quinta-feira, 15 de outubro de 2009

UM GÊNIO ESTRANHO - PÁGINA TRÊS


Os dias passam depressa , é como se o tempo quisesse correr, nada poderia dar errado os dois se encontraram numa taberna , as mulheres não freuqentavam lugares assim, só as mais ousadas. Os olhares se atrairam como dois ímãs, Isaac era um homem amável, as suas conversas eram sempre muito agradáveis, seu amigo fiel, se chamava Humbert era um músico muito bom com quem conversava durante horas a fio, trocavam idéias referentes a coisas da lua, adoravam conversar sobre os seres invisíveis, Humbert escrevera um soneto chamado Bailarinas , se tratava de uma história de seres da natureza, aos olhos infantis, um conto de fadas .Os dois ali estavam numa conversa amigável e idificante. Vanessa o entregou alguns escritos de algo que o interessara, algo que incrivelmente não lhe saia da cabeça, as estrelas, poruqe ficavam ali, paradas sem se chocarem, aquilo não poderia ser mágica, era uma ciência, era como Galileu dissera várias vezes, os corpos celestes se movimentam mas nós não notamos isso, pois possuem uma força que os sustentam. Deus não era cruel como os padres diziam.Deus era para ele bem mais além do que seus olhos pudessem ver, em seus sonhos viajava nas esferas mais altas, fora Galileu, sua reencarnação foi imediata para que este menino gênio desse continuidade as suas pesquisas e transformasse o mundo em algo mais além do que suas próprias espectativas, por isso nasceu prematuramente, algo incomum aos olhos de alguns espíritas mas a superioridade tem razões que desconhecemos.
Isaac estava radiante com o poema que Vanessa escrevera, ela via como ele um mundo mágico da química , suas esperiências eram com ervas, tirava a sua essência e ali aplicava todos os seus conhecimentos, tinha a mente expansiva e clara, tornara um homem de bem, sua família era grande mas este era uma pessoa quieta com seus pensamentos, era como uma máquina de pensar, em sua mente os corpos celestes dançavam no alto, era uma força que a ciência que ele estudara desconhecia e que aprendera com Galileu que o Sol era a estrela central e que todos aqueles planetas e estrelas se beneficiavam com sua grandeza, a Terra não era habitada por monstros embora achara que pessoas ruins fora monstros.Em seus estudos havia poesia e os escritos de Vanessa o fizera sonhar.
Vanessa o deixara ali na Taberna e fora embora com um sorriso translúcido, se apaixonara por ele, e ele por ela nos primeiros segundos em que seus olhos se voltaram para ela.Prometeram se encontrar longe das ruas escuras de Londres, lugares estranhos para uma mulher.Passaram a se encontrar com uma certa frequência então surgira um romance belo e sincero entre eles, nas poesias de Vanessa ela dizia sempre da energia que tinham,era com se um atraísse o outro, daí surgiu uma idéia muito confusa em sua mente brilhante, se assim sentia em relação a sua amada, porque não em relação aos astos do céu.
Fizeram então uma máquina que podia ver além dos olhos humanos, podiam ver além, era um espelho grande, com duas esferas paralelas, dentro de cada um colocavam vários vidros redondos dando a entender a aproximidade das coisas, conseguiram então fazer algo rústico, assim como um telescópio de nosso tempo presente, assim passavam dias a ver as estrelas até aprimorarem o projeto, mas era um segredo quase que absoluto, pois era para eles um passo além, a Igreja não aceitariam suas idéias assim tão fácil, Vanessa escrevera tudo em um pequeno caderno, tudo estava ali, registrado, em cada estudo que faziam registravam suas idéias curiosas, muitos estranhavam esse romance um tanto confuso, agora Vanessa passara a viver em Londres, num pequeno quarto, estaria ali perto do teatro, de todas as manifestações artisticas do qual admirava.Isaac tinha alguns momentos de solidão e angustia, sentira em seu ser a pressa de acontecer, parecia perceber que os tempos seriam abreviados, e ele deveria escrever suas idéias rapidamente.Vanessa o instruira a lecionar como fazia quando era mais jovem para poder pagar teus estudos e suas pesquisas, mas as grandes universidades da época os chamara de homem lunático e exêntrico, além de quê tinha lá suas manias.Era um homem na idéia da época um homem de idéias revolucionárias, passara a estudar a finco suas pesquisas e escrevia em uma publicação na grande cidade de Londres, poucos entendiam , começaram a questioná-lo de onde surgira tais idéias, e este sempre nomeava galileu como um doutor, mas suas maluquices não era apenas o que deixava a Igreja apreensiva , eram seus estudos químicos, suas experiências com substâncias, desde pequenas retalhos de folhas à ácidos, em seu pequeno laboratório , já fizera algumas explosões que assustavam a todos, faziam coletas diárias, observavam as plantas desde a sua germinação até o seu florescer.
Vanessa o acompanhava em seus estudos e anotara cada passo de suas descobertas.Era uma mulher cheia de vontades, Isaac ficava nervoso pois era uma mulher que falava muito, exteriorizava o que pensava então um dia dizera esta observação a ela, esta passou dias sem conversar e este sentindo falta de sua voz doce , voltara atrás. Era uma relação contagiante e enigmática, sempre que podiam se encontrava com Humbert e fazia saraus famosos, suas opiniões deixavam todos boqueabertos, até que resolveram fazer panfletagens sobre algumas idéias, muitos liam mas as originais ficavam aos cuidados de Vanessa já que as mulheres nada podiam desconfiar, já que ela era apenas uma senhora viúva, mas as suas aparições ao lado de Isaac deixara a sociedade inglesa preocupados.
Suas vidas tornaram mais intensas, um dia pensativo , caminhava por um longo parque no centro de Londres próximo ao centro de Estudos, perto da Igreja, de um convento e de algumas alfaiatarias, o silêncio se fazia presente em sua mente, este tinha um treino em dominar sua mente.Sentou-se debaixo de uma árvore e ali pensava sobre muitas coisas, em Vanessa e seus poemas quando entào caiu uma maça, esta madura e fresca, estranhou o acontecido por ser apenas o começo da estação, ao seu lado dois espíritos conhecidos... riam e o intuía a pensar sobre aquela estação, pensava nas poesias de Vanessa sobre sua força estranha que os traíam e neste momento pôs-se a pensar, o que faria aquela maça caisse da árvore, parecia um fruto leve, lembrou-se de suas pesquisas com pequenas plantas, lembrou-se de Vanessa e seus experimentos, aquela idéia o deixou pensativo, será que a mesma força que liga os corpos celestes é capaz de fazer aquela fruta cair? Pensou nisso por dias, queria entender o que se passara em sua mente, parecia fervilhar, muitas coisas se passara em sua mente, Será que Deus é responsável por tudo aquilo, então Deus não negaria a Ciência!!! Então essa idéia extraordinária de que Deus fora a criadora da ciência, e que tudo fora gerado por Deus, então essa força que atraia todos os corpos , sentimentos seria a ciência também, tudo teria uma explicação científica, não negariam essa idéia porque Deus era tudo, era a própria ciência pois se tudo tem a origem em Deus, então a ciência deveria ser de origem divina.Aquela idéia era muito singular e persistente em sua cabeça genial, então com a ajuda de Vanessa fez um texto romântico do que havia descoberto, guardou-o em um livro secreto e ali deixara aos cuidados de Vanessa.
Suas pesquisas em relaçào a energia que unia os seres eram intensas, eram cálculos e mais cálculos, fazia suas indagações inspiradoras, tinha como exemplo Galileu, um homem que fora seu herói pois tinha uma idéia e este a defendeu até seus últimos dias de sua vida, assim pensara também fazer defender aquilo que ele acreditara , esse sentimento o dominara dando força a suas idéias não convencionais.A cada dia que passave se dava conta de que aquelas idéias não eram sonhos, sentia que suas pesquisas se aplicavam a sua vida, os números passavam em sua cabeça como bombardeio de informações, sonhara novamente em levitar junto as estrelas, pensava em Deus como enregia criadora de todo aquele universo, agora Isaac acreditava em Deus mais de um jeito mais sutil, intensamente mais profundo.O romance entre Issac e Vanessa era intenso e sobrenatural mas estava perdendo a noção, seus estudos o fazia sentir pressa em provar aquilo tudo, sua cabeça era uma máquina de pensar, ãs vezes sentia necessidade de repousos mais longos, mas seus sonhos eram contagiados com suas idéias, não pensara em outra coisa a não ser a força motora de toda a existência , pois se essa força move os corpos celestes também moveria as ações humanas, era a ciência em Deus, mas a Igreja negara toda sua idéia como se fosse algo profano e blasfêmia, queriam que Isaac desse a continuidade de que Deus era o todo poderoso, essa idéia ele aprovava em seu ser, mas que Deus era cruel a ponto de renegar quem questiona sobre as suas criações, isso ele questionava com fervor, como Deus seria capaz de liderar uma guerra sanguinária, ele tinha muitos amigos na França sendo este país verdadeiro prisioneiro das idéias da Igreja, a França era sempre uma guerra interna entre uns e outros, a igreja na França fazia verdadeiros circos de fogo, assim como a França a Inglaterra tornara um país regido pelas forças negativas de trevosos, a França passara por uma guerra sangrenta, a população sofria horrores, era uma guerra interna entre eles e outros, pois em qualquer país da Europa a guerra era algo que dominava os pensamentos até dos que diziam mais santos.A Inglaterra era um país ainda em formação, todos estavam esperançosos com a paz e com a terra que acabara de surgir, eram terras a serem descobertas e a Igreja adorava essa dominação, em qualquer canto desse planeta tinha uma guerra existente, pois a esperança era sempre habitada nos corações de quem perdera muitos parentes e amigos.
Em todos os tempos a Igreja dominava , tinha idéias contrárias ao amor verdadeiro, a paz se tornara utopia, eram cidades inteiras massacradas, Vilas, Aldeias, os corações estavam cansados daquela vida de lutas e perdas.Isaac vivera num período onde o medo era constante mas em seu coração genial suas idéias vinham do Alto, tinha sido inspirações divinas e Vanessa também acreditava nisso.Estaria ele correndo perigo com suas idéias revolucionárias? Em sua mente genial sabia que sim mas como Galileu morreria defendendo-as.

UM GÊNIO ESTRANHO - PÁGINA DOIS


Vanessa estava indo bem em sua vida pacata e tinha planos de conhecer Isaac, ela tinha uma estranha ligação com ele, queria sua pinião sobre seus escritos, o fim de uma guerra fizera da Europa mais mansa embora a inquisição parecia não ter fim, as nossas personagens estavam ligadas entre si. Antônio adoecera e isso causou muita tristeza em Vanessa, esta então escreveu uma carta ao Isaac , algo lhe intuía a isso e assim foi feito.
Vanessa era uma cientista inata, pois sua curiosidade a fizera perceber muitas coisas no céu, Galileu era seu pai,era para ela um guia, havia lido suas obras, o considerava alguém genial e com ele aprendeu a desvendar os mistérios das estrelas, este fora morto e ela fora sempre a sua primeira fã.Seguiu sua vida ao lado do seu marido prestes a morrer de uma doença enigmática, ali esteve até seus últimos dias, foi quando recebeu uma correspondência do então Isaac, ele a escrevera brilhantemente bem e prometera sempre ler seus escritos e ali dizer suas sinceras opiniões, mas esta escrevera em nome de David Brown, e não Vanessa Stuart.Assim foram meses de correspondência, então Vanessa decidira ir até Londres, mas ficara com receio de encontrá-lo , então escrevera a Isaac e desse a verdade sem muito rodeio, este se encantara com ela.Agora viúva Vanessa passara a vender seus escritos sempre em nome de David, ninguém suspeitava mesmo que fosse algo comum na Inglaterra.
A vida agora estava tranquila, seu coração pertencera sempre ao seu marido e agora viúva se sentira só, Isaac tornara um grande amigo e este lhe agradava com escritos um tanto estranhos sobre o mundo que esta nunca pensara existir.E essas correspondência duraram muitos anos até que um dia pudessem se encontrar.
Todas as tardes ficava ali olhando as estrelas e o céu azul anil, lia e relia os escritos de Vanessa que agora tornou-se uma noveleira por causa de seus escritos para o teatro de folhetos, a vida de ambos eram corriqueirass, muitas mulheres se admiravam por Isaac mas seu coração se encantara com Vanessa, era uma mulher diferentes das outras que ele conhecia, se encantara com suas poesias, com suas idéias maravilhosas sobre o espaço.
Isaac estava estudando uma nova teoria , era como se fosse uma continualidade, mas esperançoso em dar ao mundo uma nova idéia de existência, facava distante quando se encontrava junto a natureza, seus olhos ficavam inundados de uma energia incomum, tinha em Galileu uma admiração um tanto enigmática para ele, por possuirem as idéias comuns, este tinha seu retrato no quadro pintado por sua prima, que muito lhe apreciara, por ele tinha uma paixão adormecida, ela pintava em segredo , pois mulheres atuantes assim era difícil se casarem, muitas mulheres se escondiam em suas casas com suas idéias consideradas malucas, mas na verdade estavam se protegendo da ignorância da Igreja as tornando bruxas.
Vanessa também se encantara por plantas, era uma verdadeira botânica, ela apreciara com muita clareza a vida das plantas, colhia os frutos pensando em como seria sua curta vida, para ela assim como ela tinha vida, fora criada num convento , pois seus pais muito eram temerosos, entào a colocara numa escola para que fosse educada com muita rigidez para que ninguém fosse suspeitar de uma moça assim embora fosse bastante rebelde, saira da escola para se casar com Antônio, e assim fizera até sua morte.
Desde de muito jovem Isaac demostrava estranho comportamento, era muito curioso e vivia encima das árvores, se deliciava com as pedras, plantas, misturava algumas substâncias procurando qualquer reação, sempre fora um aluno brilhante e sensato, sempre questionara sobre tudo , chegou a um ponto do professor expulsá-lo de sala de aula por questionar a existência de Deus e das estrelas, aprendera desde cedo a pensar antes de falar qualquer coisa, e sabia ouvir, quando se aborrecia com algo, ficava num canto pensando no que ocorrera, fora criado por seus tios desde muito cedo, seus pais morreram quando ainda era jovem, era complicado falar sobre isso pois sentira uma dor incomum a esse respeito, nascera prematuro e sua mãe morrera em seguida, seu pai ficara muito transtornado, vivera sem muito luxo mas teve uma infância feliz ao lado de sua prima Elizabete, mulher de temperamento forte, era uma artista contida, os dois tivera um romance infantil mas nada que comprometesse a vida dos dois, mantiveram sua amizade e amor.
Vanessa fora sempre uma mulher tempestiva, questionadora e impulsiva, seu marido a admirava pois a ele ajudou em muitas questões políticas, em até alguns discursos, manteram suas vidas em harmonia, não tivera filhos apenas abandonara a idéia.
A França vivera tempos sombrios, em muitas ocasiões ia a França estudar com outros tantos amigos de pesquisas, havia uma biblioteca em que poderia entrar em qualquer momento, pertencia a um padre francês, este mantinha uma correspondência com ele, por possuir vasto conhecimento da vida das estrelas,o padre chamara João, e estava velho e aqueles encontros com Isaac lhe agradavam muito.
Inglaterra e frança tinha laços estreitos embora com guerras constantes chegaram ao ponto de perceberem que um dependia do outro, a França era um país de muitos conhecimentos, era o berço de muitos estudos científicos que encantava Isaac.
Isaac era conhecido por seus escritos parecidos com o de Galileu, era tào parecidos que muitos o acusaram de plágio, Isaac não se importava muito com isso, era um grande aprendiz e muito estudioso, muitos os achava estranho, quieto e observador, olhavam para ele e se sentiam nús quando seus olhos miúdos os observavam.Era um homem rubusto e muito atencioso mas não era de muita conversa, gostava de conversas que podiam lhe ensinar algo, sempre rodeado de mulheres nunca se envolveu com ninguém pois nunca saíra de seu foco, que era unicamente a ciência, até conhecer Vanessa, uma mulher intrigante que sempre incentivava aos estudos e se interessava por seus escritos.Um dia resolveram enfim se encontrarem, os dois anciosos com o encontro, ele por conhecer uma mulher inteligente e ela por encontrar um homem igualmente inteligente, mas seus coração igualmente transmitiam uma luz e uma energia que lhe eram idênticas, tinham um sentimento em comum, eram almas afins e isso era notório.Ela era sua grande incentivadora, entendia perfeitamente as suas conversas com os seres que frequentemente o encontrava, este era um segredo de ambos, ninguém mais além deles.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

UM GÊNIO ESTRANHO- PRIMEIRA PÁGINA


Ela chegou e colocou o peso nos papeis encima da mesa, destacou algumas frases e então pos-se a ler novamente seus inscritos, a mulher naquela época era um pouco desacreditada, suas saias diziam como seria sua vida, pois tudo aquilo ali estava longe de ser a felicidade.Quanto mais se vestia maior era a posição social, as mulheres daquela época era sempre um sinal de redenção, ela então, pensou num codinome, não podia assinar seu verdadeiro nome, achamva aquilo um tanto estranho mas ela, Vanessa, apenas assinou David Brown, apenas um nome... seria um nome masculino com dizeres femininos, mas para ser escritora na Inglaterra era preciso fazer isso, sem nenhum constrangimento, muitas mulheres faziam isso, colocava os nomes de seus maridos para dizer o que pensavam. Muitas vezes Vanessa pensara em fazer algo assim, mas seu marido não aceitaria, ele era um político, e mulheres assim, só a realeza, e Vanessa não era rainha, era apenas uma mulher que lia e escrevia, longe dos olhos de seu marido Antônio, nome português em terras estrangeiras, então, assim agora seria David Brown, um escritor inglês, com alma feminina num mundo machista.Muitas mulheres iam ao teatro ver as obras mais famosas do mundo ao lado de seus maridos e muitas daquelas obras eram escritas por mulheres, algumas peças eram deixadas nas portas dos teatros e alguns autores as interpretavam, uma dessas mulheres era Vanessa, tinha olhos para a arte como seu marido, que muito encantara com seus escritos mas não divulgara por achar incoveniente, era um homem bom e bem mais velho que ela, tinha cabelos já grisalhos e tinha os lábios marcados por brigas no parlamento, a guerra já se findara e a Inglaterra passava por uma recessão, famílias tinham dificuldades de se alimentarem, muitas mulheres tomavam posturas masculinas,acabara uma guerra e a Inglaterra aprendera com os franceses, um pouco mais de civilidade já que possuiam mentes brilhantes, as idéias de libertade encantava Antônio, já com seus 60 anos completos e Vanessa apenas 35 anos, ela o amava com muita dignidade , nada a fizera voltar para casa de seus pais mesmo eles estando doentes, pois eles a maltratavam muito devido a sua personalidade marcante e sua inteligência incomum, suas peças eram românticas e femininas, os homens da arte achavam seus escritos sinceros e puros e isso encantava a rainha e seus parlamentares.A Inglaterra era um país muito civilizado , as mulheres se encantavam com os teatros e as músicas, muitos franceses fugidos da revolução se instalaram ali. As terras da América lhe causava alvoroso, pois muitos tinham vontade de conhecer uma terra nova e cheia de sonhos, muitos iam para a América com sonhos e paixões, ali seria uma terra abençoada e ali estaria o destino de Vanessa? Talvez.
Antônio seguira o caminho certo da política, tinha boas idéias mas sua idade não deixava-o ser ainda mais ousado, a eletricidade fizera de sua vida algo de novo e bom, poucos entendiam sobre isso, ele era um cientísta inato, era curioso mas sua família o impedira de pesquisar muitas coisas, se incantava com as idéias de seus contemporâneos, tudo era uma grande novidade Isaac Newton era um fenônemo, e todos queriam estar ao seu lado, era um homem rude, pois muitos o procuravam e muitos também os achavam um lunático como sempre fora os que eram inteligentes e amantes de suas idéias incomuns.
Sempre existiu pessoas notáveis para que a humanidade se beneficiasse de suas idéias vindas do alto, nesta época existia muitas descbertas, as doenças causadas pela falta de higiene se alastravam na Europa, as guerras constantes faziam com que as bactérias se alastrassem, havia muitas infecções, que hoje em nosssos dias são comuns, a vida ali nos arredores de Londres era tranquila, havia esperanças no porvir, todos os ingleses estavam esperançosos, a guerra matara muitos mas outros tantos queriam somente viver.
Isaac era um rapaz muito interessante, tinha os olhos muidos, pouco enxergava, sua visào fora muito prejudicada por estilhaços, mas não o impedira de enxergar além do que via, sentia em sua alma a pureza e a inocência, era rude , não como um ser grosseiro, mas alguém que falava pouco e muito pensava, era tão genuíno em suas colocações que qualquer um se encantava ou se amedrontava, desde de menino sentira que fora diferente dos outros meninos, estudara muito , era de uma família pobre, mas o trabalho nunca faltara, seus trabalhos eram bem desempenhado , pois era muito perfeccionista.Tudo ocorrera bem em sua infância, sentia a pureza da vida em seus detalhes, gostava de sentir o vento, a água deslizando em seu corpo e ainda mais, era extremamente sensível as coisas do alto, em muitos momentos seus tios o achavam maluco pois era notável a sua percepção, conversava debaixo das árvores com seres que conhecia bem, eram amigos do alto que vinham lhe visitar, era um menino, um rapaz e enfim um homem enigmático, e Vanessa muito interessava pelos seus escritos, pois dentro dela havia algo que o fazia sentir atraída por ele, era algo que não poderia explicar, era algo muito estranho aos seus sonhos de menina , pois era uma menina com jeito de menino, esquecera as bonecas e subia nas árvores, colhia frutas, era uma menina incrível mas a consideravam um tanto rebelde. Nossos personagens estavam em lugares distantes mas algo os atraiam.

O MARTELO DAS FEITICEIRAS- MALLEUS MALLEFICARUM

ROSE MARIE MURARO

Para compreendermos a importância do Malleus é preciso termos uma visão ao menos mínima da história da mulher no interior da história humana em geral.
Segundo a maioria dos antropólogos, o ser humano habita este planeta há mais de dois milhões de anos. Mais de três quartos deste tempo a nossa espécie passou nas culturas de coleta e caça aos pequenos animais. Nessas sociedades não havia necessidade de força física para a sobrevivência, e nelas as mulheres possuíam um lugar central.
Em nosso tempo ainda existem remanescentes dessas culturas, tais como os grupos mahoris (Indonésia), pigmeus e bosquímanos (África Central). Estes são os grupos mais primitivos que existem e ainda sobrevivem da coleta dos frutos da terra e da pequena caça ou pesca. Nesses grupos, a mulher ainda é considerada um ser sagrado, porque pode dar a vida e, portanto, ajudar a fertilidade da terra e dos animais. Nesses grupos, o princípio masculino e o feminino governam o mundo juntos. Havia divisão de trabalho entre os sexos, mas não havia desigualdade. A vida corria mansa e paradisíaca.
Nas sociedades de caça aos grandes animais, que sucedem a essas mais primitivas, em que a força física é essencial, é que se inicia a supremacia masculina. Mas nem nas sociedades de coleta nem nas de caça se conhecia função masculina na procriação. Também nas sociedades de caça a mulher era considerada um ser sagrado, que possuía o privilégio dado pelos deuses de reproduzir a espécie. Os homens se sentiam marginalizados nesse processo e invejavam as mulheres. Essa primitiva “inveja do útero” dos homens é a antepassada da moderna “inveja do pênis” que sentem as mulheres nas culturas patriarcais mais recentes.
A inveja do útero dava origem a dois ritos universalmente encontrados nas sociedades de caça pelos antropólogos e observados em partes opostas do mundo, como Brasil e Oceania. O primeiro é o fenômeno da couvade, em que a mulher começa a trabalhar dois dias depois de parir e o homem fica de resguardo com o recém-nascido, recebendo visitas e presentes… O segundo é a iniciação dos homens. Na adolescência, a mulher tem sinais exteriores que marcam o limiar da sua entrada no mundo adulto. A menstruação a torna apta à maternidade e representa um novo patamar em sua vida. Mas os adolescentes homens não possuem esse sinal tão óbvio. Por isso, na puberdade eles são arrancados pelos homens às suas mães, para serem iniciados na “casa dos homens”. Em quase todas essas iniciações, o ritual é semelhante: é a imitação cerimonial do parto com objetos de madeira e instrumentos musicais. E nenhuma mulher ou criança pode se aproximar da casa dos homens, sob pena de morte. Desse dia em diante o homem pode “parir” ritualmente e, portanto, tomar seu lugar na cadeia das gerações…
Ao contrário da mulher, que possuía o “poder biológico”, o homem foi desenvolvendo o “poder cultural” à medida que a tecnologia foi avançando. Enquanto as sociedades eram de coleta, as mulheres mantinham uma espécie de poder, mas diferente das culturas patriarcais. Essas culturas primitivas tinham de ser cooperativas, para poder sobreviver em condições hostis, e portanto não havia coerção ou centralização, mas rodízio de lideranças, e as relações entre homens e mulheres eram mais fluidas do que viriam a ser nas futuras sociedades patriarcais.
Nos grupos matricêntricos, as formas de associação entre homens e mulheres não incluíam nem a transmissão do poder nem a da herança, por isso a liberdade em termos sexuais era maior. Por outro lado, quase não existia guerra, pois não havia pressão populacional pela conquista de novos territórios.
É só nas regiões em que a coleta é escassa, ou onde vão se esgotando os recursos naturais vegetais e os pequenos animais, que se inicia a caça sistemática aos grandes animais. E aí começam a se instalar a supremacia masculina e a competitividade entre os grupos na busca de novos territórios. Agora, para sobreviver, as sociedades têm de competir entre si por um alimento escasso. As guerras se tornam constantes e passam a ser mitificadas. Os homens mais valorizados são os heróis guerreiros. Começa a se romper a harmonia que ligava a espécie humana à natureza. Mas ainda não se instala definitivamente a lei do mais forte. O homem ainda não conhece com precisão a sua função reprodutora e crê que a mulher fica grávida dos deuses. Por isso ela ainda conserva poder de decisão. Nas culturas que vivem da caça, já existe estratificação social e sexual, mas não é completa como nas sociedades que se lhes seguem.
É no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem começa a dominar a sua função biológica reprodutora, e, podendo controlá-la, pode também controlar a sexualidade feminina. Aparece então o casamento como o conhecemos hoje, em que a mulher é propriedade do homem e a herança se transmite através da descendência masculina. Já acontece assim, por exemplo, nas sociedades pastoris descritas na Bíblia. Nessa época, o homem já tinha aprendido a fundir metais. Essa descoberta acontece por volta de 10000 ou 8000 a.C. E, à medida que essa tecnologia se aperfeiçoa, começam a ser fabricadas não só armas mais sofisticadas como também instrumentos que permitem cultivar melhor a terra (o arado, por ex.).
Hoje há consenso entre os antropólogos de que os primeiros humanos a descobrir os ciclos da natureza foram as mulheres, porque podiam compará-los com o ciclo do próprio corpo. Mulheres também devem ter sido as primeiras plantadoras e as primeiras ceramistas, mas foram os homens que, a partir da invenção do arado, sistematizaram as atividades agrícolas, iniciando uma nova era, a era agrária, e com ela a história em que vivemos hoje.
Para poder arar a terra, os grupamentos humanos deixam de ser nômades. São obrigados a se tornar sedentários. Dividem a terra e formam as primeiras plantações. Começam a se estabelecer as primeiras aldeias, depois as cidades, as cidades-estado, os primeiros Estados e os impérios, no sentido antigo do termo. As sociedades, então, se tornam patriarcais, isto é, os portadores dos valores e da sua transmissão são os homens. Já não são mais os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim, a lei do mais forte. A comida era primeiro para o dono da terra, sua família, seus escravos e seus soldados. Até ser escravo era privilégio. Só os párias nômades, os sem-terra, é que pereciam no primeiro inverno ou na primeira escassez.
Nesse contexto, quanto mais filhos, mais soldados e mais mão-de-obra barata para arar a terra. As mulheres tinham a sua sexualidade rigidamente controlada pelos homens. O casamento era monogâmico e a mulher era obrigada a sair virgem das mãos do pai para as mãos do marido. Qualquer ruptura desta norma podia significar a morte. Assim também o adultério: um filho de outro homem viria ameaçar a transmissão da herança que se fazia através da descendência da mulher. A mulher fica, então, reduzida ao âmbito doméstico. Perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, que fica inteiramente reservado ao homem. A dicotomia entre o privado e o público torna-se, então, a origem da dependência econômica da mulher, e esta dependência, por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma submissão psicológica que dura até hoje.
É nesse contexto que transcorre todo o período histórico até os dias de hoje. De matricêntrica, a cultura humana passa a patriarcal.
E o Verbo Veio Depois
“No princípio era a Mãe, o Verbo veio depois.” É assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie através da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana.
Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem auxílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.
Essas quatro etapas que se sucedem também cronologicamente são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica da humanidade para sua fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase já citada de Marilyn French.
Alguns exemplos nos farão entender as diversas etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira etapa em que a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele a criadora primária é Geia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses: Urano, os Titãs e as protodeusas, entre as quais Réia, que virá a ser a mãe do futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar origem ao candomblé. Neste mito africano, é Nana Buruquê que dá à luz todos os orixás, sem auxílio de ninguém.
Exemplos do segundo caso são o deus andrógino que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o princípio feminino e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa.
Exemplos do terceiro caso são as mitologias nas quais reinam em primeiro lugar deusas mulheres, que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está a sumeriana, em que primitivamente a deusa Siduri reinava num jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopéia de Gilgamesh, ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titãs e os Quatrocentos Habitantes do Sul (as estrelas). Mais tarde, seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli.
A partir do segundo milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos em que a divindade primária seja mulher. Em muitos deles, estas são substituídas por um deus macho que cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente e acima de todos, o nosso mito cristão, que é o que será enfocado aqui.
Javé é deus único todo-poderoso, onipresente, e controla todos os seres humanos em todos os momentos da sua vida. Cria sozinho o mundo em sete dias e, no final, cria o homem. E só depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim das Delícias onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso.
Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento cuja transgressão é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva, amorosa e não-coercitiva. E como todos os mitos fundantes das grandes culturas tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a transformação do matricentrismo em patriarcado.
O Jardim das Delícias é a lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e podia se viver mais prazerosamente. Quando o homem começa a dominar a natureza, ele começa a se separar dessa mesma natureza em que até então vivia imerso.
Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original, a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios, popular -mente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos).
É por isso que a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento gera o trabalho e por isso o corpo tem de ser amaldiçoado, porque o trabalho é bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer) doravante é mau e, portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado apenas às funções procriativas, e mesmo assim é uma culpa.
Daí a divisão entre sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das classes…
Tomam aí sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o conhecimento, o homem tem que sofrer. O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação. O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência, e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho.
Mas o interessante é que os primeiros capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas, especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que todos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. É à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina.
E para que possa se tornar homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a ameaça de morte pelo pai. Como Adão, o menino quer matar o pai e este o pune, deixando-o só.
Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva, é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim o conhecimento do bem e do mal, que.vem da experiência concreta do prazer e da sexualidade, o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o conhecimento feminino por excelência.
Freud dizia que a natureza tinha sido madrasta para a mulher porque ela não era capaz de simbolizar tão perfeitamente como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que daí por diante caracterizará a cultura patriarcal, é preciso analisar a maneira como as ciências psicológicas mais atuais apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente da masculina.
A mesma idade em que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá à maturidade. Porque já vem castrada, isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado), quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o pai por causa da mãe. Porque já vem castrada, não tem nada a perder. E a sua identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga inteiramente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstraio.
De agora em diante, poder, competitividade, conhecimento, controle, manipulação, abstração e violência vêm juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de interferir nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença de sua própria inferioridade em relação ao homem.
E não espanta que na própria Bíblia encontremos o primeiro indício desta desigualdade entre homens e mulheres. Quando Deus cria o homem, Ele o cria só e apenas depois tira a companheira da costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primeira mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido por todos aqueles que lidam com a psique humana e serve para revelar escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas, em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não está mais ligado ao sagrado e é, antes, uma vulnerabilidade do que uma força. A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e domina a natureza.
Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa. Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo homem.
Da época em que foi escrito o Gênesis até os nossos dias, isto é, de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E, aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que têm de ser rigorosamente normalizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no demônio, no tentador, na fonte de todo pecado. E ao demônio é alceado o pecado por excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos está se tentando deslocar o pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as classes dominantes tiveram seu status sacralizado porque a mulher e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da degradação humana.
O Malleus como Continuação do Gênesis
Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o status da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante liberdade sexual, jamais chegaram a ter poder de decisão no Império. Quando o Cristianismo se torna a religião oficial dos romanos no século IV, tem início a Idade Média. Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos interessa.
Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de conflito de valores, é muito confusa a situação da mulher. Contudo, ela tende a ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram jogadas para o domínio público quando havia escassez de homens e voltavam para o domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura.
Na alta Idade Média, a condição das mulheres floresce. Elas têm acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as cruzadas, período em que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença.
E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados do século XVIII que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de “caça às bruxas”.É no decorrer do neolítico que, em algum momento, o homem começa a dominar a sua função biológica reprodutora, e, podendo controlá-la, pode também controlar a sexualidade feminina. Aparece então o casamento como o conhecemos hoje, em que a mulher é propriedade do homem e a herança se transmite através da descendência masculina. Já acontece assim, por exemplo, nas sociedades pastoris descritas na Bíblia. Nessa época, o homem já tinha aprendido a fundir metais. Essa descoberta acontece por volta de 10000 ou 8000 a.C. E, à medida que essa tecnologia se aperfeiçoa, começam a ser fabricadas não só armas mais sofisticadas como também instrumentos que permitem cultivar melhor a terra (o arado, por ex.).
Hoje há consenso entre os antropólogos de que os primeiros humanos a descobrir os ciclos da natureza foram as mulheres, porque podiam compará-los com o ciclo do próprio corpo. Mulheres também devem ter sido as primeiras plantadoras e as primeiras ceramistas, mas foram os homens que, a partir da invenção do arado, sistematizaram as atividades agrícolas, iniciando uma nova era, a era agrária, e com ela a história em que vivemos hoje.
Para poder arar a terra, os grupamentos humanos deixam de ser nômades. São obrigados a se tornar sedentários. Dividem a terra e formam as primeiras plantações. Começam a se estabelecer as primeiras aldeias, depois as cidades, as cidades-estado, os primeiros Estados e os impérios, no sentido antigo do termo. As sociedades, então, se tornam patriarcais, isto é, os portadores dos valores e da sua transmissão são os homens. Já não são mais os princípios feminino e masculino que governam juntos o mundo, mas, sim, a lei do mais forte. A comida era primeiro para o dono da terra, sua família, seus escravos e seus soldados. Até ser escravo era privilégio. Só os párias nômades, os sem-terra, é que pereciam no primeiro inverno ou na primeira escassez.
Nesse contexto, quanto mais filhos, mais soldados e mais mão-de-obra barata para arar a terra. As mulheres tinham a sua sexualidade rigidamente controlada pelos homens. O casamento era monogâmico e a mulher era obrigada a sair virgem das mãos do pai para as mãos do marido. Qualquer ruptura desta norma podia significar a morte. Assim também o adultério: um filho de outro homem viria ameaçar a transmissão da herança que se fazia através da descendência da mulher. A mulher fica, então, reduzida ao âmbito doméstico. Perde qualquer capacidade de decisão no domínio público, que fica inteiramente reservado ao homem. A dicotomia entre o privado e o público torna-se, então, a origem da dependência econômica da mulher, e esta dependência, por sua vez, gera, no decorrer das gerações, uma submissão psicológica que dura até hoje.
É nesse contexto que transcorre todo o período histórico até os dias de hoje. De matricêntrica, a cultura humana passa a patriarcal.
E o Verbo Veio Depois
“No princípio era a Mãe, o Verbo veio depois.” É assim que Marilyn French, uma das maiores pensadoras feministas americanas, começa o seu livro Beyond Power (Summit Books, Nova York, 1985). E não é sem razão, pois podemos retraçar os caminhos da espécie através da sucessão dos seus mitos. Um mitólogo americano, em seu livro The Masks of God Occidental Mythology (Nova York, 1970), citado por French, divide em quatro grupos todos os mitos conhecidos da criação. E, surpreendentemente, esses grupos correspondem às etapas cronológicas da história humana.
Na primeira etapa, o mundo é criado por uma deusa mãe sem auxílio de ninguém. Na segunda, ele é criado por um deus andrógino ou um casal criador. Na terceira, um deus macho ou toma o poder da deusa ou cria o mundo sobre o corpo da deusa primordial. Finalmente, na quarta etapa, um deus macho cria o mundo sozinho.
Essas quatro etapas que se sucedem também cronologicamente são testemunhas eternas da transição da etapa matricêntrica da humanidade para sua fase patriarcal, e é esta sucessão que dá veracidade à frase já citada de Marilyn French.
Alguns exemplos nos farão entender as diversas etapas e a frase de French. O primeiro e mais importante exemplo da primeira etapa em que a Grande Mãe cria o universo sozinha é o próprio mito grego. Nele a criadora primária é Geia, a Mãe Terra. Dela nascem todos as protodeuses: Urano, os Titãs e as protodeusas, entre as quais Réia, que virá a ser a mãe do futuro dominador do Olimpo, Zeus. Há também o caso do mito Nagô, que vem dar origem ao candomblé. Neste mito africano, é Nana Buruquê que dá à luz todos os orixás, sem auxílio de ninguém.
Exemplos do segundo caso são o deus andrógino que gera todos os deuses, no hinduísmo, e o yin e o yang, o princípio feminino e o masculino que governam juntos na mitologia chinesa.
Exemplos do terceiro caso são as mitologias nas quais reinam em primeiro lugar deusas mulheres, que são, depois, destronadas por deuses masculinos. Entre essas mitologias está a sumeriana, em que primitivamente a deusa Siduri reinava num jardim de delícias e cujo poder foi usurpado por um deus solar. Mais tarde, na epopéia de Gilgamesh, ela é descrita como simples serva. Ainda, os mitos primitivos dos astecas falam de um mundo perdido, de um jardim paradisíaco governado por Xoxiquetzl, a Mãe Terra. Dela nasceram os Huitzuhuahua, que são os Titãs e os Quatrocentos Habitantes do Sul (as estrelas). Mais tarde, seus filhos se revoltam contra ela e ela dá à luz o deus que iria governar a todos, Huitzilopochtli.
A partir do segundo milênio a.C., contudo, raramente se registram mitos em que a divindade primária seja mulher. Em muitos deles, estas são substituídas por um deus macho que cria o mundo a partir de si mesmo, tais como os mitos persa, meda e, principalmente e acima de todos, o nosso mito cristão, que é o que será enfocado aqui.
Javé é deus único todo-poderoso, onipresente, e controla todos os seres humanos em todos os momentos da sua vida. Cria sozinho o mundo em sete dias e, no final, cria o homem. E só depois cria a mulher, assim mesmo a partir do homem. E coloca ambos no Jardim das Delícias onde o alimento é abundante e colhido sem trabalho. Mas, graças à sedução da mulher, o homem cede à tentação da serpente e o casal é expulso do paraíso.
Antes de prosseguir, procuremos analisar o que já se tem até aqui em relação à mulher. Em primeiro lugar, ao contrário das culturas primitivas, Javé é deus único, centralizador, dita rígidas regras de comportamento cuja transgressão é sempre punida. Nas primitivas mitologias, ao contrário, a Grande Mãe é permissiva, amorosa e não-coercitiva. E como todos os mitos fundantes das grandes culturas tendem a sacralizar os seus principais valores, Javé representa bem a transformação do matricentrismo em patriarcado.
O Jardim das Delícias é a lembrança arquetípica da antiga harmonia entre o ser humano e a natureza. Nas culturas de coleta não se trabalhava sistematicamente. Por isso os controles eram frouxos e podia se viver mais prazerosamente. Quando o homem começa a dominar a natureza, ele começa a se separar dessa mesma natureza em que até então vivia imerso.
Como o trabalho é penoso, necessita agora de poder central que imponha controles mais rígidos e punição para a transgressão. É preciso usar a coerção e a violência para que os homens sejam obrigados a trabalhar, e essa coerção é localizada no corpo, na repressão da sexualidade e do prazer. Por isso o pecado original, a culpa máxima, na Bíblia, é colocado no ato sexual (é assim que, desde milênios, popular -mente se interpreta a transgressão dos primeiros humanos).
É por isso que a árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. O progresso do conhecimento gera o trabalho e por isso o corpo tem de ser amaldiçoado, porque o trabalho é bom. Mas é interessante notar que o homem só consegue conhecimento do bem e do mal transgredindo a lei do Pai. O sexo (o prazer) doravante é mau e, portanto, proibido. Praticá-lo é transgredir a lei. Ele é, portanto, limitado apenas às funções procriativas, e mesmo assim é uma culpa.
Daí a divisão entre sexo e afeto, entre corpo e alma, apanágio das civilizações agrárias e fonte de todas as divisões e fragmentações do homem e da mulher, da razão e da emoção, das classes…
Tomam aí sentido as punições de Javé. Uma vez adquirido o conhecimento, o homem tem que sofrer. O trabalho o escraviza. E por isso o homem escraviza a mulher. A relação homem-mulher-natureza não é mais de integração e, sim, de dominação. O desejo dominante agora é o do homem. O desejo da mulher será para sempre carência, e é esta paixão que será o seu castigo. Daí em diante, ela será definida por sua sexualidade, e o homem, pelo seu trabalho.
Mas o interessante é que os primeiros capítulos do Gênesis podem ser mais bem entendidos à luz das modernas teorias psicológicas, especialmente a psicanálise. Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida, eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que todos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhes dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir a sua autonomia e, com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. É à medida que o homem se cinde do Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume a sua condição masculina.
E para que possa se tornar homem em termos simbólicos, ele precisa passar pela punição maior que é a ameaça de morte pelo pai. Como Adão, o menino quer matar o pai e este o pune, deixando-o só.
Assim, aquilo que se verifica no decorrer dos séculos, isto é, a transição das culturas de coleta para a civilização agrária mais avançada, é relembrado simbolicamente na vida de cada um dos homens do mundo de hoje. Mas duas observações devem ser feitas. A primeira é que o pivô das duas tragédias, a individual e a coletiva, é a mulher; e a segunda, que o conhecimento condenado não é o conhecimento dissociado e abstrato que daí por diante será o conhecimento dominante, mas sim o conhecimento do bem e do mal, que.vem da experiência concreta do prazer e da sexualidade, o conhecimento totalizante que integra inteligência e emoção, corpo e alma, enfim, aquele conhecimento que é, especificamente na cultura patriarcal, o conhecimento feminino por excelência.
Freud dizia que a natureza tinha sido madrasta para a mulher porque ela não era capaz de simbolizar tão perfeitamente como o homem. De fato, para podermos entender a misoginia que daí por diante caracterizará a cultura patriarcal, é preciso analisar a maneira como as ciências psicológicas mais atuais apontam para uma estrutura psíquica feminina bem diferente da masculina.
A mesma idade em que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá à maturidade. Porque já vem castrada, isto é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado), quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda como o menino entra com o pai por causa da mãe. Porque já vem castrada, não tem nada a perder. E a sua identificação com a mãe se resolve sem grandes traumas. Ela não se desliga inteiramente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto da sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem e, por isso, são perigosos e desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstraio.
De agora em diante, poder, competitividade, conhecimento, controle, manipulação, abstração e violência vêm juntos. O amor, a integração com o meio ambiente e com as próprias emoções são os elementos mais desestabilizadores da ordem vigente. Por isso é preciso precaver-se de todas as maneiras contra a mulher, impedi-la de interferir nos processos decisórios, fazer com que ela introjete uma ideologia que a convença de sua própria inferioridade em relação ao homem.
E não espanta que na própria Bíblia encontremos o primeiro indício desta desigualdade entre homens e mulheres. Quando Deus cria o homem, Ele o cria só e apenas depois tira a companheira da costela deste. Em outras palavras: o primeiro homem dá à luz (pare) a primeira mulher. Esse fenômeno psicológico de deslocamento é um mecanismo de defesa conhecido por todos aqueles que lidam com a psique humana e serve para revelar escondendo. Tirar da costela é menos violento do que tirar do próprio ventre, mas, em outras palavras, aponta para a mesma direção. Agora, parir é ato que não está mais ligado ao sagrado e é, antes, uma vulnerabilidade do que uma força. A mulher se inferioriza pelo próprio fato de parir, que outrora lhe assegurava a grandeza. A grandeza agora pertence ao homem, que trabalha e domina a natureza.
Já não é mais o homem que inveja a mulher. Agora é a mulher que inveja o homem e é dependente dele. Carente, vulnerável, seu desejo é o centro da sua punição. Ela passa a se ver com os olhos do homem, isto é, sua identidade não está mais nela mesma e sim em outro. O homem é autônomo e a mulher é reflexa. Daqui em diante, como o pobre se vê com os olhos do rico, a mulher se vê pelo homem.
Da época em que foi escrito o Gênesis até os nossos dias, isto é, de alguns milênios para cá, essa narrativa básica da nossa cultura patriarcal tem servido ininterruptamente para manter a mulher em seu devido lugar. E, aliás, com muita eficiência. A partir desse texto, a mulher é vista como a tentadora do homem, aquela que perturba a sua relação com a transcendência e também aquela que conflitua as relações entre os homens. Ela é ligada à natureza, à carne, ao sexo e ao prazer, domínios que têm de ser rigorosamente normalizados: a serpente, que nas eras matricêntricas era o símbolo da fertilidade e tida na mais alta estima como símbolo máximo da sabedoria, se transforma no demônio, no tentador, na fonte de todo pecado. E ao demônio é alceado o pecado por excelência, o pecado da carne. Coloca-se no sexo o pecado supremo e, assim, o poder fica imune à crítica. Apenas nos tempos modernos está se tentando deslocar o pecado da sexualidade para o poder. Isto é, até hoje não só o homem como as classes dominantes tiveram seu status sacralizado porque a mulher e a sexualidade foram penalizadas como causa máxima da degradação humana.
O Malleus como Continuação do Gênesis
Enquanto se escrevia o Gênesis no Oriente Médio, as grandes culturas patriarcais iam se sucedendo. Na Grécia, o status da mulher foi extremamente degradado. O homossexualismo era prática comum entre os homens e as mulheres ficavam exclusivamente reduzidas às suas funções de mãe, prostituta ou cortesã. Em Roma, embora durante certo período tivessem bastante liberdade sexual, jamais chegaram a ter poder de decisão no Império. Quando o Cristianismo se torna a religião oficial dos romanos no século IV, tem início a Idade Média. Algo novo acontece. E aqui nos deteremos porque é o período que mais nos interessa.
Do terceiro ao décimo séculos, alonga-se um período em que o Cristianismo se sedimenta entre as tribos bárbaras da Europa. Nesse período de conflito de valores, é muito confusa a situação da mulher. Contudo, ela tende a ocupar lugar de destaque no mundo das decisões, porque os homens se ausentavam muito e morriam nos períodos de guerra. Em poucas palavras: as mulheres eram jogadas para o domínio público quando havia escassez de homens e voltavam para o domínio privado quando os homens reassumiam o seu lugar na cultura.
Na alta Idade Média, a condição das mulheres floresce. Elas têm acesso às artes, às ciências, à literatura. Uma monja, por exemplo, Hrosvitha de Gandersheim, foi o único poeta da Europa durante cinco séculos. Isso acontece durante as cruzadas, período em que não só a Igreja alcança seu maior poder temporal como, também, o mundo se prepara para as grandes transformações que viriam séculos mais tarde, com a Renascença.
E é logo depois dessa época, no período que vai do fim do século XIV até meados do século XVIII que aconteceu o fenômeno generalizado em toda a Europa: a repressão sistemática do feminino. Estamos nos referindo aos quatro séculos de “caça às bruxas”.
E Por Que Tudo Isso?
Desde a mais remota antiguidade, as mulheres eram as curadoras populares, as parteiras, enfim, detinham saber próprio, que lhes era transmitido de geração em geração. Em muitas tribos primitivas eram elas as xamãs. Na Idade Média, seu saber se intensifica e aprofunda. As mulheres camponesas pobres não tinham como cuidar da saúde, a não ser com outras mulheres tão camponesas e tão pobres quanto elas. Elas (as curadoras) eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde, e eram também as melhores anatomistas do seu tempo. Eram as parteiras que viajavam de casa em casa, de aldeia em aldeia, e as médicas populares para todas as doenças.
Mais tarde elas vieram a representar uma ameaça. Em primeiro lugar, ao poder médico, que vinha tomando corpo através das universidades no interior do sistema feudal. Em segundo, porque formavam organizações pontuais (comunidades) que, ao se juntarem, formavam vastas confrarias, as quais trocavam entre si os segredos da cura do corpo e muitas vezes da alma. Mais tarde, ainda, essas mulheres vieram a participar das revoltas camponesas que precederam a centralização dos feudos, os quais, posteriormente, dariam origem às futuras nações.
O poder disperso e frouxo do sistema feudal para sobreviver é obrigado, a partir do fim do século XIII, a centralizar, a hierarquizar e a se organizar com métodos políticos e ideológicos mais modernos. A noção de pátria aparece, mesmo nessa época (Klausevitz).
A religião católica e, mais tarde, a protestante contribuem de maneira decisiva para essa centralização do poder. E o fizeram através dos tribunais da Inquisição que varreram a Europa de norte a sul, leste e oeste, torturando e assassinando em massa aqueles que eram julgados heréticos ou bruxos.
Este “expurgo” visava recolocar dentro de regras de comportamento dominante as massas camponesas submetidas muitas vezes aos mais ferozes excessos dos seus senhores, expostas à fome, à peste e à guerra e que se rebelavam. E principalmente as mulheres.
Era essencial para o sistema capitalista que estava sendo forjado no seio mesmo do feudalismo um controle estrito sobre o corpo e a sexualidade, conforme constata a obra de Michel Foucault, História da Sexualidade. Começa a se construir ali o corpo dócil do futuro trabalhador que vai ser alienado do seu trabalho e não se rebelará. A partir do século XVII, os controles atingem profundidade e obsessividade tais que os menores, os mínimos detalhes e gestos são normatizados.
Todos, homens e mulheres, passam a ser, então, os próprios controladores de si mesmos a partir do mais íntimo de suas mentes. É assim que se instala o puritanismo, do qual se origina, segundo Tawnwy e Max Weber, o capitalismo avançado anglo-saxão. Mas até chegar a esse ponto foi preciso usar de muita violência. Até meados da Idade Média, as regras morais do Cristianismo ainda não tinham penetrado a fundo nas massas populares. Ainda existiam muitos núcleos de “paganismo” e, mesmo entre os cristãos, os controles eram frouxos.
As regras convencionais só eram válidas para as mulheres e homens das classes dominantes através dos quais se transmitiam o poder e a herança. Assim, os quatro séculos de perseguição às bruxas e aos heréticos nada tinham de histeria coletiva, mas, ao contrário, foram uma perseguição muito bem calculada e planejada pelas classes dominantes, para chegar a maior centralização e poder.
Num mundo teocrático, a transgressão da fé era também transgressão política. Mais ainda, a transgressão sexual que grassava solta entre as massas populares. Assim, os inquisidores tiveram a sabedoria de ligar a transgressão sexual à transgressão da fé. E punir as mulheres por tudo isso.
Vemos assim que na mesma época em que o mundo está entrando na Renascença, que virá a dar na Idade das Luzes, processa-se a mais delirante perseguição às mulheres e ao prazer. Tudo aquilo que já estava em embrião no Segundo Capítulo do Gênesis torna-se agora sinistramente concreto. Se nas culturas de coleta as mulheres eram quase sagradas por poderem ser férteis e, portanto, eram as grandes estimuladoras da fecundidade da natureza, agora elas são, por sua capacidade orgástica, as causadoras de todos os flagelos a essa mesma natureza. Sim, porque as feiticeiras se encontram apenas entre as mulheres orgásticas e ambiciosas (I, 6), isto é, aquelas que não tinham a sexualidade ainda normalizada e procuravam impor-se no domínio público, exclusivo dos homens.
Assim, o Malleus Maleficarum, por ser a continuação popular do Segundo Capítulo do Gênesis, torna-se a testemunha mais importante da estrutura do patriarcado e de como esta estrutura funciona concretamente sobre a repressão da mulher e do prazer.
De doadora da vida, símbolo da fertilidade para as colheitas e os animais, agora a situação se inverte: a mulher é a primeira e a maior pecadora, a origem de todas as ações nocivas ao homem, à natureza e aos animais.
Durante três séculos o Malleus foi a bíblia dos Inquisidores e esteve na banca de todos os julgamentos. Quando cessou a caça às bruxas, no século XVIII, houve grande transformação na condição feminina. A sexualidade se normaliza e as mulheres se tornam frígidas, pois orgasmo era coisa do diabo e, portanto, passível de punição. Reduzem-se exclusivamente ao âmbito doméstico, pois sua ambição também era passível de castigo. O saber feminino popular cai na clandestinidade, quando não é assimilado como próprio pelo poder médico masculino já solidificado. As mulheres não têm mais acesso ao estudo como na Idade Média e passam a transmitir voluntariamente a seus filhos valores patriarcais já então totalmente introjetados por elas.
É com a caça às bruxas que se normaliza o comportamento de homens e mulheres europeus, tanto na área pública como no domínio do privado.
E assim se passam os séculos.
A sociedade de classes que já está construída nos fins do século XVIII é composta de trabalhadores dóceis que não questionam o sistema.
As Bruxas do Século XX
Agora, mais de dois séculos após o término da caça às bruxas, é que podemos ter uma noção das suas dimensões. Neste final de século e de milênio, o que se nos apresenta como avaliação da sociedade industrial? Dois terços da humanidade passam fome para o terço restante superalimentar-se; além disto há a possibilidade concreta da destruição instantânea do planeta pelo arsenal nuclear já colocado e, principalmente, a destruição lenta mas contínua do meio ambiente, já chegando ao ponto do não-retorno. A aceleração tecnológica mostra-se, portanto, muito mais louca do que o mais louco dos inquisidores.
Ainda neste fim de século outro fenômeno está acontecendo: na mesma jovem rompem-se dois tabus que causaram a morte das feiticeiras: a inserção no mundo público e a procura do prazer sem repressão. A mulher jovem hoje liberta-se porque o controle da sexualidade e a reclusão ao domínio privado formam também os dois pilares da opressão feminina.
Assim, hoje as bruxas são legião no século XX. E são bruxas que não podem ser queimadas vivas, pois são elas que estão trazendo pela primeira vez na história do patriarcado, para o mundo masculino, os valores femininos. Esta reinserção do feminino na história, resgatando o prazer, a solidariedade, a não-competição, a união com a natureza, talvez seja a única chance que a nossa espécie tenha de continuar viva.
Creio que com isso as nossas bruxinhas da Idade Média podem se considerar vingadas!

sábado, 10 de outubro de 2009

AS MULHERES DA MINHA VIDA -PÁGINA DEZOITO


As mulheres da Aldeia ficaram na propriedade de Matilda, ficaram lá por muito tempo, mantinham uma correspondência com as crianças por meio do Padre João, que as amava com muita alegria e gratidão. O Padre Amaro retornara a Aldeia e quando descobriu que Matilda e as outras mulheres passaram por lá entrou em confronto consigo mesmo, queria recuperar uma jóia que ele acreditava ser dele como este fora aconselhado por seres trevosos, começou a caçar novamente as mulheres da Aldeia, mas acabara adoecendo e ficara de cama por muitos meses, chegaram a achar que ele morreria, mas um dos habitantes dali o sugeriu algum medicamente que as mulheres da Aldeia lhe ensinara, o padre Amaro orgulhoso não aceitara , este morreu em sua igreja sem ninguém para ajudá-lo, no dia de sua morte ninguém notara, só perceberam porque o cheiro era insuportável, a sua empregada o abandonara quando começou a trata-la com crueldade a chamando de escrava por ser negra, mas esta era liberta desde que nascera e ficara aos cuidados dele a pedido de sua mãe, o corpo ficara dias ali, enterraram-no por pura necessidade, algumas beatas ficaram chorosas mas outros em seu íntimo comemoravam. Assim que o padre morrera ficara ali seu espírito ao lado do corpo em num total desespero, seus amigos das trevas os recebeu com louvores , mas nada fora ao paraíso como ele pretendera, passou muitos anos perturbando as mulheres da Aldeia tanto as que sobreviveram a sua perseguição como também Sara que ainda ficara no umbral devido a ações passadas mas como se arrependera ficaram pouco tempo nos domínios do Padre Amaro, ali ele tinha um exército, que continuara a perseguir outros espíritos pois a vida continua, seu espírito perverso continuava a sua vida infeliz, como outros tantos.
As mulheres da Aldeia sabendo da morte do padre se sentiram aliviadas e puderam buscar as crianças do mosteiro.Sebastiana e Mercedes continuaram seus estudos e Thiago passara a viver ao lado do Padre João aprendendo as maravilhas do amor, este era uma alma livre dos dógmas da Igreja , se sentia como um pássaro livre a viver ao lado da natureza e em pouco tempo se tornara um franciscano a perambular a procura do bem fazer, sua beleza era espetacular, tinha sua alma as doces palavras do mestre Jesus Cristo, se interessava pelas forças dos astros, aprendera com sua mãe a magia e ele a praticava com amor e caridade, se tornou um médico de almas, tinha saudades de sua mãe, esta em outro plano se lembrava dele com um amor sublime, o que a fez reestabelecer e procurar o general no umbral e estes iam se renovando, mas o passado nos deixa marcas então reencarnariam para novamente viverem para se refazerem.
Sebastina e Mercedes se tornaram freiras , seguiam Thiago em suas muitas estradas,as mulheres da Aldeia estavam bem servindo a Deus, fazendo o que podiam , Thiago as visitavam quando podia,estavam agora vivendo em harmonia.Sempre se lembravam com amor de Sara e da vida de ciganos que levaram, a propriedade lhe rendiam bem , pois plantavam e colhiam.
Tudo estava correndo bem , as coisas tinham tomado rumo diferente, os filhos felizes por suas atitudes nobres, a vida continuava como antes, ajudavam os outros como aprenderam com sua vida cigana. Um dia uma visita as surpreenderam, eram agora viúvas mas ainda tinham um passado que as condenavam como bruxas, alguns habitantes da Aldeia as entregaram ao clero porque achavam serem realmente bruxas e a prova disso era que Matilda estava viva.Foram então chamadas a julgamento e estas foram também condenadas a fogueiras, por mais que pediam clemência nada adiantara pois abandoram suas famílias e Felipe acompanhara Estela a sua jornada, Gaspar acabara ficando na França e morrera na batalha, Maria perdera Messias numa luta injusta.
Presas nada podiam fazer, ficaram nas torres de Espanha até o julgamento, um soldado de Deus, seguidor do Padre Amaro a reconheceram e fora marcada a execussão, Mercedes , Sebastiana e Thiago nada puderam fazer, os três cada vez mais unidos na vida Cigana em Cristo foram absorvidos e libertos por estudarem em colégios internos e pertencerem aos franciscanos nada acontecera.
As mulheres da Aldeia foram massacradas nas prisões da Espanha, assim como Sara foram violentadas e amarradas, as roupas rasgadas, um padre amigo do Padre Amaro vingara a morte do amigo quando prometera queimar as mulheres da Aldeia, acreditara ele que a morte do padre Amaro fora arte de magia por parte das mulheres da Aldeia.
Na praça as cruzes foram estendidas Mercedes não queria ver a mãe morta na fogueira e não fora na praça, já Sebastiana e Thiago até o último momento tentaram reverter a situação.Em seu íntimo pediram perdão a Deus por tudo que fizeram e pediram a Deus que nada sentira e isso fora atendida, durante o ato selvagem de cruel, elas arderam nas chamas rezando e pedindo a Deus proteção.Matilda estava usando a jóia que tanto o padre Amaro pedira, esta fora queimada junto a ela.O Padre Amaro assistira a execussão com louvores e agradecendo aos seus aliados os esforços por encontrarem.
A vida passara a ter sentido na vida das mulheres da Aldeia pois ali vivendo entre ciganos aprenderam a arte da magia, embora em alguns momentos agiram de forma egoísta mas curaram tantas vidas, se armaram com o amor, e esse amor salvara elas contra as forças maléficas do mundo selvagem que tem num plano invisível, além dos olhos humanos, desde que poucos encarnados possam ver.
Agora a alma das mulheres da Aldeia estavam na vida de três jovens membros da divina ordem de Deus, dos amigos Franciscanos.seguiram suas vidas como cidadãos do mundo, verdadeiros mensageiros divinos, o que Thiago aprendera com a mãe nos primeiros anos de vida o fizera crescer, tinha saudades de seu pai, um grande general que fora reverenciado pod muito tempo ainda na França mesmo após sua morte.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

DEPOIMENTO - SENTIMENTOS

As mulheres falam demais assim dizem os que nada devam dizer.
Há mulheres e mulheres, algumas inconscientes de seus atos , outras são as mães do mundo que abraçam o mundo de amor, essas é que eu quero falar.
Somos heroinas quando agimos de acordo com a nossa consciência pois numa sociedade onde os hipócritas reinam é um detalhe gigantesco ao meio dos que sofrem e nelas confiam.
As mulheres maravilhas não precisam possuir um corpo escultural, mas uma cabeça genial, essa genialidade equipara a sua moral e sua praticidade diante da vida, quantas de nós estamos vivendo numa situação extrema em nome do amor e da paz.
Hoje vivo em meio de um ambiente devasso e sombrio mas não pelas minhas ações mas por aquelas com o qual preciso conviver.As suas ações me enojam como que come algo estragado e se dá conta de que o estômago não vai suportar.
Não posso conviver com a injustiça e nem tão pouco com a impunidade, quantos homens como este do qual retrato agora estão iludindo e maltratando outras tantas mulheres e vivendo assim quem pode suportar tanto tempos? Infelizmente algumas mulheres que se vendem e se rompõe, não possuem em si a dignidade e nem o amor próprio.
A vida nos deixa pegadas das quais seguimos os bons exemplos mas outros preferem seguir passos incertos e acabam por se perderem.
Não faço parte de uma minoria , mas faço parte de um mundo de pessoas indignadas com as mentiras que nos pregam,são nossos baixos salários, preconceito, entre muitas outras palavras feias que nos deprimem, são tantas mulheres esquecidas que atendem sua família como se carregassem baldes cheios de água na cabeça, muitas mulheres ainda carregam nos ombros as cargas que a socidade nos impõs, somos marginalizadas por outras mulheres que acham que nós somos fracas e frágeis e que nada podemos fazer, são essas as mesmas mulheres que se vendem achando que a vida lhe presenteou.
Nossas vidas não são poços de petróleo nem plantação de milho.Somos heroínas por supertarem a pressão de sermos nós mesmas.Ontém fiz uma reunião de um Clube das traídas, e foi ótimo pois as nossas idéias se tornaram praticáveis .
Diante das possibilidades do amanhã não podemos assegurar de que a vida vai se tornar mais fácil.Custo a acreditar que mulheres tão dinâmicas de entregam ao desespero de se tornarem sós, se tornando reféns de homens cruéis.Já me chamaram de louca por possuir uma personalidade um tanto forte, por eu me conhecer muito bem e não me deixar levar por palavras soltas.
Por muito tempo depositei minha vida em alguém que nada podia confiar,desperdicei meu tempo e inteligência, larguei uma carreira promissora para ser a dona de casa perfeita, confesso que antes me sentia fraca por isso mas me libertei e voltei a trabalhar, hoje estou em casa novamente para cuidar de minha filha de oito meses, não me entreguei ao deslize do passado, pois foi preciso muita luta para retomar minha profissão.Hoje escrevo para outras mulheres e homens que precisam de palavras mais doces e saudáveis.
Perdi um tempo muito precioso de minha vida, agora prestes a partir e retomar a minha vida que deixei para me tornar a esposa perfeita de um homem hoje que considero um infeliz por não ter a capacidade de amar.
As nossas vidas se entrelaçam como teia da mais famosa tecelã, uma pequena aranha que constrói a sua vida formando e ligando as vidas e nos prendem.
Não esqueci das lutas que travei nem as palavras que posso dizer, em muitos momentos de angústia pensei que nada poderia mudar, hoje dedico o meu tempo a coisas que antes era real, hoje retomo meu tempo nas possibilidades que virão.
Criei dentro de mim uma redoma de força para me esquivar das mentiras , da teia negativa que me prendiam.Hoje luto consideravelmente para que eu me liberte retomar a minha carreira.
Quantas vezes chegaram a me dizer que eu tinha muita sorte por ter um marido que me sustentasse, estes mesmos não sabiam da real situação ou mesmo se aliaram a ele em suas mentiras.Hoje este depoimento diz muito mais sobre mim do que eu poderia escrever, são palavras sinceras...faz parte de mim.
Estou aqui para nos defendermos... fizemos nossas escolhas erradas, algumas reversíveis, se alguns estão entre os vilões deixe que Deus faça justiça, agora retomemos a nossa força que estava prestes a acabar, muitos de nós estamos querendo evoluir, não podemos desanimar, é preciso que nós tenhamos a coragem de nos aliarmos e cuidarmos de nós mesmos, cuidar de nossos corações que deixamos samgrar, não somos inúteis tão pouco covardes, há homens e mulheres vítimas de estupro emocional, nos deixaram doentes quando nos impediaram de usar nossas mentes sadias para o bem.
Sejamos fortes para que a vida não nos carreguem pelos braços, não posso deixar que a vida me leve, pois eu sou dona de mim mesma, e isso é!!!
A dor de saber quem somos faz parte de nossa evolução , pois o orgulho nos cegam, a dor existe para que dentro de nós haja a coragem de mudar, e quando isso acontece somos tomados pela alegria de sabermos que somos depois dessa dolorosa revelação, afinal, nos conhecendo melhor, há muitas possibilidades amanhã.
Às vezes nos esquecemos de que somos donos de nós, que somos capazes de mudar o que ficou guardado por sermos generosos com os outros e acharmos que o devemos por cuidarem de nós o que na verdade nos aleijam para que sejamos suas propriedade o que não existe, tomemos força e sejamos que somos, se nos chamam de loucos , tudo bem, façamos testes para provar nossa sanidade, como já o fiz...então ninguém poderá me fazer infeliz sem que eu queira, sejamos fortes e nos livremos desse magnetísmo de psicopatas inatos... sejamos as mulheres traídas e homens traídos e nos libertemos das amarras que a tristeza nos causou.Sejamos novas pessoas, tornemos renovados pois só evolui quem se renova intimamente para o bem fazere deixamos de servir os que nos aprisionam... Sejamos felizes.

AS MULHERES DA MINHA VIDA-PÁGINA DEZESSETE


O acampamento estava em silêncio, Thiago, Sebastiana e Mercedes foram levados pelo Padre João para um mosteiro onde ali se encostaram na parede e choraram a morte de dois grandes heróis da revolução. Thiago tinha uma alma livre , era um libertário e sonhador, as suas mãos eram dotadas de um magnetismo singular, sentira a presença da mãe muitas vezes, e de seu pai o General, sentia saudade mas sentia que logo iriam se encontrar num lugar mais além, conhecia a Bíblia como ninguém e também a magia cigana ensinada por sua mãe.
As mulheres da Aldeia choraram a morte de uma delas mas precisavam sair dali, o corpo de Sara se transformara em pó, e do General fora jogado na sargeta assim como os outros da revolução, assim faziam , diziam que corpos de traídos nào deveriam serem enterrados em solo francês, mas muitas famílias os encontravam e os enterravam como indigentes, alguns eram jogados ao mar ou mesmo cremados, mas aquela mulher queimada ali, estava agora sangrando em outro plano, ela e de seu General amado.
Os ciganos seguiram seu plano como antes, o Padre Amaro não sabiam da existência do mosteiro, eles nada sabiam sobre a relação do padre João com os ciganos pois sua ligação era sempre muito bem articulada e os membros da Vila também nada podiam fazer a não ser se calarem. No meio do caminho o Padre Amaro os encontrara perto do rio que cortava o lugar, numa ponte ocorreu uma luta corporal dentre alguns ciganos e soldados de Deus, neste momento as mulheres da Aldeia não se encontravam pois temiam serem pegas , assim poderiam proteger seus filhos e crianças, alguns poucos ciganos sobreviveram, então ali Sitara morreu tentando salvar seu povo, poucas famílias, a maioria crianças órfãs, aquilo era horrível de ver.
Messias estava ferido, mal conseguia andar, o que o salvou foi a idéia de pular da ponte para tentar se salvar, algumas mulheres morreram tentando proteger seus filhos, os soldados pegaram algumas crianças e as levaram para um convento ali perto, Padre Amaro, não encontrando as outras mulheres da Aldeia o deixara ainda mais raivoso.Messias ficara na beira do rio desacordado , rezara para que sobrevivesse, todos tinham consigo uma dor descomunal, era uma dor que vinha da alma, nada poderiam fazer a não ser chorarem e orarem.
As mulheres da Aldeia estavam sentindo tal acontecimento o máximo de crianças que podiam proteger eram as menores, Constança culpara as mulheres da Aldeia pela morte de Sitara, esse ódio contaminara outros ciganos e estes expulsaram as Mulheres da Aldeia do acampamento, deixaram então as crianças com os ciganos e foram a procura de Messias no leito do rio, encontraram no quase morto, fizeram o que fora possível, morreu nos braços de Maria, seu amor tão nobre e sincero.
Então elas não tinham pais para onde irem, partiram para Espanha, Matilda procuraria o jóia então fugiriam para Portugal, a quando a revoluçào acabassem encontrariam as crianças que deixaram aos cuidados do Padre João.E assim fizeram.
Sara , em Belo Horizonte cuidara de uma casa espírita , Ester estava crescendo como uma menina sadia e muito esperta, frequentemente estudavam o evangelho. Um dia sua sogra amada Sofia a chamara em seu quarto, Sara e Pedro vendo Sofia só resolveram morar junto a ela. Sofia estava doente,sofria do coração, então esta fez uma revelação a Sara.
_ Minha Nora querida, minha netinha está linda, tem quase três anos e continua encantadora. sei que em breve não mais estarei aqui, eu preciso que me prometa uma coisa muito importante.
_ Está me assustando Sofia.
_ Não fique assim, por favor, em breve conhecerá mulheres que fizeram parte de seu passado longíncuo revelado por nosso amigo Messias de Aruanda , na casa espírita... já sabe que nossa Ester já fora Ester no seu passado então tenha fé e lute pela sua evolução, pois sabemos que tem a força em seu coração e principalmente a vontade de ajudar, ensine para a nossa Ester a alegria de servir em nome de Jesus Cristo.Meu filho Pedro a ama muito e tem por você muita admiração, foi um companheiro de outrora , vivam esse amor intenso e sejam felizes na paz de Cristo.
Pedro fora adotado por nós e queremos que ele saiba que nós o amamos muito, ele não sabia até ontém.
_ Ele estava estranho mas não quis me dizer.
_ Ele a ama , mas não fique triste , nós vamos servir a Deus sempre , ele saberá o que fazer, seus pensamentos estão confusos, por favor diga isso a ele.
Pedro chegara aquele momento e acabou desabafando e os três se abraçaram.Pedro fora deixado na porta da casa de Sofia quando era bebê de poucos dias, hoje com seus 32 anos é um rapaz bom e honesto, sua mãe fora uma jovem que se envolvera com um traficante mas que vivia sendo amolestada por ele então grávida ela resolvera fugir vivendo na rua, encontrou a casa de Sofia sobre uma forte intuição. pedro já havia desconfiado mas nada falara a mãe, mas entendera o que acontecera, eram uma família feliz e isso era para ele uma vitória.
Passaram -se dias e Sofia faleceu, deixando a casa aos cuidados de Pedro, seu pai falecera quando ainda era jovem, foi quando Sofia se interessou pelo espiritismo fazendo-se uma mulher de luz e de amor.
Agora a família estava reduzida e a família seguira sua vida aos cuidados de Deus, Pedro tornara espírita a pouco tempo quando sua mãe se manifestara na mesa mediúnica através da psicografia e estes seguem suas vidas no caminho do amor e da caridade.
Messias agora estava aos cuidados de amigos num plano de amor num plano de amor além do corpo físico, ali prometera sempre cuidar de suas mulheres da Aldeia.
Encontrara Sara e o General que continuaram se amando embora num plano diferente desta matéria densa, ficaram um tempo andando pelas zonas umbralinas, sentiam dores na alma e no corpo pois apesar de seus conhecimentos sobre a imortalidade da alma ainda sentiam as saudades.Sentiam o arrependimento ainda teriam muito a aprender em muitas outras encarnação e assim aconteceu.
As mulheres da Aldeia chagaram a Espanha em alguns meses, estavam doentes e armaguradas, chegaram na Aldeia e foram reconhecidas por alguns mas nada falaram.Ricardo e Gustavo foram enforcados por causa da morte de Ester e Matilda.
Estava ela ali diante deles, entào alguns a chamaram de bruxas e tiveram que fugir logo pela manhã, então Matilda foi até a sua antiga casa,e desenterrou a jóia que enterrara debaixo da árvore, agora restava poucas moedas, então se lembrada da propriedade da qual o Padre Amaro havia mencionado na França, e foram atrás dessa propriedade que ficara no alto de uma colina.Lá encontrara alguns antigos empregados que ficaram sobre os cuidados de uma tia há muitos anos e que reconhecera Matilda e lá ficaram as mulheres da Aldeia.