quarta-feira, 24 de abril de 2024

O silêncio, o auto-amor e o amar incondicionalmente!!!

 


Quando as nossas dores são tão fortes e nos envolvemos em sentimentos confusos há uma única solução:

O silêncio.

Aprendi que respirar para viver requer bem mais do que um simples hábito, é preciso prestar atenção e o silêncio é um ato de ouvir a própria voz, a que nós chamamos da voz do silêncio. Esse ato de amor a nós mesmos quando não temos outra saída a não ser parar para respirar.

Ouvirmos os nosso pensamentos mais íntimos e nos percebermos como seres humanos, sim, apesar de estarmos sempre querendo nos tornar heróis , com super tarefas, precisamos nos lembrar que não somos máquinas e que podemos nos distrair, deixar para depois algumas coisas, nos deixar relaxar das tarefas diárias, esperar para viver um pouco mais de tempo.

A grande jornada que fazemos , é uma jornada da vida, estamos peregrinando por lugares desconhecidos e que ao longo desse caminho aprendemos coisas fantástica, é só parar para perceber.

A maternidade é uma fase da vida em que começa a pensar sistematicamente no outro, no pensar e agir do outro, porque passamos a sermos a fonte da vida, a referência e o exemplo, então, ficamos ainda mais fortes e ignoramos os perigos, arriscamos as nossas vidas, e fazemos coisas inacreditáveis em virtude de nossos filhos, nós nos colocamos em sacrifício, e depois disso o que vem?

Ainda não estou vivendo esse depois, estou em constante mudança, porque a vida não está parada, ela se movimenta, mas há um período em que devemos parar para respirar, para nos ouvirmos e estabelecer certos limites, vivermos um momento para nós mesmos, e isso pode ser um momento de ruptura para o mundo, para as pessoas ao nosso redor.

O que é preciso fazer é nos olharmos com profundidade, percebermos humanos falíveis e isso é de um valor incalculável , porque não se trata de egoísmo, se trata de auto-amor, esse ato de consciência , é um ato que requer compreensão.

Essa reprogramação mental é de extrema importância para a nossa saúde mental, é preciso sentir a respiração e esse ato de prestar atenção a nós mesmos pode ser dos mais importantes em um dado período em nossas vidas.

O outro não pode parar a vida deles para estarem sempre ao nosso auxílio, o amor não é um ato dependente de total atenção, amar incondicionalmente não é parar a sua vida em prol do outro, mas estar no caminho do outro.

Quando a maternidade nos chama a vida , nos mostrando esse amor incondicional não é unicamente viver para o outro, é viver com o outro, afinal, quem pode viver a vida do outro para que esse outro não sofra?

Isso é um ato de desamor, e não amor incondicional, vai chegar num momento que essa dependência vai exigir um pensamento mais profundo sobre o real motivo de nossa existência e é nesse momento em que o cansaço mental chega e desfaz esse nó que aperta não nos deixando viver, é preciso sabermos até onde vai essa dependência, até onde vai esse desamor.

Viver para o outro, quer dizer, viver com o outro para o seu cuidado é bem diferente, cuidar do outro porque este precisa de cuidados especiais e de alguém que o ama, é sim um ato de amor infinito, amar assim não é fardo, não pode ser, é preciso amar verdadeiramente para viver nos limites dos quais será obrigado a viver, esse amor sim é incondicional.

Quando se entende o valor do silêncio, quando se entende o que de fato é amor, sempre haverá tempo para filosofia divina, esta filosofia que nos auxilia a nossa jornada.

Quando arrumamos um tempo para esse silêncio, essa meditação, estamos vivendo de fato a vida, e ela muda de maneira tão linda que nos expandimos e evoluímos enquanto espíritos, essa chama divida que nós chamamos de EU...

quinta-feira, 18 de abril de 2024

O novo jeito de ver o mundo !!!

 



Meu coração se encantou pelas estrelas, pela lua e pelo infinito, é assim que me vejo agora, encantada pelo mundo que me cerca.
Desde que comecei a estudar braille eu me apeguei as minhas muitas maneiras de enxergar o mundo, usei meus sentidos para perceber o mundo que antes me parecia obscuro e cruel, hoje eu o vejo com um olhar mais apurado.
A vida é um presente sim, e as vezes colocamos dentro de uma caixinha para presentear alguém, mas é bem mais do que isso, a vida é a nossa existência e a nossa resistência.
Quando o amor toma conta de nós, o jeito que vivemos se transforma em algo bem maior, e não podemos negligenciar o que sentimos, é como o cego enxerga, ele vai além das aparências, passamos a reconhecer almas, e isso é uma experiência única.
Talvez eu esteja falando alguma bobagem, mas o que nos mantém motivamos a crescer, o que nos mantém ativos e nos faz querermos sermos únicos, o que nos motiva a amar de uma maneira crescente.
Eu diria que a vida é como na história de Alice no país das maravilhas em que somos tomados pela filosofia e vimos o mundo de uma maneira singular,
Na história de Alice ela se encontra com ela mesma e faz uma viagem interior e  se reconecta com seus sentimentos perdidos, ela volta para o mundo real e concreto com uma nova percepção.
Quando nos adentramos em nós mesmos, fazemos essa viagem que pode parecer maluca e intrigante mas é o recomeço para uma nova percepção, no dia-a- dia estamos mergulhados nas atitudes e opiniões alheias e nos desconectamos do que realmente está dentro de nós, o que sentimos se mistura a opiniões alheias sobre nós mesmos, deixamos de acreditar em nós para seguirmos caminhos que os outros pensam ser melhor para nós, mas quem decide que caminho seguir somos nós. esse é o segredo de uma vida com sentido e com propósito.
Não precisamos que os outros decidam por nós, às vezes a nossa insegurança nos trai e isso vem lá de trás, da nossa infância, a nossa criança interior ainda está se curando e nós adultos dotados de uma visão turva não nos importamos muito com ela , mas com o tempo percebemos que a cicatrização não foi como deveria ser e ferimos a nós mesmos quando matamos a nossa criança interior acreditando que ser adultos é esquecer dela, é deixar que ela se esconda e não se manifeste, mas estamos errados, a nossa criança interior nos conecta com sentimentos profundos e importantes e se não curarmos estaremos sempre voltando ao nosso mundo das maravilhas sem nehum aprendizado, apenas vivendo por viver, tentando ser o que o outro deseja sem nos ouvirmos como deveríamos.
Estaremos cegos e surdos e isso é muito triste.
A minha criança interior grita quando eu a repreendo e quando descobri que eu estava maltratando essa criança interior eu pude renascer e curá-la.
Nós somos todos cegos quando não estamos olhando para dentro de nós, estamos surdos quando não ouvimos os gritos da nossa criança interior e só quando percebemos as suas reações é que nos tornamos alegres com a nossa própria vida e a partir daí, nos transformamos em alguém melhor.
Pensemos nas inúmeras possibilidades, nas nossas conquistas diárias, em como evoluímos , não materialmente mas como os nossos sentimentos e emoções se transformaram e se formaram dentro de nós para algo muito melhor, somos melhores quando temos esperanças, quando temos fé no nosso caminho e quando reconhecemos as nossas histórias boas e ruins, somos melhores quando aprendemos a enxergar o que realmente é importante e aí sim, a prosperidade em todas as categorias vem ao nosso encontro.
O sucesso é o nosso começo feliz para uma outra vida, a vida de alegrias, a perseverança é a nossa prova diária, e a nossa cúmplice , portanto, somos todos os sentimentos possíveis, todas as nossas forças estão em nós mesmos e não é vivendo de aparências que ela resiste,é preciso resistir as impressões do que vemos no mundo concreto e aprender a ver o mundo além das aparências, porque na verdade o nosso mundo real é este que vive dentro da gente.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Desabafo : Separação para poder reparar!!

 



Não há dor maior do que o esquecimento de si mesmo.

A dor é um remédio amargo, desses que leva um tempo para superar, para deixar lá atrás.

Perdemos tanto tempo nos apegando a sentimentos e emoções desnecessárias, mas aprendemos com o tempo, esse tempo que demora a passar e que ninguém pode lutar por você, porque são coisas unicamente nossas e de mais ninguém.

Questionamos sobre tudo o que requer cuidado e cuidar de nós mesmos em algumas situações não vem em primeiro lugar, as vezes não estamos no topo da lista, mas deveríamos estar, no topo da nossa lista.

É que os outros também fazem parte dela, podem ser filhos, pais, irmãos, amigos e de quebra o nosso parceiro , que nem sempre é o nosso parceiro.

A verdade é que a vida nos revela em ciclos e esses ciclos quando nos adoecem, devem ter um fim, para a nossa saúde mental , etc e tal.

Mas o tempo quando nos aconselha a esperar mais um pouco, e então nos damos conta de quem somos e assumidos como prioridade e então o ciclo muda e nós nos tornamos donos do nosso próprio destino, de novo.

Um dia nos damos conta de que nós sempre precisamos ser os primeiros da lista, porque sem isso seremos apenas um boneco solitário num palco vazio, somos nós os donos de nós mesmos, mas eu sei que é difícil estar sempre ali, olhando de cima, é que em algum momento da nossa vida, o outro toma o nosso lugar, porque esse alguém precisa de nossa atenção, do nosso amor incondicional, é quando um problema precisa ser resolvido, quando uma doença toma maiores proporções, enfim, há momentos.

Nem sempre somos os donos da razão, nem sempre as nossas opiniões são as mais acertadas porque somos seres humanos e falhamos em muitas fases e aí é que nos chama a racionalidade, aprendemos uns com os outros e só.

Hoje foi um dia de despedidas e eu como uma mulher cheia de emoções e sentimentos que extravasam eu senti a despedida, mesmo que venha a ser por pouco tempo a separação foi difícil de engolir, mas a humanidade caminha com os pés descalços.

Eu tenho muita dificuldade em dizer adeus para quem eu amo, e amor é o que me carrega no colo, então, eu coloco toda a minha energia naquilo que eu acredito e eu sei que vale a pena ,e todo esse amor que eu sinto, e isso não se escreve num texto de 2000 caracteres.

Já dizia o poeta "  Valeu a pena, Tudo vale a pena se a alma não é pequena" então, eu replico todas as formas desse amor, e que tudo vale a pena mesmo que doa no coração, mesmo que a ferida demore a cicatrizar, as perdas nem sempre são de fato perdas e nem sempre a separação de fato existe.

Há apenas espaços a serem preenchidos por nossas emoções e sentimentos que vamos cultivando até tomar conta de todo nosso espaço, de toda a nossa alma, é assim.

Hoje foi só um tempo para um afastamento momentâneo, para que possamos voltar com um outro gosto, um outro sentido mais apurado, é como venho aprendido nas minhas aulas de braille, a gente passa a desenvolver outros sentidos quando deixamos  uma percepção que está travada por algum motivo nem sempre aparente, ampliamos os nossos olhares, criamos alguma carapaça que nos fortalece e isso é natural a todos nós.

Quando estamos cegos, estamos apenas enxergando de uma outra maneira, percebemos a vida de uma outra forma , mas em algum momento vamos nos despertar e recomeçamos a nossa história mas agora mais maduros e responsáveis.

Hoje nos separamos, amanhã será um novo dia, cheio de esperanças, eu espero sempre o melhor e será assim sempre!!!

terça-feira, 9 de abril de 2024

Vamos combinar??? Temos muita para experienciar!!!

 



Quando aprendemos a escrever, quando começamos a formar as primeiras frases, as primeiras histórias estamos fazendo com que a nossa mente crie e sinta as emoções, os sentimentos naquelas palavras, as energias vindas das palavras nos transformam assim como os próprios sentimentos.
Quando escrevi meus primeiros romances psicografados, os primeiros textos autorais e mesmo as poesias de todas as maneiras e temas diversos, eu aprendi o poder que cada uma palavra poderia exercer e acabei me dando conta que poderia fazer muita diferença na vida de alguém, fosse apenas um único leitor que me seguisse no blog ou nas minhas redes sociais, então, criei uma ferramenta para me conhecer melhor e me vestir numa personagem de meu próprio livro, e dei o nome de Diário de bordo, porque é uma jornada interior que faço ao longo dos meus dias, através de um história fictícia e que se transformou numa fanfic, eu a princípio achei estranho fazer isso, mas achei um pouco divertido e um desafio, bem... já temos 23 capítulos e a história está se desenvolvendo.
Nem sempre fazemos os trabalhos que gostamos por questões financeiras, por falta de opção, os motivos são diversos, mas acabamos nos acostumando com isso, mas será que estamos agindo certo?
Digo que isso depende da nossa percepção, querendo ou não aprendemos através da nossa própria vivência, muitas vezes nós nos acomodamos com determinadas situações porque não acreditamos em nosso próprio potencial e nos prendemos as situações que não nos agrada, por um tempo, aquilo fica conveniente, mas depois, acabamos nos dando conta de que devemos mudar.
A mudança pode ser assustadora quando desconhecemos o que vem pela frente, mas também nos acostumamos com as mudanças, então, pensemos...
A vida é uma eterna mudança de fases, de coisas das quais vamos nos adequando e criando as nossas próprias estruturas, e assim vivemos, nos arriscamos, retraímos mas há sempre um movimento.
Esse movimento faz parte da nossa existência, poderíamos ficar imóveis num lugar, mas há movimento dentro de nós e fora de nós, o tempo nunca é o mesmo, e nossos pensamentos nunca cessam, então vamos combinar uma coisa?
Vamos criar movimentos, vamos nos recriar e vamos nos conectar com nossas emoções, sentimentos de maneira simples embora genuína, somos seres tão vibrantes e únicos.
Somos capazes de tantas ações, e mesmo que o outro não concordem com as nossas ações, somos responsáveis por cada ato, então, vamos nos movimentar, vamos nos renovar todos os dias, fazer do nosso passado apenas um livro em que a gente consulta quando formos nos lembrar das lições vividas, e deixar que o futuro se apresente sem pressa e sem estresse.
Vamos fazer yoga, meditação, vamos nos concentrar no que queremos , no que achamos extraordinário em nós, vamos praticar exercícios físicos, vamos nos explorar ao máximo, vamos contar as nossas histórias, vamos escrever as nossas histórias , as nossas aventuras inéditas, vamos seguir o nosso coração, vamos ouvir o que ele tem a dizer e vamos nos transformar em pessoas mais brilhantes?
O que somos só depende de nós.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Meu amor depois de você!!!

 



Quando as minhas mãos perderam as suas mãos, eu cai.

 O meu céu perdeu a cor, nem as águas rasas me deixaram ver a minha própria imagem.

 Mas eu cresci, eu cresci andando descalço em terras ásperas.

 As minhas mãos, as minhas palavras, meu coração abraçou-se como um amigo urso;

 Eu cresci quando eu me vi sozinha, transformei-me em dores crescidas.

 Eu aprendi a olhar você com os olhos fraternos , então, deixei você partir.

 E eu cresci.

 E meu céu ficou azul, fiquei com as cores que o mundo coloriu para mim.

 Eu me vi novamente crescendo em mim e não em você.

 Eu aprendi a esquecer as dores que você deixou.

 E eu cresci.

 Cresci sem você por perto.

 Cresci nascendo de novo, é assim que nos fazemos presentes em nós mesmos.

 Aprendi a olhar você com os olhos abertos.

 Eu cresci ...

 Nada do que foi será, como disse o poeta.

Meu coração abraçou as alegrias de ser eu mesma.

E me engrandeci querendo ser eu.

E quando foi que deixei de ser eu?

Quando eu pensei que deveria ser o que você quisesse que eu fosse.

E então, eu cresci.

Eu me amei como nunca tinha amado antes.

Olhei para o céu e vi a lua me banhando e me nutrindo.

Eu cresci com ela.

As minhas fases, as minhas lindas memórias sobre você, eu perdoei.

Eu vi as borboletas posaram nas minhas mãos, eu eu novamente me vi voando com elas.

As flores do meu jardim, a minha casinha de fadas, as minhas estátuas ritualísticas.

Eu me vi sendo eu, eu me alegrei sendo eu, e eu amei sendo eu.

E quando percebi que meu brilho se intensificou, eu esqueci o que você foi dentro de mim.

E eu cresci.

Quando eu ficar velha quero poder olhar para trás e ri de tudo, poder sentir a brisa e rir de tudo.

Entrar dentro de mim, ficar dentro de mim sem você por perto.

Sabe?

Eu te amo, mas agora... eu te amo mais.

Amo o que você deixou em mim, amo o que você causou em mim.

Acho que o que sou hoje é bem mais...

Quem sou eu depois de você?

Sou apenas eu...

O simples querer, a vontade louca de continuar vivendo na lua e sonhando com ela.

Sabe?

Eu te amo, mas agora, eu te amo mais.

Meu amor depois de você, é mais linda de todas as flores, é a mais bela que as pedras do meu jardim.

O meu amor depois de você é a dose exata da cura, é a beleza de qualquer ser.

É o Universo expandindo em mim.

É o gosto doce do orvalho.

A medida certa do açúcar e a chuva grossa que faz cócegas na minha pele.

Meu amor depois de você, é a mais pura verdade dentro de mim.

Eu cresci quando você deixou dentro de mim a mais dura carência.

E eu te amo por isso, por me deixar crescer fora de você.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

__ Mãe, eu estou com fome!!!

 




Pelas ruas estreitas da cidade, um choro escondido por entre a multidão que passa apressada.
As pernas finas de uma criança incomoda a mãe que a carrega no colo.
Agora é um choro sentido de criança, não há descanso no coração da mãe que não consegue esconder a dor.
Ela segura um choro escondido desde de muito tempo porque ela esqueceu de contar os dias.
Ela se esqueceu de quem era ela antes de tudo isso.
Suas mãos se estenderam ao primeiro casal que passa por ela, se sente sozinha e rejeitada.
Ela chora mais uma vez.
Seus olhos umedecidos banham a criança que acaba adormecendo no seu colo.
Suas dores se estendem a alma, o mundo parece vazio e sólido.
Não há nenhum sinal no céu de que vá chover.
O calor que antes a fazia esquecer do frio pela manhã agora a faz transpirar.
É um dia quente, bem quente.
Suas mãos se estenderam de novo, mas ninguém a vê, a pressa dos outros se faz com a indiferença.
O menino no colo acorda e pede água, a mãe tira uma garrafa quase vazia da bolsa pesada que carrega no ombro.
A pobreza marca a pele da mulher que carrega seu filho no colo.
Ele só tem três anos.
Não importa para ninguém, ninguém ali se importava, nem a enxergavam, ela existia, o filho dela existia.
Mas as mentes dos que caminhavam nas ruas da cidade não se importavam com aquela mulher.
As mentes estavam nas redes sociais, nas lojas de roupas e nos restaurantes caros que podiam pagar.
Nas drogas encaminhadas pelos correios e nas portas das danceterias, não adiantava chorar ou gritar.
A mulher sozinha com um filho no colo não fazia a diferença.
Os olhos do menino fitavam a loja de brinquedos, mas a mãe ensinou o menino que não iria adiantar pedir.
A pobreza marca as mãos da mulher que carrega seu filho no colo.
Um som vindo de dentro dela a incomodava mas não mais do que o som que saia de dentro do menino.
Um som que também doía, que matava lentamente.
Matava também a esperança, a vontade de sorrir.
E então ela se sentou num banco de praça.
Um homem idoso sentado no mesmo banco olhava para a árvore, a única árvore em  meio os concretos que deixavam a cidade cinza.
Então, a voz do menino fraco e magro quebrou o silêncio.
__ Mãe, eu estou com fome.
A mãe olhou para o homem e se envergonhou.
Envergonhou-se de ser pobre, de ser mulher e de ser ela.
O homem saiu, foi embora, a mãe chorou mais uma vez.
Era um choro seco.
Depois de alguns minutos aquele homem voltou.
A mulher enxugou as lágrimas.
O menino falou mais uma vez:
__ Mãe, eu estou com fome.
O homem então abriu uma sacola e disse:
__ Minha senhora, eu comprei um lanche.
As lágrimas da mulher molharam mais uma vez o seu rosto.
O homem se levantou , a mulher num gesto de gratidão o abraçou.
e o homem disse :
__ Esse é o melhor abraço do mundo!!!

A morte como lição!!!

  


Há uns três anos atrás eu estava escrevendo um livro chamado " Cinco Marias", um romance de 100 páginas, todas as vezes que eu terminava uma página eu as li para as minhas filhas, ao chegar a última página, assim que eu terminei de ler as últimas linhas, as meninas choravam compulsivamente, e eu também, ao terminar aquelas páginas de uma história sobre cinco mulheres fortes e destemidas, que sofriam todas as perseguições improváveis, as meninas se revoltaram com o final da história dizendo assim:

_ Mamãe, como você pôde matar as mulheres que deram vida a sua história?Você é uma escritora assassina!!!

Na hora em pensei. Meu Deus , eu sou uma escritora psicopata.

Eu me perdi naquelas palavras, reavaliei toda a história, e mesmo assim percebi que era impossível que tivesse um final feliz para aquela história, demorou algumas semanas para as meninas entenderem que a história se tratava de coragem, de amizades sinceras e intensas e que a morte é um momento natural da vida de qualquer ser vivo.

Quando percebemos que a morte parece o fim de qualquer história ficamos frustrados e desolados porque a vida nos impõe um final terrível e parece que não há esperança e tudo chega ao fim, quando a morte é uma realidade que não podemos fugir nos revoltamos e não compreendemos que a vida não chega a fim, apenas acreditamos que não há como escrever outras histórias, acreditamos que não haverá novas experiências e a morte se torna uma vilâ, mas na verdade a morte apenas é uma mudança que não conseguimos entender, e que a história que vivemos é a nossa passagem mais linda de qualquer história, o que conta é sempre o que vivemos e não como julgamos o término, enfim, a morte é apenas um jeito cruel de dizer, que as coisas irão mudar a partir desse ponto final.

Sempre julguei que eu fosse uma pessoa forte, cresci acreditando nisso, as histórias que a minha avó me contava de eu estar no hospital no meu aniversário de um ano, eu sempre me aventurei, e me entregava as minhas aventuras como se eu fosse uma superwoman, eu vivia subindo em árvores, cai inúmeras vezes de árvores, escadas , nadava em rios e sofria com picadas de insetos, me ralava toda correndo no carrinho de rolimã, o tempo todo, quando eu cai da trave de futebol e meu rosto inchou, eu mal me reconhecia, e da vez que subi num coqueiro, entrou um espinho no meu pé e eu acabei caindo lá de cima , meu Deus, eu nunca quebrei um osso se quer... eu sempre acreditei que eu fosse invencível, e a menina mais sortuda do mundo, e acredito que eu ainda sou tudo isso.

Ser forte o tempo parece uma tarefa fácil para uma heroína , mas não é, somos capazes de fazer coisas inacreditáveis, nos esforçamos para não cometermos erros, mas somos falíveis, acabamos ferindo o nosso coração e o coração dos outros, estamos sempre correndo riscos e o final da história sempre estaremos acreditando que podemos muito mais, que podemos salvar os outros, nos salvar , mas será que isso é bom?

Eu ainda não consegui responder a essa pergunta, sempre oscilo ao tentar responder, porque eu sempre estou em dúvidas sobre como seria a minha vida se fosse diferente.

Por maiores que fossem as minhas dores, por mais que eu poderia magoar alguém com as minhas impulsividades, com as minhas atrevidas indagações, ainda sim , eu sempre precisei ser forte, apesar de eu chorar por qualquer coisa que me dê vontade de chorar, eu sempre acreditei que fingir sentimentos nunca foi uma boa ideia, enfim, eu sempre testarei a minha resistência e sempre irei matar os meus personagens porque eles serão as Fênix que eu crio para entender o que se passa dentro de cada um de nós, e sempre teremos as cicatrizes das nossas escolhas e sobreviveremos a elas.

Estou escrevendo meu próximo livro, e até agora não matei ninguém, não que seja uma regra eu matar meus personagens, mas que mais cedo ou mais tarde eles viverão as lições que devemos aprender, que cada leitor se verá neles e os farão entender que tudo se trata de escolhas e de lições e que no final sempre aprendemos algo, teremos sempre memórias, e apesar da minha condição de desmemoriada estar avançando sem que eu queira, ainda sim carrego dentro de mim as lições das quais eu preciso passar e seja lá para onde a minha vida me levar eu serei sempre grata aos que passaram por mim, aos que passarão e se eu deixei alguma memória em alguém, boa ou ruim, eu fiz parte da vida de alguém, eu deixei uma cicatriz, eu deixei uma lição e eu deixei um pedaço de mim em alguém.

Somos todos seres que brilham e que podem voar com suas lindas asas que são feitas de puro amor e resistência, resistimos as dores, e nos deliciamos com as alegrias que vivemos e compartilhamos, assim se cria o Universo, com um amor infinito e não pensemos na morte como algo ruim, é só mais um momento da qual todos acabamos nos lembrando e que se acreditarmos que a morte é uma passagem para uma outra vida, ótimo, porque o amor sendo eterno, estaremos vivendo em um outro lugar de forma intensamente proporcional ao nosso coração.