quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O convento - página sete


 Todas nós estávamos eufóricas para sair daquele lugar sem portas e janelas, sem trancas e muros, viver fora daquela encosta era um objetivo comum, os horrores continuava camuflados.
Os anos se passavam e nós enclausuradas como prisioneiras, mas acabávamos nos acostumando com a idéia, ás vezes a fulga se tornava uma palavra distante, nossos sonhos passara a só habitar nossas mentes, os padres continavam a violentar e matar seres ainda nos ventres, aquilo se tornara comum, passamos toda a nossa infância e juventude atrás daqueles muros enfestados de ignorância e estupidez.
Quando eu era menina convivi com Clara num tempo também violento, mas era feliz, agora séculos depois eu pude perceber que ali não era uma prisão era um aprendizado.
Sempre fui muito meiga na minha infância mas na juventude fiquei dura nas imagens que via daqueles senhores que diziam santos.
Nossa vida no convento passara do assustador para um martírio, e numa dessas minhas muitas visões, pude entender que eu estava aprendendo a perdoar. Irmã Benígna também pensava da mesma forma , nos tornamos irmãs de verdade, nos tornamos freiras, então percebemos que era hora de partir rumo ao novo mundo, Portugal nos receberia com olhos de Deus, agora era hora de partir, Iríamos nos encontrar com Vanessa, e então o destino Deus iria então escrever.
A nossa confiança em Deus estava ali, diante da dor , a nossa fé , antes horrorizada com a vida dentro daqueles muros estava esperançosa e colocamos a nossa vida nas mãos de Jesus e a Mãe Santíssima.

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