Quando me perguntam sobre como é ser mãe, eu simplesmente me resumo em poucas palavras, mas na verdade no início de tudo eu acreditava que a pior parte seria nos cuidados com o recém-nascido, mas depois de um tempo, eu achei a fase mais fácil, embora a amamentação é uma fase terrível para mim pelo fato de ter sérios problemas , mas passa assim como as demais fases, mas o que é realmente difícil vem depois, quando os filhos já entendem o que é viver, das relações sociais e de como lidar com as diversidades, com os sentimentos conflitantes porque estão fora do nosso controle, as emoções sentimentos e como eles lidam com as suas próprias frustrações, é quando apenas os nossos conselhos contam, quando os nossos exemplos valem mais , é quando nós somos o espelho da vivência deles, daí vem as culpas maternais, quando colocamos em pratos limpos a nossa auto-punição, é quando aceitamos que não somos mais a fortaleza que acreditamos que seríamos.
Filhos são seres individuais, os criamos para serem pessoas de bem, pessoas que se amam, que vivem em harmonia com o TODO, mas as várias personalidades nos colocam a prova a paciência, não vamos curar traumas de imediato e nem seremos os heróis, seremos mutas vezes os vilões, seremos ainda mais humanos quando assumirmos que não estamos sempre no controle.
A maternidade não te garante um sono, pelo contrário, não dormiremos bem nem quando se tornarem adultos, então, estamos aceitando que passaremos o resto da vida parecendo um zumbi, a nossa vida social se resume em ser mãe de alguém, ser tia, ser avó, qualquer coisa que nos retrate como tutora, seremos a pessoa mais xingada, a mais chata, ou a mais estranha de todas, a mais negligente ou a mais odiada , amada e muitas vezes ignorada , mas mesmo assim o status de mãe, será ser mãe...
A maternidade é como uma massa de bolo, a surpresa sempre vem depois de pronto, a gente usa todas as formas possíveis, todos os recheios, tudo para tornar bom e gostoso, mas sempre será um bolo...
A vida de uma mãe é a vida de todas as mães, donas de uma força quase sobre-humana, com pensamentos acelerados e com uma fé inalterada. um sexto sentido apuradíssimo e com uma audição e visão raio x que nenhum superman é capaz de superar, somos sempre as mulheres que todos querem ser mas com a vulnerabilidade filial.
Quando em algum momento vier um cansaço lembre-se de que ser mãe não é sempre a tarefa mais difícil, mas a mais importante, que não podemos ser perfeitas , que vamos ser sempre as mais requisitadas, mas que não podemos ser mais ser julgadas como as pessoas mais culpadas e não podemos mais nos levarmos tão a sério, a vida nos leva às questões difíceis de responder no entanto, há simplicidade nas respostas, simplesmente precisamos ter a nossa própria identidade, a maternidade não é a melhor coisa do mundo, precisamos apertar o botão do foda-se, precisamos dizer que queremos a solitude, que o silêncio nos mantém em equilíbrio, que cuidar de nós mesmas não é egoísmo e nem nos tornam as piores pessoas do mundo, que também erramos nos conselhos e queremos chutar o balde.
Dizer que é maravilhoso a maternidade , é permitido mas dizer que é a coisa mais estressante do mundo não é errado, é digno de coragem, ser mãe é o Ò do borogodó... é insuportável ser sempre a Super poderosa sempre, eu sei que a tarefa é só para pessoas fortes, mas pelo amor de Deus... também precisamos de férias...Esse é aquele lado escuro da maternidade ... quando sabemos que não podemos mas fazemos, quando queremos fazer o contrário e não podemos, porque sabemos da nossa responsabilidade , é quando sabemos os lados negativos, os efeitos nocivos das nossas negligências, o lado escuro da maternidade está em sempre estarmos nos sentindo punidas, julgadas e não sabermos o que fazer ao nos depararmos com as questões íntimas que nos colocam em perigo e aos outros, é quando alcançamos a depressão no seu auge e não conseguimos sair do labirinto que é nossa própria mente em desequilíbrio, mesmo sabendo que não é errado ter problemas que achamos não haver solução.
A mente humana se desconecta do TODO quando nos encontramos nesses conflitos internos, mas é comum, é aceitável e quanto mais nos punimos, quanto mais nos esforçamos para essa perfeição, mais adoecemos , porque não aceitamos que isso é natural.
Nós precisamos ser contraditórias, precisamos nos expressar com segurança, mas podemos surtar , o problema é que a responsabilidade sempre grita no nosso ouvido nos dizendo que precisamos ser perfeitas, maravilhosas, somos modelos a serem seguidos, mas somos?
Será que devemos ser sempre as rainhas do lar, as deusas do Olimpo?
Eu não sei responder isso, porque a perfeição é sempre a tarefa difícil de qualquer um, a questão é... sempre nos sentimos no dever de sermos melhores, essa parte é a arte boa de qualquer história, ao pensarmos que podemos ser melhores, nos esforçamos para isso, nos sentimos felizes por alcançar essa tarefa, nos sentimos bem ao fazermos o nosso melhor, por alcançarmos a alegria de servir, no fim, fazemos algo de bom ao sermos quem somos, logo, podemos sim mantermos o equilíbrio buscando o equilíbrio em tudo que nos propusermos fazer, então, a maternidade complicada como é ainda sim, somos capazes de concluir a missão dignamente, como deve ser.
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