domingo, 2 de outubro de 2022

Sinhazinha - página 4

 



Luzia estava se sentindo isolada em Portugal, não se sentia a vontade com as freiras embora fossem agradáveis, sentia falta de Geralda e Messias, eram irmãos de alma , eram laços fortes.

Sentia a vontade de chorar, gritar para que pudesse voltar ao Brasil, mas não podia, as freiras estavam sempre a cercando.

Com o passar do tempo Luzia foi se acostumando e com alguns meses, já havia se entregado a fé, seu pai recebia suas notícias com alegria, mas a bebida o consumia, passou a ser cada vez mais violento, Geralda então fica doente e Antônio pode que Luzia volte e assim foi.

Luzia deixara a casa das freiras  apreensiva, queria ver Geralda viva mas ao encontrar o pai num estado deplorável seu coração estremeceu, e ao ver Geralda moribunda na senzala, orou a Deus para que Geralda morresse em paz.

As orações de Luzia fora atendida, Messias chorou a morte da mãe. Luzia sofrera tanto que rejeitou o pai, deixou seu pai , procurou seus irmãos. Messias ao encontrar Luzia chorou, juntos enterraram Geralda, debaixo de uma mangueira, Luzia passou dias sozinha, só ,Messias a via, Antônio chorou o desprezo da filha e se embebedou.

Estevão olhava Luzia com maldade e desejo mas Luzia não estava preocupada com ele, pensava em Messias e os irmãos, Luzia voltou a Portugal entristecida, lembrava de sua mãe, de sua família, passou três anos estudando e voltou ao Brasil a pedido do pai que dizia estar morrendo , então ela novamente arriscou-se e voltou ao Brasil para reencontrar seu pai.

Luzia estava se acostumando com a sua vida religiosa, pensava em Deus e orava para que seu pai deixasse o vício, ela pensava na vida e em seus amigos da senzala, pensava na vida e em sua solidão.

Messias parecia triste e sentia falta de sua irmã, pensava nela e em como eram felizes quando eram crianças, lembrava das festas das flores que faziam, dos banhos de cachoeira, eram sempre amigos.

Na volta para o Brasil pensou em como deveria se comportar , gostava das festas na senzala, mas seu pai certamente iria rejeitar qualquer coisa que fosse ultrapassar os limites do bom senso, era bastante religiosos, violento e rígido, os açoites passaram a ser constantes e cada fuga , os recém-capturados  eram levados ao pelourinho, quando Luzia chegou, Antônio se felicitou mas a impedia de rever os amigos, eles então, passou a fugir para vê-los em meio ao campo nas plantações de café.

Antônio não tolerava nenhum questionamento, Estevão via Luzia com desejo e seu pai Antônio percebia isso, e começou a agredi-lo, por muitas vezes, o açoitou, ele mesmo usou as chibatadas para o castigo e cada açoite, era o ódio penetrando a mente de Estevão, os olhos de ódio intensificava a cada semana, mês, se passaram anos e o corpo robusto de Estevão marcado pelos castigos, Antônio sempre estava bêbado e fazia com que todos o odiassem, menos Luzia, que o amava, era seu pai, Messias ficava preocupado, pois Antônio em muitas ocasiões fazia de Estevão carregar Luzia numa leiteira e todos os escravos da senzala fazia ironias e gozações, Estevão passou a ter ódio de Sinhazinha, e ela não sabia o porquê, mas seu coração não havia percebido mas Antônio perseguia Estevão em vários momentos perdia a venda de Estevão, pois era um negro forte e robusto, vários fazendeiros o queriam mas Antônio o queria ver sofrer, Luzia estava crescendo , jovem e linda e todos se sentiam atraídos por ela e Antônio resolveu que ela precisava se casar com um fazendeiro rico e assim acumular ainda mais fortuna.

Luzia não estava interessada em casamento, queria sua vida livre e desejava voltar a Portugal continuar morando com as freiras, Antônio não queria ver sua filha como uma freira, queria que ela desse netos para dar continuidade ao nome da família.

Messias prometera protegê-la sempre e quando via Estevão, ficava nervoso, pois Estevão era um escravo revoltoso e que sempre estava sendo castigado tornando à vida de comunidade de pretos, um problema , pois quando Estevão era castigado , todos também sofriam.

Luzia crescera em meio a comunidade preta e a Igreja, era uma menina inteligente , queria  estudar direito, mas seu pai queria que se casasse.

Quando Luzia completou 15 anos, Antônio resolveu casa-la com um estrangeiro, um italiano que chegara a pouco tempo  no Brasil e vivera no Rio de Janeiro, queria que eles se mudasse para a fazendo para cuidarem das propriedades da família.


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