
O discurso estava pronto e durante a apresentação todos do salão ficaram petrificados com a esplanação, não havia palavras difíceis e nem números como desejavam mas Isaac estava pronto para provar sua descoberta que agora já não era uma idéia, foram descoberta a força que rege todos nós e Isaac por ter feito essa descoberta correra um sério perigo de vida, ali os chamaram de Gênio estranho, porque fora o único cientista que falara poeticamente , um pequeno discurso do que iria se tratar na grande Assembléia,todos ficaram enfurecidos com a ousadia, outros continuavam o achar estranho mas estavam curiosos com sua descoberta, sabiam eles que estava sendo vítima da Igreja e de outros cientistas que nada podiam provar a não ser o egoísmo e o medo diante da força da Igreja, mas não era uma idéia , era real, quantos homens que morreram por pensarem diferentes, o próprio Galileu fora vítima dessa fase sombria em que todo planeta vivia.

Um gênio estranho - página quatro


Isaac estava exausto, trabalhara a noite toda numa idéia genial, sua amada Vanessa o fizera pensar numa questão que ainda não havia pensado, as energias que pairavam o ar era Deus em sua extensão, a ciência é Deus em sua existência jamais tinha parado para pensar nisso.Em tantos anos de estudo percebeu que a energia divina era tudo que no mundo existia.A sua beleza era sua essência, ficara encantado com a poesia que Vanessa escrevera em relação ao amor, sobre Deus e sobre as suas leis, então pensara, há leis divinas, há leis em tudo que existe, há lei no existir, logo, o universo seguia uma lei, um estado natural, uma regra para que no mundo não houvesse confusão, e iria provar isso fisicamente já que não podemos ver Deus a não ser em sua obra magnífica.Faria de suas idéias as manifestações do que poderia saber sobre o que pouco sabia sobre a ciência , sobre Deus. Sabia ele das dificuldades que seria provar para os senhores da ciência, para a Igreja que estavam errados sobre tudo aquilo que acreditavam, o mundo era uma janela, um espaço para ver além do que os olhos humanos pudessem enxergar. Era bastante romântico em suas declarações, aprendera com Vanessa a lei do amor, que os corpos se atraem, que o peso da massa influenciava nessa atração, como o feminino atrae o masculino.Era a lei do amor, da imensidão do infinito, então estudara ainda mais sobre essa energia, ficava noites inteiras sem dormir olhando em sua máquina infernal como diziam, o céu. Era mágico ver as estrelas, o luar, conversava com Vanessa nessas noites, conversavam sobre tudo, ela aplicava sua ciência em todas as suas escritas, passara a relatar todas as pesquisas de Isaac quando ele desanimava , ali estava ela para reanimá-lo. Queria ter filhos, cuidar do jardim e cuidar de Newton, mas com tantos estudos não tocavam no assunto.
Numa noite Isaac ficara acordado a noite toda, calculando as distâncias dos astros, do tempo em que pudesse ainda vê-las, notou que algumas estrelas mudavam de posição ficara anos analisando, Vanessa ainda estava empolgada mas desanimara as vezes pois a Igreja passara a persegui-los pelas suas engenhocas demoníacas como diziam, em muitas ocasiões Isaac enterrara alguns inventos para medição dos astros e alguns inscritos, pois a igreja recolhera alguns livros. A França estava entusiasmada com os estudos de Isaac, que ainda panfletava algumas idéias.Este país era naquele momento o berço de idéias, era uma verdadeira revolução de idéias, era uma vida estranha para os estudiosos, pois tudo passava pela aprovação da Igreja, como se tudo girasse em torno deles, e essa revolução afetara a maioria dos franceses que se refugiavam na Inglaterra para se livrarem e estudarem com mais afinco e tempos em tempos se apresentarem num encontro anual de cientistas que acontecia na França, alguns representantes do clero analisavam suas idéias e estes julgavam se eram adequados.Era uma sociedade hipócrita e devedora uns dos outros, Issac também era um grande devedor, fizera muitas coisas no passado ainda remoto e se sentia responsável por tantas coisas , sentia prazer em descobrir as coisas, por mínimas que estas fossem.
Estava interessado pelas coisas que não conseguia ver, que os olhos dele não viam, mas que ali existia além de seus sentidos mais grosseiros, fazia análises químicos de tudo que encontrava para provar para si mesmo que não estava louco como alguns cientístas começara a designá-lo. Sua casa era um grande laboratória, Vanessa sabia manipular muitas fórmulas, aprendera rápido com Isaac, os dois eram grandes amigos, isso fazia-o prosperar, Vanessa arrumava as coisas da casa , escrevia peças, iam bem como um casal convencional. Ela não fora casada com ele por questões puramente religiosas, mas o casamento não é algo sacramentado mas algo que tem a ver com as ligações de espíritos e isso tinham aprendido assim que se conheceram, suas almas estavam ligadas.
De tempos em tempos, alguns representantes do clero vasculhavam a casa de Isaac a procura de alguma coisa que o incriminasse, e muitas experiências químicas foram levadas e como nada podia fazer o consideravam além de louco um bruxo, então percebeu, deveria retomar seus estudos o quanto antes, dias se passaram e suas leis estavam fervilhando sua mente genial, desenvolvera algumas leis, muitos cálculos, muitas questões viera a tona , escrevera suas teorias num bloco de papel escondida numa sala oculta no meio de seu quintal,Vanessa agora estava escrevendo uma peça, um romance inspirado em suas aventuras com Isaac. Uma peça teatral em puro verso e um deles seria aquele que o inspirara para seus estudos, sentira orgulho daquela mulher, queria ter um filho com ela, queria viver sempre ao seu lado, mas a ciência o tomava pensamentos e ações, pensara em tudo e em todos esses anos ao lado dela percebera que tudo que fizera até então fora algo divino, as suas idéias tomara conta de seu ser.O que acontecera em sua vida fora sempre algo inovador e sublime.A lei da ação e reação estava ali, embutida em sua vida, aprendera naquele momento que sua pesquisa estava certa, tudo , mas tudo na vida é obra divina, pois se a Ciência é Deus, ele rege nossas vidas, toda ação gera uma reação, todo corpo é relativo ao seu peso não apenas uma coisa corporal mas algo divino, então em toda sua vida pode ter certeza da existência divina e aquelas leis fora a prova de que algo mair nos rege, nos induz.Toda massa nada mais é do que a energia de cada um, cada corpo tem sua essência divina , neste momento percebeu que encontrara Deus dentro de si, aquela revolta que tinha quando a guerra se alastrara em nome de Deus, morrera, nele nascia a esperança, então pediu que Vanessa panfletasse suas três leis, que seria elas básicas para qualquer um que quisesse conhecer melhor sobre si mesmo, as suas pesquisas avançara absurdamente, todos ficaram boquebertos com suas idéias enovadoras, a Terra não era o centro de tudo como entendera quando era o então Galileu, Deus era tudo, então não seria Deus se beneficiasse a Terra, pois Deus estaria sendo humano e não Deus.
Isaac amara sua vida , amara seus estudos e amara Vanessa, mas tiveram de ficar um tempo separados, ele se escondeu um tempo em seu laboratório subterrâneo, depois fora passar um tempo na França, vivera ao lado de um povo de grandes conhecimentos de magia, que é a quimica em sua essência, agora poderia manipular suas energias, aquilo era ciência, aquilo então seria Deus.Aprendera viver de bem com as energias que o cercavam.Aprendera que a ciência estava em suas pequenas coisas, a ciência era manifestada nas pessoas que nada estudaram , em pessoas que nem ao menos sabiam ler e escrever, notara que a ciência fora além do que ele imaginara, passara a estudar com afinco suas idéias ensinara ao povo que acompanhara algumas coisas que pesquisara e estes o ensinaram as mágicas das plantas, que a química o ensinara, descobrira o valor da medicina na vida daquelas pessoas humildes, voltara então para a Inglaterra, estes já estavam a sua procura, agora ele seria muito em breve julgado pelos panfletos que se alastrava por toda a Inglaterra mas chegara até a França e todos ficaram boqueabertos com suas declarações, deveria apresentá-las em assembléia, mas Vanessa precisava estar ao seu lado dando coragem e amor. A vontade de Deus estava acima da vontade de qualquer um, ele morreria defendendo suas idéias que na época era absurda.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SER FELIZ (Fernando Pessoa)

"Ser feliz..."
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise…

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história… É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma…É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida…

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos…É saber falar de si mesmo… É ter coragem para ouvir um "não"…É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta…

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

UM GÊNIO ESTRANHO - PÁGINA TRÊS


Os dias passam depressa , é como se o tempo quisesse correr, nada poderia dar errado os dois se encontraram numa taberna , as mulheres não freuqentavam lugares assim, só as mais ousadas. Os olhares se atrairam como dois ímãs, Isaac era um homem amável, as suas conversas eram sempre muito agradáveis, seu amigo fiel, se chamava Humbert era um músico muito bom com quem conversava durante horas a fio, trocavam idéias referentes a coisas da lua, adoravam conversar sobre os seres invisíveis, Humbert escrevera um soneto chamado Bailarinas , se tratava de uma história de seres da natureza, aos olhos infantis, um conto de fadas .Os dois ali estavam numa conversa amigável e idificante. Vanessa o entregou alguns escritos de algo que o interessara, algo que incrivelmente não lhe saia da cabeça, as estrelas, poruqe ficavam ali, paradas sem se chocarem, aquilo não poderia ser mágica, era uma ciência, era como Galileu dissera várias vezes, os corpos celestes se movimentam mas nós não notamos isso, pois possuem uma força que os sustentam. Deus não era cruel como os padres diziam.Deus era para ele bem mais além do que seus olhos pudessem ver, em seus sonhos viajava nas esferas mais altas, fora Galileu, sua reencarnação foi imediata para que este menino gênio desse continuidade as suas pesquisas e transformasse o mundo em algo mais além do que suas próprias espectativas, por isso nasceu prematuramente, algo incomum aos olhos de alguns espíritas mas a superioridade tem razões que desconhecemos.
Isaac estava radiante com o poema que Vanessa escrevera, ela via como ele um mundo mágico da química , suas esperiências eram com ervas, tirava a sua essência e ali aplicava todos os seus conhecimentos, tinha a mente expansiva e clara, tornara um homem de bem, sua família era grande mas este era uma pessoa quieta com seus pensamentos, era como uma máquina de pensar, em sua mente os corpos celestes dançavam no alto, era uma força que a ciência que ele estudara desconhecia e que aprendera com Galileu que o Sol era a estrela central e que todos aqueles planetas e estrelas se beneficiavam com sua grandeza, a Terra não era habitada por monstros embora achara que pessoas ruins fora monstros.Em seus estudos havia poesia e os escritos de Vanessa o fizera sonhar.
Vanessa o deixara ali na Taberna e fora embora com um sorriso translúcido, se apaixonara por ele, e ele por ela nos primeiros segundos em que seus olhos se voltaram para ela.Prometeram se encontrar longe das ruas escuras de Londres, lugares estranhos para uma mulher.Passaram a se encontrar com uma certa frequência então surgira um romance belo e sincero entre eles, nas poesias de Vanessa ela dizia sempre da energia que tinham,era com se um atraísse o outro, daí surgiu uma idéia muito confusa em sua mente brilhante, se assim sentia em relação a sua amada, porque não em relação aos astos do céu.
Fizeram então uma máquina que podia ver além dos olhos humanos, podiam ver além, era um espelho grande, com duas esferas paralelas, dentro de cada um colocavam vários vidros redondos dando a entender a aproximidade das coisas, conseguiram então fazer algo rústico, assim como um telescópio de nosso tempo presente, assim passavam dias a ver as estrelas até aprimorarem o projeto, mas era um segredo quase que absoluto, pois era para eles um passo além, a Igreja não aceitariam suas idéias assim tão fácil, Vanessa escrevera tudo em um pequeno caderno, tudo estava ali, registrado, em cada estudo que faziam registravam suas idéias curiosas, muitos estranhavam esse romance um tanto confuso, agora Vanessa passara a viver em Londres, num pequeno quarto, estaria ali perto do teatro, de todas as manifestações artisticas do qual admirava.Isaac tinha alguns momentos de solidão e angustia, sentira em seu ser a pressa de acontecer, parecia perceber que os tempos seriam abreviados, e ele deveria escrever suas idéias rapidamente.Vanessa o instruira a lecionar como fazia quando era mais jovem para poder pagar teus estudos e suas pesquisas, mas as grandes universidades da época os chamara de homem lunático e exêntrico, além de quê tinha lá suas manias.Era um homem na idéia da época um homem de idéias revolucionárias, passara a estudar a finco suas pesquisas e escrevia em uma publicação na grande cidade de Londres, poucos entendiam , começaram a questioná-lo de onde surgira tais idéias, e este sempre nomeava galileu como um doutor, mas suas maluquices não era apenas o que deixava a Igreja apreensiva , eram seus estudos químicos, suas experiências com substâncias, desde pequenas retalhos de folhas à ácidos, em seu pequeno laboratório , já fizera algumas explosões que assustavam a todos, faziam coletas diárias, observavam as plantas desde a sua germinação até o seu florescer.
Vanessa o acompanhava em seus estudos e anotara cada passo de suas descobertas.Era uma mulher cheia de vontades, Isaac ficava nervoso pois era uma mulher que falava muito, exteriorizava o que pensava então um dia dizera esta observação a ela, esta passou dias sem conversar e este sentindo falta de sua voz doce , voltara atrás. Era uma relação contagiante e enigmática, sempre que podiam se encontrava com Humbert e fazia saraus famosos, suas opiniões deixavam todos boqueabertos, até que resolveram fazer panfletagens sobre algumas idéias, muitos liam mas as originais ficavam aos cuidados de Vanessa já que as mulheres nada podiam desconfiar, já que ela era apenas uma senhora viúva, mas as suas aparições ao lado de Isaac deixara a sociedade inglesa preocupados.
Suas vidas tornaram mais intensas, um dia pensativo , caminhava por um longo parque no centro de Londres próximo ao centro de Estudos, perto da Igreja, de um convento e de algumas alfaiatarias, o silêncio se fazia presente em sua mente, este tinha um treino em dominar sua mente.Sentou-se debaixo de uma árvore e ali pensava sobre muitas coisas, em Vanessa e seus poemas quando entào caiu uma maça, esta madura e fresca, estranhou o acontecido por ser apenas o começo da estação, ao seu lado dois espíritos conhecidos... riam e o intuía a pensar sobre aquela estação, pensava nas poesias de Vanessa sobre sua força estranha que os traíam e neste momento pôs-se a pensar, o que faria aquela maça caisse da árvore, parecia um fruto leve, lembrou-se de suas pesquisas com pequenas plantas, lembrou-se de Vanessa e seus experimentos, aquela idéia o deixou pensativo, será que a mesma força que liga os corpos celestes é capaz de fazer aquela fruta cair? Pensou nisso por dias, queria entender o que se passara em sua mente, parecia fervilhar, muitas coisas se passara em sua mente, Será que Deus é responsável por tudo aquilo, então Deus não negaria a Ciência!!! Então essa idéia extraordinária de que Deus fora a criadora da ciência, e que tudo fora gerado por Deus, então essa força que atraia todos os corpos , sentimentos seria a ciência também, tudo teria uma explicação científica, não negariam essa idéia porque Deus era tudo, era a própria ciência pois se tudo tem a origem em Deus, então a ciência deveria ser de origem divina.Aquela idéia era muito singular e persistente em sua cabeça genial, então com a ajuda de Vanessa fez um texto romântico do que havia descoberto, guardou-o em um livro secreto e ali deixara aos cuidados de Vanessa.
Suas pesquisas em relaçào a energia que unia os seres eram intensas, eram cálculos e mais cálculos, fazia suas indagações inspiradoras, tinha como exemplo Galileu, um homem que fora seu herói pois tinha uma idéia e este a defendeu até seus últimos dias de sua vida, assim pensara também fazer defender aquilo que ele acreditara , esse sentimento o dominara dando força a suas idéias não convencionais.A cada dia que passave se dava conta de que aquelas idéias não eram sonhos, sentia que suas pesquisas se aplicavam a sua vida, os números passavam em sua cabeça como bombardeio de informações, sonhara novamente em levitar junto as estrelas, pensava em Deus como enregia criadora de todo aquele universo, agora Isaac acreditava em Deus mais de um jeito mais sutil, intensamente mais profundo.O romance entre Issac e Vanessa era intenso e sobrenatural mas estava perdendo a noção, seus estudos o fazia sentir pressa em provar aquilo tudo, sua cabeça era uma máquina de pensar, ãs vezes sentia necessidade de repousos mais longos, mas seus sonhos eram contagiados com suas idéias, não pensara em outra coisa a não ser a força motora de toda a existência , pois se essa força move os corpos celestes também moveria as ações humanas, era a ciência em Deus, mas a Igreja negara toda sua idéia como se fosse algo profano e blasfêmia, queriam que Isaac desse a continuidade de que Deus era o todo poderoso, essa idéia ele aprovava em seu ser, mas que Deus era cruel a ponto de renegar quem questiona sobre as suas criações, isso ele questionava com fervor, como Deus seria capaz de liderar uma guerra sanguinária, ele tinha muitos amigos na França sendo este país verdadeiro prisioneiro das idéias da Igreja, a França era sempre uma guerra interna entre uns e outros, a igreja na França fazia verdadeiros circos de fogo, assim como a França a Inglaterra tornara um país regido pelas forças negativas de trevosos, a França passara por uma guerra sangrenta, a população sofria horrores, era uma guerra interna entre eles e outros, pois em qualquer país da Europa a guerra era algo que dominava os pensamentos até dos que diziam mais santos.A Inglaterra era um país ainda em formação, todos estavam esperançosos com a paz e com a terra que acabara de surgir, eram terras a serem descobertas e a Igreja adorava essa dominação, em qualquer canto desse planeta tinha uma guerra existente, pois a esperança era sempre habitada nos corações de quem perdera muitos parentes e amigos.
Em todos os tempos a Igreja dominava , tinha idéias contrárias ao amor verdadeiro, a paz se tornara utopia, eram cidades inteiras massacradas, Vilas, Aldeias, os corações estavam cansados daquela vida de lutas e perdas.Isaac vivera num período onde o medo era constante mas em seu coração genial suas idéias vinham do Alto, tinha sido inspirações divinas e Vanessa também acreditava nisso.Estaria ele correndo perigo com suas idéias revolucionárias? Em sua mente genial sabia que sim mas como Galileu morreria defendendo-as.

UM GÊNIO ESTRANHO - PÁGINA DOIS


Vanessa estava indo bem em sua vida pacata e tinha planos de conhecer Isaac, ela tinha uma estranha ligação com ele, queria sua pinião sobre seus escritos, o fim de uma guerra fizera da Europa mais mansa embora a inquisição parecia não ter fim, as nossas personagens estavam ligadas entre si. Antônio adoecera e isso causou muita tristeza em Vanessa, esta então escreveu uma carta ao Isaac , algo lhe intuía a isso e assim foi feito.
Vanessa era uma cientista inata, pois sua curiosidade a fizera perceber muitas coisas no céu, Galileu era seu pai,era para ela um guia, havia lido suas obras, o considerava alguém genial e com ele aprendeu a desvendar os mistérios das estrelas, este fora morto e ela fora sempre a sua primeira fã.Seguiu sua vida ao lado do seu marido prestes a morrer de uma doença enigmática, ali esteve até seus últimos dias, foi quando recebeu uma correspondência do então Isaac, ele a escrevera brilhantemente bem e prometera sempre ler seus escritos e ali dizer suas sinceras opiniões, mas esta escrevera em nome de David Brown, e não Vanessa Stuart.Assim foram meses de correspondência, então Vanessa decidira ir até Londres, mas ficara com receio de encontrá-lo , então escrevera a Isaac e desse a verdade sem muito rodeio, este se encantara com ela.Agora viúva Vanessa passara a vender seus escritos sempre em nome de David, ninguém suspeitava mesmo que fosse algo comum na Inglaterra.
A vida agora estava tranquila, seu coração pertencera sempre ao seu marido e agora viúva se sentira só, Isaac tornara um grande amigo e este lhe agradava com escritos um tanto estranhos sobre o mundo que esta nunca pensara existir.E essas correspondência duraram muitos anos até que um dia pudessem se encontrar.
Todas as tardes ficava ali olhando as estrelas e o céu azul anil, lia e relia os escritos de Vanessa que agora tornou-se uma noveleira por causa de seus escritos para o teatro de folhetos, a vida de ambos eram corriqueirass, muitas mulheres se admiravam por Isaac mas seu coração se encantara com Vanessa, era uma mulher diferentes das outras que ele conhecia, se encantara com suas poesias, com suas idéias maravilhosas sobre o espaço.
Isaac estava estudando uma nova teoria , era como se fosse uma continualidade, mas esperançoso em dar ao mundo uma nova idéia de existência, facava distante quando se encontrava junto a natureza, seus olhos ficavam inundados de uma energia incomum, tinha em Galileu uma admiração um tanto enigmática para ele, por possuirem as idéias comuns, este tinha seu retrato no quadro pintado por sua prima, que muito lhe apreciara, por ele tinha uma paixão adormecida, ela pintava em segredo , pois mulheres atuantes assim era difícil se casarem, muitas mulheres se escondiam em suas casas com suas idéias consideradas malucas, mas na verdade estavam se protegendo da ignorância da Igreja as tornando bruxas.
Vanessa também se encantara por plantas, era uma verdadeira botânica, ela apreciara com muita clareza a vida das plantas, colhia os frutos pensando em como seria sua curta vida, para ela assim como ela tinha vida, fora criada num convento , pois seus pais muito eram temerosos, entào a colocara numa escola para que fosse educada com muita rigidez para que ninguém fosse suspeitar de uma moça assim embora fosse bastante rebelde, saira da escola para se casar com Antônio, e assim fizera até sua morte.
Desde de muito jovem Isaac demostrava estranho comportamento, era muito curioso e vivia encima das árvores, se deliciava com as pedras, plantas, misturava algumas substâncias procurando qualquer reação, sempre fora um aluno brilhante e sensato, sempre questionara sobre tudo , chegou a um ponto do professor expulsá-lo de sala de aula por questionar a existência de Deus e das estrelas, aprendera desde cedo a pensar antes de falar qualquer coisa, e sabia ouvir, quando se aborrecia com algo, ficava num canto pensando no que ocorrera, fora criado por seus tios desde muito cedo, seus pais morreram quando ainda era jovem, era complicado falar sobre isso pois sentira uma dor incomum a esse respeito, nascera prematuro e sua mãe morrera em seguida, seu pai ficara muito transtornado, vivera sem muito luxo mas teve uma infância feliz ao lado de sua prima Elizabete, mulher de temperamento forte, era uma artista contida, os dois tivera um romance infantil mas nada que comprometesse a vida dos dois, mantiveram sua amizade e amor.
Vanessa fora sempre uma mulher tempestiva, questionadora e impulsiva, seu marido a admirava pois a ele ajudou em muitas questões políticas, em até alguns discursos, manteram suas vidas em harmonia, não tivera filhos apenas abandonara a idéia.
A França vivera tempos sombrios, em muitas ocasiões ia a França estudar com outros tantos amigos de pesquisas, havia uma biblioteca em que poderia entrar em qualquer momento, pertencia a um padre francês, este mantinha uma correspondência com ele, por possuir vasto conhecimento da vida das estrelas,o padre chamara João, e estava velho e aqueles encontros com Isaac lhe agradavam muito.
Inglaterra e frança tinha laços estreitos embora com guerras constantes chegaram ao ponto de perceberem que um dependia do outro, a França era um país de muitos conhecimentos, era o berço de muitos estudos científicos que encantava Isaac.
Isaac era conhecido por seus escritos parecidos com o de Galileu, era tào parecidos que muitos o acusaram de plágio, Isaac não se importava muito com isso, era um grande aprendiz e muito estudioso, muitos os achava estranho, quieto e observador, olhavam para ele e se sentiam nús quando seus olhos miúdos os observavam.Era um homem rubusto e muito atencioso mas não era de muita conversa, gostava de conversas que podiam lhe ensinar algo, sempre rodeado de mulheres nunca se envolveu com ninguém pois nunca saíra de seu foco, que era unicamente a ciência, até conhecer Vanessa, uma mulher intrigante que sempre incentivava aos estudos e se interessava por seus escritos.Um dia resolveram enfim se encontrarem, os dois anciosos com o encontro, ele por conhecer uma mulher inteligente e ela por encontrar um homem igualmente inteligente, mas seus coração igualmente transmitiam uma luz e uma energia que lhe eram idênticas, tinham um sentimento em comum, eram almas afins e isso era notório.Ela era sua grande incentivadora, entendia perfeitamente as suas conversas com os seres que frequentemente o encontrava, este era um segredo de ambos, ninguém mais além deles.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

UM GÊNIO ESTRANHO- PRIMEIRA PÁGINA


Ela chegou e colocou o peso nos papeis encima da mesa, destacou algumas frases e então pos-se a ler novamente seus inscritos, a mulher naquela época era um pouco desacreditada, suas saias diziam como seria sua vida, pois tudo aquilo ali estava longe de ser a felicidade.Quanto mais se vestia maior era a posição social, as mulheres daquela época era sempre um sinal de redenção, ela então, pensou num codinome, não podia assinar seu verdadeiro nome, achamva aquilo um tanto estranho mas ela, Vanessa, apenas assinou David Brown, apenas um nome... seria um nome masculino com dizeres femininos, mas para ser escritora na Inglaterra era preciso fazer isso, sem nenhum constrangimento, muitas mulheres faziam isso, colocava os nomes de seus maridos para dizer o que pensavam. Muitas vezes Vanessa pensara em fazer algo assim, mas seu marido não aceitaria, ele era um político, e mulheres assim, só a realeza, e Vanessa não era rainha, era apenas uma mulher que lia e escrevia, longe dos olhos de seu marido Antônio, nome português em terras estrangeiras, então, assim agora seria David Brown, um escritor inglês, com alma feminina num mundo machista.Muitas mulheres iam ao teatro ver as obras mais famosas do mundo ao lado de seus maridos e muitas daquelas obras eram escritas por mulheres, algumas peças eram deixadas nas portas dos teatros e alguns autores as interpretavam, uma dessas mulheres era Vanessa, tinha olhos para a arte como seu marido, que muito encantara com seus escritos mas não divulgara por achar incoveniente, era um homem bom e bem mais velho que ela, tinha cabelos já grisalhos e tinha os lábios marcados por brigas no parlamento, a guerra já se findara e a Inglaterra passava por uma recessão, famílias tinham dificuldades de se alimentarem, muitas mulheres tomavam posturas masculinas,acabara uma guerra e a Inglaterra aprendera com os franceses, um pouco mais de civilidade já que possuiam mentes brilhantes, as idéias de libertade encantava Antônio, já com seus 60 anos completos e Vanessa apenas 35 anos, ela o amava com muita dignidade , nada a fizera voltar para casa de seus pais mesmo eles estando doentes, pois eles a maltratavam muito devido a sua personalidade marcante e sua inteligência incomum, suas peças eram românticas e femininas, os homens da arte achavam seus escritos sinceros e puros e isso encantava a rainha e seus parlamentares.A Inglaterra era um país muito civilizado , as mulheres se encantavam com os teatros e as músicas, muitos franceses fugidos da revolução se instalaram ali. As terras da América lhe causava alvoroso, pois muitos tinham vontade de conhecer uma terra nova e cheia de sonhos, muitos iam para a América com sonhos e paixões, ali seria uma terra abençoada e ali estaria o destino de Vanessa? Talvez.
Antônio seguira o caminho certo da política, tinha boas idéias mas sua idade não deixava-o ser ainda mais ousado, a eletricidade fizera de sua vida algo de novo e bom, poucos entendiam sobre isso, ele era um cientísta inato, era curioso mas sua família o impedira de pesquisar muitas coisas, se incantava com as idéias de seus contemporâneos, tudo era uma grande novidade Isaac Newton era um fenônemo, e todos queriam estar ao seu lado, era um homem rude, pois muitos o procuravam e muitos também os achavam um lunático como sempre fora os que eram inteligentes e amantes de suas idéias incomuns.
Sempre existiu pessoas notáveis para que a humanidade se beneficiasse de suas idéias vindas do alto, nesta época existia muitas descbertas, as doenças causadas pela falta de higiene se alastravam na Europa, as guerras constantes faziam com que as bactérias se alastrassem, havia muitas infecções, que hoje em nosssos dias são comuns, a vida ali nos arredores de Londres era tranquila, havia esperanças no porvir, todos os ingleses estavam esperançosos, a guerra matara muitos mas outros tantos queriam somente viver.
Isaac era um rapaz muito interessante, tinha os olhos muidos, pouco enxergava, sua visào fora muito prejudicada por estilhaços, mas não o impedira de enxergar além do que via, sentia em sua alma a pureza e a inocência, era rude , não como um ser grosseiro, mas alguém que falava pouco e muito pensava, era tão genuíno em suas colocações que qualquer um se encantava ou se amedrontava, desde de menino sentira que fora diferente dos outros meninos, estudara muito , era de uma família pobre, mas o trabalho nunca faltara, seus trabalhos eram bem desempenhado , pois era muito perfeccionista.Tudo ocorrera bem em sua infância, sentia a pureza da vida em seus detalhes, gostava de sentir o vento, a água deslizando em seu corpo e ainda mais, era extremamente sensível as coisas do alto, em muitos momentos seus tios o achavam maluco pois era notável a sua percepção, conversava debaixo das árvores com seres que conhecia bem, eram amigos do alto que vinham lhe visitar, era um menino, um rapaz e enfim um homem enigmático, e Vanessa muito interessava pelos seus escritos, pois dentro dela havia algo que o fazia sentir atraída por ele, era algo que não poderia explicar, era algo muito estranho aos seus sonhos de menina , pois era uma menina com jeito de menino, esquecera as bonecas e subia nas árvores, colhia frutas, era uma menina incrível mas a consideravam um tanto rebelde. Nossos personagens estavam em lugares distantes mas algo os atraiam.

O MARTELO DAS FEITICEIRAS- MALLEUS MALLEFICARUM

ROSE MARIE MURARO

Para compreendermos a importância do Malleus é preciso termos uma visão ao menos mínima da história da mulher no interior da história humana em geral.
Segundo a maioria dos antropólogos, o ser humano habita este planeta há mais de dois milhões de anos. Mais de três quartos deste tempo a nossa espécie passou nas culturas de coleta e caça aos pequenos animais. Nessas sociedades não havia necessidade de força física para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central.
Em nosso tempo ainda existem remanescentes dessas culturas, tais como os grupos mahoris (Indonésia), pigmeus e bosquímanos (África Central). Estes são os grupos mais primitivos que existem e ainda sobrevivem da coleta dos frutos da terra e da pequena caça ou pesca. Nesses grupos, a mulher ainda é considerada um ser sagrado, porque pode dar a vida e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Nesses grupos, o princípio masculino e o feminino governam o mundo juntos. Havia divisão de trabalho entre os sexos, mas não havia desigualdade. A vida corria mansa e paradisíaca.
Nas sociedades de caça aos grandes animais, que sucedem a essas mais primitivas, em que a força física é essencial, é que se inicia a supremacia masculina. Mas nem nas sociedades de coleta nem nas de caça se conhecia função masculina na procriação. Também nas sociedades de caça a mulher era considerada um ser sagrado, que possuía o privilégio dado pelos deuses de reproduzir a espécie. Os homens se sentiam marginalizados nesse processo e invejavam as mulheres. Essa primitiva “inveja do útero” dos homens é a antepassada da moderna “inveja do pênis” que sentem as mulheres nas culturas patriarcais mais recentes.
A inveja do útero dava origem a dois ritos universalmente encontrados nas sociedades de caça pelos antropólogos e observados em partes opostas do mundo, como Brasil e Oceania. O primeiro é o fenômeno da couvade, em que a mulher começa a trabalhar dois dias depois de parir e o homem fica de resguardo com o recém-nascido, recebendo visitas e presentes… O segundo é a iniciação dos homens. Na adolescência, a mulher tem sinais exteriores que marcam o limiar da sua entrada no mundo adulto. A menstruação a torna apta à maternidade e representa um novo patamar em sua vida. Mas os adolescentes homens não possuem esse sinal tão óbvio. Por isso, na puberdade eles são arrancados pelos homens às suas mães, para serem iniciados na “casa dos homens”. Em quase todas essas iniciações, o ritual é semelhante: é a imitação cerimonial do parto com objetos de madeira e instrumentos musicais. E nenhuma mulher ou criança pode se aproximar da casa dos homens, sob pena de morte. Desse dia em diante o homem pode “parir” ritualmente e, portanto, tomar seu lugar na cadeia das gerações…
Ao contrário da mulher, que possuía o “poder biológico”, o homem foi desenvolvendo o “poder cultural” à medida que a tecnologia foi avançando. Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres mantinham uma espécie de poder, mas diferente das culturas patriarcais. Essas culturas primitivas tinham de ser cooperativas, para poder sobreviver em condições hostis, e portanto não havia coerção ou centralização, mas rodízio de lideranças, e as relações entre homens e mulheres eram mais fluidas do que viriam a ser nas futuras sociedades patriarcais.
Nos grupos matricêntricos, as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão do poder nem a da herança, por isso a liberdade em termos sexuais era maior. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios.
É só nas regiões em que a coleta é escassa, ou onde vão se esgotando os recursos naturais vegetais e os pequenos animais, que se inicia a caça sistemática aos grandes animais. E aí começam a se instalar a supremacia masculina e a competitividade entre os grupos na busca de novos territórios. Agora, para sobreviver, as sociedades têm de competir entre si por um alimento escasso. As guerras se tornam constantes e passam a ser mitificadas. Os homens mais valorizados são os heróis guerreiros. Começa a se romper a harmonia que ligava a espécie humana à natureza. Mas ainda não se instala definitivamente a lei do mais forte. O homem ainda não conhece com precisão a sua função reprodutora e crê que a mulher fica grávida dos deuses. Por isso ela ainda conserva poder de decisão. Nas culturas que vivem da caça, já existe estratificação social e sexual, mas não é completa como nas sociedades que se lhes seguem.
É no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem começa a dominar a sua função biológica reprodutora, e, podendo controlá-la, pode também controlar a sexualidade feminina. Aparece então o casamento como o conhecemos hoje, em que a mulher é propriedade do homem e a herança se transmite através da descendência masculina. Já acontece assim, por exemplo, nas sociedades pastoris descritas na Bíblia. Nessa época, o homem já tinha aprendido a fundir metais. Essa descoberta acontece por volta de 10000 ou 8000 a.C. E, à medida que essa tecnologia se aperfeiçoa, começam a ser fabricadas não só armas mais sofisticadas como também instrumentos que permitem cultivar melhor a terra (o arado, por ex.).
Hoje há consenso entre os antropólogos de que os primeiros humanos a descobrir os ciclos da natureza foram as mulheres, porque podiam compará-los com o ciclo do próprio corpo. Mulheres também devem ter sido as primeiras plantadoras e as primeiras ceramistas, mas foram os homens que, a partir da invenção do arado, sistematizaram as atividades agrícolas, iniciando uma nova era, a era agrária, e com ela a história em que vivemos hoje.
Para poder arar a terra, os grupamentos humanos deixam de ser nômades. São obrigados a se tornar sedentários. Dividem a terra e formam as primeiras plantações. Começam a se estabelecer as primeiras aldeias, depois as cidades, as cidades-estado, os primeiros Estados e os impérios, no sentido antigo do termo. As sociedades, então, se tornam patriarcais, isto é, os portadores dos valores e da sua transmissão são os homens. Já não são mais os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim, a lei do mais forte. A comida era primeiro para o dono da terra, sua família, seus escravos e seus soldados. Até ser escravo era privilégio. Só os párias nômades, os sem-terra, é que pereciam no primeiro inverno ou na primeira escassez.
Nesse contexto, quanto mais filhos, mais soldados e mais mão-de-obra barata para arar a terra. As mulheres tinham a sua sexualidade rigidamente controlada pelos homens. O casamento era monogâmico e a mulher era obrigada a sair virgem das mãos do pai para as mãos do marido. Qualquer ruptura desta norma podia significar a morte. Assim também o adultério: um filho de outro homem viria ameaçar a transmissão da herança que se fazia através da descendência da mulher. A mulher fica, então, reduzida ao âmbito doméstico. Perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, que fica inteiramente reservado ao homem. A dicotomia entre o privado e o público torna-se, então, a origem da dependência econômica da mulher, e esta dependência, por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma submissão psicológica que dura até hoje.
É nesse contexto que transcorre todo o período histórico até os dias de hoje. De matricêntrica, a cultura humana passa a patriarcal.
E o Verbo Veio Depois
“No princípio era a Mãe, o Verbo veio depois.” É assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie através da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana.
Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem auxílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.
Essas quatro etapas que se sucedem também cronologicamente são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica da humanidade para sua fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase já citada de Marilyn French.
Alguns exemplos nos farão entender as diversas etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira etapa em que a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele a criadora primária é Geia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses: Urano, os Titãs e as protodeusas, entre as quais Réia, que virá a ser a mãe do futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar origem ao candomblé. Neste mito africano, é Nana Buruquê que dá à luz todos os orixás, sem auxílio de ninguém.
Exemplos do segundo caso são o deus andrógino que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o princípio feminino e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa.
Exemplos do terceiro caso são as mitologias nas quais reinam em primeiro lugar deusas mulheres, que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está a sumeriana, em que primitivamente a deusa Siduri reinava num jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopéia de Gilgamesh, ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titãs e os Quatrocentos Habitantes do Sul (as estrelas). Mais tarde, seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli.
A partir do segundo milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos em que a divindade primária seja mulher. Em muitos deles, estas são substituídas por um deus macho que cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente e acima de todos, o nosso mito cristão, que é o que será enfocado aqui.
Javé é deus único todo-poderoso, onipresente, e controla todos os seres humanos em todos os momentos da sua vida. Cria sozinho o mundo em sete dias e, no final, cria o homem. E só depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim das Delícias onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso.
Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento cuja transgressão é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva, amorosa e não-coercitiva. E como todos os mitos fundantes das grandes culturas tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a transformação do matricentrismo em patriarcado.
O Jardim das Delícias é a lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e podia se viver mais prazerosamente. Quando o homem começa a dominar a natureza, ele começa a se separar dessa mesma natureza em que até então vivia imerso.
Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original, a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios, popular -mente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos).
É por isso que a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento gera o trabalho e por isso o corpo tem de ser amaldiçoado, porque o trabalho é bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer) doravante é mau e, portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado apenas às funções procriativas, e mesmo assim é uma culpa.
Daí a divisão entre sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das classes…
Tomam aí sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o conhecimento, o homem tem que sofrer. O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação. O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência, e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho.
Mas o interessante é que os primeiros capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas, especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que todos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. É à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina.
E para que possa se tornar homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a ameaça de morte pelo pai. Como Adão, o menino quer matar o pai e este o pune, deixando-o só.
Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva, é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim o conhecimento do bem e do mal, que.vem da experiência concreta do prazer e da sexualidade, o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o conhecimento feminino por excelência.
Freud dizia que a natureza tinha sido madrasta para a mulher porque ela não era capaz de simbolizar tão perfeitamente como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que daí por diante caracterizará a cultura patriarcal, é preciso analisar a maneira como as ciências psicológicas mais atuais apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente da masculina.
A mesma idade em que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá à maturidade. Porque já vem castrada, isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado), quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o pai por causa da mãe. Porque já vem castrada, não tem nada a perder. E a sua identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga inteiramente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstraio.
De agora em diante, poder, competitividade, conhecimento, controle, manipulação, abstração e violência vêm juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de interferir nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença de sua própria inferioridade em relação ao homem.
E não espanta que na própria Bíblia encontremos o primeiro indício desta desigualdade entre homens e mulheres. Quando Deus cria o homem, Ele o cria só e apenas depois tira a companheira da costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primeira mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido por todos aqueles que lidam com a psique humana e serve para revelar escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas, em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não está mais ligado ao sagrado e é, antes, uma vulnerabilidade do que uma força. A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e domina a natureza.
Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa. Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo homem.
Da época em que foi escrito o Gênesis até os nossos dias, isto é, de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E, aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que têm de ser rigorosamente normalizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no demônio, no tentador, na fonte de todo pecado. E ao demônio é alceado o pecado por excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos está se tentando deslocar o pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as classes dominantes tiveram seu status sacralizado porque a mulher e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da degradação humana.
O Malleus como Continuação do Gênesis
Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o status da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante liberdade sexual, jamais chegaram a ter poder de decisão no Império. Quando o Cristianismo se torna a religião oficial dos romanos no século IV, tem início a Idade Média. Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos interessa.
Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de conflito de valores, é muito confusa a situação da mulher. Contudo, ela tende a ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram jogadas para o domínio público quando havia escassez de homens e voltavam para o domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura.
Na alta Idade Média, a condição das mulheres floresce. Elas têm acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as cruzadas, período em que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença.
E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados do século XVIII que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de “caça às bruxas”.É no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem começa a dominar a sua função biológica reprodutora, e, podendo controlá-la, pode também controlar a sexualidade feminina. Aparece então o casamento como o conhecemos hoje, em que a mulher é propriedade do homem e a herança se transmite através da descendência masculina. Já acontece assim, por exemplo, nas sociedades pastoris descritas na Bíblia. Nessa época, o homem já tinha aprendido a fundir metais. Essa descoberta acontece por volta de 10000 ou 8000 a.C. E, à medida que essa tecnologia se aperfeiçoa, começam a ser fabricadas não só armas mais sofisticadas como também instrumentos que permitem cultivar melhor a terra (o arado, por ex.).
Hoje há consenso entre os antropólogos de que os primeiros humanos a descobrir os ciclos da natureza foram as mulheres, porque podiam compará-los com o ciclo do próprio corpo. Mulheres também devem ter sido as primeiras plantadoras e as primeiras ceramistas, mas foram os homens que, a partir da invenção do arado, sistematizaram as atividades agrícolas, iniciando uma nova era, a era agrária, e com ela a história em que vivemos hoje.
Para poder arar a terra, os grupamentos humanos deixam de ser nômades. São obrigados a se tornar sedentários. Dividem a terra e formam as primeiras plantações. Começam a se estabelecer as primeiras aldeias, depois as cidades, as cidades-estado, os primeiros Estados e os impérios, no sentido antigo do termo. As sociedades, então, se tornam patriarcais, isto é, os portadores dos valores e da sua transmissão são os homens. Já não são mais os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim, a lei do mais forte. A comida era primeiro para o dono da terra, sua família, seus escravos e seus soldados. Até ser escravo era privilégio. Só os párias nômades, os sem-terra, é que pereciam no primeiro inverno ou na primeira escassez.
Nesse contexto, quanto mais filhos, mais soldados e mais mão-de-obra barata para arar a terra. As mulheres tinham a sua sexualidade rigidamente controlada pelos homens. O casamento era monogâmico e a mulher era obrigada a sair virgem das mãos do pai para as mãos do marido. Qualquer ruptura desta norma podia significar a morte. Assim também o adultério: um filho de outro homem viria ameaçar a transmissão da herança que se fazia através da descendência da mulher. A mulher fica, então, reduzida ao âmbito doméstico. Perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, que fica inteiramente reservado ao homem. A dicotomia entre o privado e o público torna-se, então, a origem da dependência econômica da mulher, e esta dependência, por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma submissão psicológica que dura até hoje.
É nesse contexto que transcorre todo o período histórico até os dias de hoje. De matricêntrica, a cultura humana passa a patriarcal.
E o Verbo Veio Depois
“No princípio era a Mãe, o Verbo veio depois.” É assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie através da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana.
Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem auxílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.
Essas quatro etapas que se sucedem também cronologicamente são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica da humanidade para sua fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase já citada de Marilyn French.
Alguns exemplos nos farão entender as diversas etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira etapa em que a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele a criadora primária é Geia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses: Urano, os Titãs e as protodeusas, entre as quais Réia, que virá a ser a mãe do futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar origem ao candomblé. Neste mito africano, é Nana Buruquê que dá à luz todos os orixás, sem auxílio de ninguém.
Exemplos do segundo caso são o deus andrógino que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o princípio feminino e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa.
Exemplos do terceiro caso são as mitologias nas quais reinam em primeiro lugar deusas mulheres, que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está a sumeriana, em que primitivamente a deusa Siduri reinava num jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopéia de Gilgamesh, ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titãs e os Quatrocentos Habitantes do Sul (as estrelas). Mais tarde, seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli.
A partir do segundo milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos em que a divindade primária seja mulher. Em muitos deles, estas são substituídas por um deus macho que cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente e acima de todos, o nosso mito cristão, que é o que será enfocado aqui.
Javé é deus único todo-poderoso, onipresente, e controla todos os seres humanos em todos os momentos da sua vida. Cria sozinho o mundo em sete dias e, no final, cria o homem. E só depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim das Delícias onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso.
Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento cuja transgressão é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva, amorosa e não-coercitiva. E como todos os mitos fundantes das grandes culturas tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a transformação do matricentrismo em patriarcado.
O Jardim das Delícias é a lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e podia se viver mais prazerosamente. Quando o homem começa a dominar a natureza, ele começa a se separar dessa mesma natureza em que até então vivia imerso.
Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original, a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios, popular -mente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos).
É por isso que a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento gera o trabalho e por isso o corpo tem de ser amaldiçoado, porque o trabalho é bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer) doravante é mau e, portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado apenas às funções procriativas, e mesmo assim é uma culpa.
Daí a divisão entre sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das classes…
Tomam aí sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o conhecimento, o homem tem que sofrer. O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação. O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência, e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho.
Mas o interessante é que os primeiros capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas, especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que todos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. É à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina.
E para que possa se tornar homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a ameaça de morte pelo pai. Como Adão, o menino quer matar o pai e este o pune, deixando-o só.
Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva, é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim o conhecimento do bem e do mal, que.vem da experiência concreta do prazer e da sexualidade, o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o conhecimento feminino por excelência.
Freud dizia que a natureza tinha sido madrasta para a mulher porque ela não era capaz de simbolizar tão perfeitamente como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que daí por diante caracterizará a cultura patriarcal, é preciso analisar a maneira como as ciências psicológicas mais atuais apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente da masculina.
A mesma idade em que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá à maturidade. Porque já vem castrada, isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado), quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o pai por causa da mãe. Porque já vem castrada, não tem nada a perder. E a sua identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga inteiramente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstraio.
De agora em diante, poder, competitividade, conhecimento, controle, manipulação, abstração e violência vêm juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de interferir nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença de sua própria inferioridade em relação ao homem.
E não espanta que na própria Bíblia encontremos o primeiro indício desta desigualdade entre homens e mulheres. Quando Deus cria o homem, Ele o cria só e apenas depois tira a companheira da costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primeira mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido por todos aqueles que lidam com a psique humana e serve para revelar escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas, em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não está mais ligado ao sagrado e é, antes, uma vulnerabilidade do que uma força. A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e domina a natureza.
Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa. Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo homem.
Da época em que foi escrito o Gênesis até os nossos dias, isto é, de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E, aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que têm de ser rigorosamente normalizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no demônio, no tentador, na fonte de todo pecado. E ao demônio é alceado o pecado por excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos está se tentando deslocar o pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as classes dominantes tiveram seu status sacralizado porque a mulher e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da degradação humana.
O Malleus como Continuação do Gênesis
Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o status da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante liberdade sexual, jamais chegaram a ter poder de decisão no Império. Quando o Cristianismo se torna a religião oficial dos romanos no século IV, tem início a Idade Média. Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos interessa.
Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de conflito de valores, é muito confusa a situação da mulher. Contudo, ela tende a ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram jogadas para o domínio público quando havia escassez de homens e voltavam para o domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura.
Na alta Idade Média, a condição das mulheres floresce. Elas têm acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as cruzadas, período em que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença.
E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados do século XVIII que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de “caça às bruxas”.
E Por Que Tudo Isso?
Desde a mais remota antiguidade, as mulheres eram as curadoras populares, as parteiras, enfim, detinham saber próprio, que lhes era transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram elas as xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As mulheres camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde, a não ser com outras mulheres tão camponesas e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras) eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de casa em casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as doenças.
Mais tarde elas vieram a representar uma ameaça. Em primeiro lugar, ao poder médico, que vinha tomando corpo através das universidades no interior do sistema feudal. Em segundo, porque formavam organizações pontuais (comunidades) que, ao se juntarem, formavam vastas confrarias, as quais trocavam entre si os segredos da cura do corpo e muitas vezes da alma. Mais tarde, ainda, essas mulheres vieram a participar das revoltas camponesas que precederam a centralização dos feudos, os quais, posteriormente, dariam origem às futuras nações.
O poder disperso e frouxo do sistema feudal para sobreviver é obrigado, a partir do fim do século XIII, a centralizar, a hierarquizar e a se organizar com métodos políticos e ideológicos mais modernos. A noção de pátria aparece, mesmo nessa época (Klausevitz).
A religião católica e, mais tarde, a protestante contribuem de maneira decisiva para essa centralização do poder. E o fizeram através dos tribunais da Inquisição que varreram a Europa de norte a sul, leste e oeste, torturando e assassinando em massa aqueles que eram julgados heréticos ou bruxos.
Este “expurgo” visava recolocar dentro de regras de comportamento dominante as massas camponesas submetidas muitas vezes aos mais ferozes excessos dos seus senhores, expostas à fome, à peste e à guerra e que se rebelavam. E principalmente as mulheres.
Era essencial para o sistema capitalista que estava sendo forjado no seio mesmo do feudalismo um controle estrito sobre o corpo e a sexualidade, conforme constata a obra de Michel Foucault, História da Sexualidade. Começa a se construir ali o corpo dócil do futuro trabalhador que vai ser alienado do seu trabalho e não se rebelará. A partir do século XVII, os controles atingem profundidade e obsessividade tais que os menores, os mínimos detalhes e gestos são normatizados.
Todos, homens e mulheres, passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos a partir do mais íntimo de suas mentes. É assim que se instala o puritanismo, do qual se origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglo-saxão. Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar de muita violência. Até meados da Idade Média, as regras morais do Cristianismo ainda não tinham penetrado a fundo nas massas populares. Ainda existiam muitos núcleos de “paganismo” e, mesmo entre os cristãos, os controles eram frouxos.
As regras convencionais só eram válidas para as mulheres e homens das classes dominantes através dos quais se transmitiam o poder e a herança. Assim, os quatro séculos de perseguição às bruxas e aos heréticos nada tinham de histeria coletiva, mas, ao contrário, foram uma perseguição muito bem calculada e planejada pelas classes dominantes, para chegar a maior centralização e poder.
Num mundo teocrático, a transgressão da fé era também transgressão política. Mais ainda, a transgressão sexual que grassava solta entre as massas populares. Assim, os inquisidores tiveram a sabedoria de ligar a transgressão sexual à transgressão da fé. E punir as mulheres por tudo isso.
Vemos assim que na mesma época em que o mundo está entrando na Renascença, que virá a dar na Idade das Luzes, processa-se a mais delirante perseguição às mulheres e ao prazer. Tudo aquilo que já estava em embrião no Segundo Capítulo do Gênesis torna-se agora sinistramente concreto. Se nas culturas de coleta as mulheres eram quase sagradas por poderem ser férteis e, portanto, eram as grandes estimuladoras da fecundidade da natureza, agora elas são, por sua capacidade orgástica, as causadoras de todos os flagelos a essa mesma natureza. Sim, porque as feiticeiras se encontram apenas entre as mulheres orgásticas e ambiciosas (I, 6), isto é, aquelas que não tinham a sexualidade ainda normalizada e procuravam impor-se no domínio público, exclusivo dos homens.
Assim, o Malleus Maleficarum, por ser a continuação popular do Segundo Capítulo do Gênesis, torna-se a testemunha mais importante da estrutura do patriarcado e de como esta estrutura funciona concretamente sobre a repressão da mulher e do prazer.
De doadora da vida, símbolo da fertilidade para as colheitas e os animais, agora a situação se inverte: a mulher é a primeira e a maior pecadora, a origem de todas as ações nocivas ao homem, à natureza e aos animais.
Durante três séculos o Malleus foi a bíblia dos Inquisidores e esteve na banca de todos os julgamentos. Quando cessou a caça às bruxas, no século XVIII, houve grande transformação na condição feminina. A sexualidade se normaliza e as mulheres se tornam frígidas, pois orgasmo era coisa do diabo e, portanto, passível de punição. Reduzem-se exclusivamente ao âmbito doméstico, pois sua ambição também era passível de castigo. O saber feminino popular cai na clandestinidade, quando não é assimilado como próprio pelo poder médico masculino já solidificado. As mulheres não têm mais acesso ao estudo como na Idade Média e passam a transmitir voluntariamente a seus filhos valores patriarcais já então totalmente introjetados por elas.
É com a caça às bruxas que se normaliza o comportamento de homens e mulheres europeus, tanto na área pública como no domínio do privado.
E assim se passam os séculos.
A sociedade de classes que já está construída nos fins do século XVIII é composta de trabalhadores dóceis que não questionam o sistema.
As Bruxas do Século XX
Agora, mais de dois séculos após o término da caça às bruxas, é que podemos ter uma noção das suas dimensões. Neste final de século e de milênio, o que se nos apresenta como avaliação da sociedade industrial? Dois terços da humanidade passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disto há a possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal nuclear já colocado e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já chegando ao ponto do não-retorno. A aceleração tecnológica mostra-se, portanto, muito mais louca do que o mais louco dos inquisidores.
Ainda neste fim de século outro fenômeno está acontecendo: na mesma jovem rompem-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão. A mulher jovem hoje liberta-se porque o controle da sexualidade e a reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina.
Assim, hoje as bruxas são legião no século XX. E são bruxas que não podem ser queimadas vivas, pois são elas que estão trazendo pela primeira vez na história do patriarcado, para o mundo masculino, os valores femininos. Esta reinserção do feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a não-competição, a união com a natureza, talvez seja a única chance que a nossa espécie tenha de continuar viva.
Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem se considerar vingadas!