sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O convento- página quatro


Vanessa estava isolada, nada queria fazer, ficara imóvel em seus pensamentos, então pensamos em como podíamos fazer por ela, mas ela simplesmente ficara só, Irmã Benígna tentara fazer de tudo para animá-la mas ela ficara constrangida com aquela situação, o filho seria de Padre Germano, então ela resolvera abortar, mas fizemos de tudo para que ela fugisse e cuidar de seu filho fora do convento, ela estava muito triste e isso afetaria a criança se continuasse daquele jeito.
Numa daquelas noites, Vanessa passara mal e então foi até o dormitório onde Irmã Benígna ficara, ela e as outras irmãs negras do convento, assim faziam, separavam as moças que julgava diferentes , as colocavam num quarto mais afastado, como se a cor desse título , ou supremacia.
Vanessa passara a noite toda no quarto com a Irmã Benígna tentando fazer Vanessa se acalmar, assim que amanheceu o dia, Vanessa sangrara bastante, mas não chegou a abortar, a tratamos como foi possível, então marcamos o dia de sua fulga, algumas irmãs iriam com ela, preparamos uma porção que adormeceria todos que as ingerisse e assim foi, assim que todos dormiram, Irmã pegara as chaves dos portões e Vanessa com mais dez moças também grávidas fugiram.
Todas ficaram alvoraçadas de alegria com uma conquista tão esperada, tínhamos apenas poucas amigas, algumas eram verdadeiras espiãs dos padres, pois eram elas as amantes mais queridas, os acompanhavam em eventos e nas peregrinações, eram elas as favoritas também do Papa, pois nada lutavam , eram elas as freiras mais desejosas , pois também sentiam prazer nessa situação, aceitavam abertamente a posição de mulheres dos padres e em troca recebiam as regalias, eram tratadas com mais atenção mas isso não as livravam dos castigos.
Em certa ocasiào estávamos no refeitório, era um quarto perto da cozinha com pouco mais de dez mesas, quem não se sentava ficavam no chão ou comiam de pé, as moças que trabalhavam na cozinha eram sempre as mais velhas, era raro alguém fora dos muros do castelo, era assim que nós chamávamos o convento, pois era arriscado para os padres, a real situaçào dali nao podia ultrapassar os muros. Estávamos almoçando, era aproximadante três horas da tarde, quando ouvimos um grito que vinha do corredor, era a Irmã Tereza que estava dando a luz, escondeu de todas nós , sua gravidez, tentamos esconder o bebê mas padre Germano o mandou para outro lugar, alegou que o mandaria para um outro lugar, havia poucos orfanatos na região, depois de alguns meses fora achada a criança na beira do mar, fora um choque para todas nós, a Irmã Tereza ficara traumatizada e morrera logo depois, se matara, quando acontecia algum suicídio eram enterradas no convento ou levada para suas famílias, na verdade nem todas sabiam de seus destinos.Irmã Tereza fora enterrada ali mesmo. Se algum comentário saísse dos muros do castelo, éramos punidas, todas eram punidas, ou íamos para os porões ou ficávamos trabalhando o dia todo sem nenhuma refeição, entre outras punições, a mais cruel era ficarmos nos porões, pois além de não nos alimentarmos fiçavamos a mercê de doenças transmitidas pelos ratos e outros bichos.Tinham verdadeiras armas psicológicas nesses porões, então o silêncio era mais apropriado.
A lavanderia era um lugar medonho, tínhamos que lavar diariamente as roupas pois todas as noites ouvíamos gemidos e gritos, nunca acontecera um silêncio absoluto, nem na morte de irmã Tereza nem de outras amigas.as roupas eram estendidas nos muros, e nos arames que ficavam na colina.No outro dia tínhamos que passar as roupas, nada poderia ficar sujo, pois as peregrinações depois do incêndio deixavam os padres apreensivos.
O dia-a-dia no castelo , era sempre um surpresa mas nada nos chocavam mais,a vida ali era uma triste, mas quando estávamos em comunhão com Deus, nada podia nos afetar, e mesmo assim, nossos corações ficavam sobressalto quando alguma de nós se matavam ou mesmo fugiam, e se alguma de nós que conseguisse fugir e voltava era presa e passavam meses no porão, e logo morriam.Apesar de que limpávamos o castelo todos os dias, o ambiente sempre parecia sujo aos nossos olhos, os padres gostavam de tudo muito impecável para disfarçar as animalidade que existia ali.
Nas noites mais frias, muitas moças dormiam abraçadas , outras como nós dormíamos sós, algumas moças tentavam nos agarrar, algumas se compraziam com isso e se entregavam, nós éramos na maioria desprezadas pelas outras , mas não nos importávamos com isso, apenas rezávamos para não sermos molestadas, apenas rezávamos.
As moças negras separadas eram as que mais sofriam, a maioria vinham de outros continentes a pedido de seus pais que já foram libertos , outros de seus proprietários já que eram escravas, assim Irmã Benígna era uma moça forte e destemida, amava todas sem distinção, a maioria ali fora deixada pela família , algumas assim como Irmã Helena e Eu que fomos para ali por opção.
Éramos amigas e irmãs como passávamos a nos chamar, durante a guerra fomos chamadas para rezármos pelos que queria proteger a Terra Santa dos pagãos , eram lutas sangrentas, muitos alí chegavam mutilados, os padres ficavam temerosos com a situação mas ficavam por pouco tempo até se reestabelecerem ou morrerem, nada desconfiavam, achavam que éramos verdadeiras santas , mas nada era senão a fé, não éramos santas, éramos na verdade devedoras , pois viver ali era senão uma punição.
O espírito é a verdade, e os padres nada sabiam disso, então nos chamavam de santas, mas a maioria de nós estávamos ali para nos reformármos, pois da mesma forma que estávamos ali presas, já fomos algozes de outras tantas almas, pois sempre se pune por aquilo que se pecou, então não éramos santas mas sim, espíritos em aprendizagem, algumas permaneceram ali, continuando a viver como antes, enquanto algumas se redimiram e se aliaram as mulheres do Alto com a coragem e a fé que possuiam.
Depois de alguns anos tivemos a notícia que Vanessa dera a luz, e que fugira para Portugal com as demais moças que também grávidas deram a luz, nada falaram sobre a vida como moças do convento, formaram um pequeno lugarejo e ali viveram longos anos.
Vanessa nos escrevia quase que diariamente mas éramos entregue poucas cartas, pois eram confiscadas, escreviam em código, assim como havíamos combinado,escreviam como se fossem familiares, a escrita seria discreta e em código, na maioria nada encontravam de suspeito então assim fora feito por muitos anos.

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