sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Teodora- psicografia - página sete.


 Teodora estava pensativa sobre essa nova etapa de vida, ela gostava do trabalho , das pessoas mas sentia necessidade de ir embora.
Sebastiana , Tiago e Maria sentiam também a vontade de sair além do lar que Madre Esperança preparara a eles.
Dulcinéa gostava dali, sentia-se bem acolhida ali , talvez ela fosse a única que encontrara seu verdadeiro lar.
Todos se amavam mas cada um devia seguir seu caminho. Não deixaria de serem amigos e estariam sempre ali quando fosse preciso, então combinaram que a cada ano voltariam ali para se reencontrarem.
Quando Sebastiana, Tiago e Maria foram embora para peregrinação, Teodora sentiu um aperto no coração, sentia muita vontade de sair com eles como velhos ciganos sem lar, mas seu coração também dizia que não era ainda o momento para isso e precisava seguir seu caminho, não sabia aonde iria, mas ao menos sabia que não era ali.
Dulcinéa continuou cuidando do lar com o mesmo carinho a que fora predestinada, ali fazia uma pequena horta, fabricava pães e alimentava os bichos, uma vida comum a todos da vila. Era ela a verdadeira dona do lugar onde seria o lugar de reencontro e de grandes recordações.
O dia que Teodora partira fora uma grande tristeza , os empregados a adoravam , era uma mulher de muita sabedoria , além de ser uma pessoa muito prendada e tinha um grande talento para as artes, o que lhe chamava sempre fundo ao coração.
Teodora levou uma pequena sacola, e moedas necessárias para um longo período até que encontre algo para fazer.
Para a mulher, a vida solitária era sempre um desafio, a maioria das mulheres se casavam ou se tornava freira , o que não era a vocação de nossa Teodora.
Por horas Teodora andou, seu destino era Paris, voltaria a França como uma pessoa comum, uma mulher que buscava sabedoria. Não sabia ao certo o que faria a partir daquele momento, mas um sentimento muito forte a levava de volta ao lugar onde fora acusada como bruxa.
Durante dias Teodora andou, lembrava de seus amigos, e a saudade a levara sempre onde passaram um dia, parecia que o mundo sempre a levava a fazer coisas diferentes.
Voltou a propriedade de seus pais.
Ao chegar fora bem recebida , seus pais não se incomodaram com as histórias de Teodora, já se acostumaram com as decisões inesperadas da filha. Ficaria por ali um pouco mais de um mês até decidir seguir viagem.
Numa tarde fria e chuvosa, Teodora cuidava dos cavalos com seus empregados quando de longe avistou uma carruagem, não estava esperando ninguém, mas não se atreveu perguntar, ficara ali mesmo, suja de lama e com a escova na mão... cantarolava uma canção que aprendera no convento.
Um empregado da família Damião, um negro muito robusto e inteligente se esforçava em aprender com Teodora a língua francesa, e eles toda tarde passavam horas no estábulos ensinando e aprendendo um com o outro, um laço forte de amizade estava traçado por eles. Era um estudo que mantinham segredo, pois havia muito preconceito sobre um negro aprender com seus patrões, e Teodora não se incomodava com isso.  

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