terça-feira, 10 de novembro de 2009

O convento - página três


Os anos foram longos, o tempo passou e não podiamos ficar mais ali, mas nos causava pena ver aquelas moças se matando no convento enquanto podiam fazer o bem longe dali.Todas nós já estávamos cansadas de uma vida de sacrifícios, Deus não poderia ser favorável aquilo, contradizia o que aprendemos ali mesmo, no convento.
Um dia de fevereiro, a neve que vinha nos visitar estava quase chegando ao fim, o Padre Germano estava recrutando algumas moças para sua peregrinação anual , iriam até Roma e voltariam com algumas pedras de ouro como costumava ser, então nos habilitamos, talvez durante a peregrinação pudéssemos fugir e seguir o caminho em Cristo, embora a vida nos custassem sacrifícios, tinhamos muita fé,ajudávamos alguns amigos da Aldeia que agora se tornara uma cidade, tudo era muito bem planejado, pois não podiam suspeitar que eram nós que deixavam algumas frutas e pào nas casas da redondeza mas com a chegada de alguns estrangeiros isso se tornava quase impossível, mas mantínhamos a conduta de boas moças aos olhos dos padres do convento.
Irmã Benígna era a mais velha e a mais sensata, planejava as coisas com muito cuidado, no dia em que partimos ela nos demostrou bastante calma, então fomos nós , nós fomos em uma carroagem e eles em outra , nosso cocheiro era muito atencioso com todas nós, mas era bastante imprudente.Na primeira hospedaria nos foram dado um quarto luxuoso, mal podíamos acreditar no que víamos, era como viver e estar em nossas casas,só faltava o aconchego de nossas mães, ali conversamos durante longas horas para que pudéssemos fugir, mas éramos constantemente vigiadas, pelos cocheiros, e por guardas, os padres ficavam nos vigiando pois qualquer distração qualquer uma de nós podíamos fugir.
O Padre Germano nos deram ordem de não saírmos dos quartos e falar pouco e sermos bastante educadas aos que nos faziam interrogações referentes ao convento, perguntavam se ali haviam fantasmas,como era a vida de um freira, enfim, nada podíamos fazer, não queríamos mentir, mas pela nossa sobrevivência, aquilo se tronara necessário.
A noite correu como os padres desejavam, ficamos em nosso quarto quietas e em orações, irmã Benígna nos orientava em como nos comportarmos , ela era a nossa líder em todos os sentidos.Assim que amanheceu nos trocamos antes que pudesse nascer o sol, pois sabíamos que qualquer um poderia chegar ali e se comprazerem de nos verem nos vestir, quando chegaram já estávamos prontas.O padre Germano se espantara quando abriu a porta que cuidadosamente só poderia ser aberta por fora, nas ãos dele ficavam as chaves e nossas roupas,era confiscado qualquer compra que fazíamos, nem presentes , roupas e todo o dinheiro que nossos pais nos davam para nossos pequenos mimos, desde uma pequena moeda ou mesmo uma jóia era confiscado e se apoderavam como se fossem deles, algumas nem sabiam disso, sempre alegavam roubo,por isso nunca nos fora empencílio dividir qualquer coisa entre nós, assim nos tornávamos mais humildes mesmo que a família fosse a mais rica e a outra pobre, tudo era coletivo mas não esquecemos de nossa individualidade.
Ao chegarmos em Roma, todos estavam esperançosos inclusive nós, planejamos fugir enquanto estivessem em assembléia com o Papa, mas fora em vão, os padres auxiliares nos seguiam e nos assediavam o tempo todo, no momento mais propício não fora possível pois o jovem padre Adriano nos advertiu num tom suave, que aquele não era o melhor momento, foi com essa atitude que passamos a nos tornar amigos, as freiras agora sentira força em um padre, o que era muito difícil já que eram sucumbidos pelas moedas e pelo státus.
Então sem êxito voltamos ao convento e lá ficamos então sem as janelas,se o ar puro, sem as grades de uma prisão sem trincheiras, éramos prisioneiras ,o nosso sonho de servir a Deus estavam apenas num plano maior, longe daqueles muros, aquele castelo não parecia a prisão que era,o convento era uma prisão sem portas e sem muro, a morte habitara nossos coração quando uma das moças numa intervenção, que seria um aborto, morrera. não suportou a hemorragia, morrera nos braços de Irmã Benígna, Irmã Vanessa chorava durante dias, seus olhos traziam um tristeza que nos incomodavam quando a interrogamos descobrimos que ela estavam grávida, então ficamos apreensivas, o que faríamos diante daquela nova situação?

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