Falar sobre violência doméstica num livro infantil é delicado e uma ação corajosa, quem de nós falamos abertamente sobre violência para nossas crianças?
Quantas crianças sofrem silenciosamente as tormentas de serem violentadas?
Nas escolas, dentro de muitos lares, e outros lugares estamos propensos a viver a violência.
A violência começa de forma lenta e depois vai criando um corpo, e quando percebemos já estamos sofrendo e nos desintegrando por causa dela.
Há alguns anos criei coragem e falei sobre a violência de sofri, e sinto na pele as ações violentas que vejo todos os dias, vejo a violência crescer nos lares, vejo a violência crescer nos ambiente de trabalho, nas escolas.
A violência está dentro do racismo, no machismo, na xenofobia, na homofobia, e outras milhares de manifestações, está em palavras obscenas nas músicas , está nos diversos tipos de xingamentos, nas ironias, nos assédios morais em nossos ambientes de trabalho, e incrivelmente essa violência se tornou comum, se tornou algo em que para alguns já se normalizou, a violência se normalizou, como uma ferida que não cicatriza nunca, e ela vai crescendo como raízes, e é assim que se perpetua a violência.
O que fazer contra a violência que já criou raízes?
Como lutar contra algo que parece ser perpétuo?
A educação, ou melhor a reeducação em nossos lares, uma criança num lar violento , um lar corrosivo, gera uma criança acostumada com a violência, e esta crescerá e irá compartilhar essa violência com todos, é assim que se cria uma educação violenta.
Vamos viajar com nossa mente, vamos acelerar a nossa sociedade em dez anos, como será a sociedade com a educação que estamos gerando agora?
Parece assustador não é?
Agora vamos viajar com a nossa mente , acelerando o tempo com uma família sem o uso da violência, com leituras edificantes, com músicas bem direcionadas, com uma educação antirracista, com uma família que não se dilua no machismo, homofobia, e nem se enquadra nas vibrações de violência, como seria a vida dessa criança?
Podemos começar a mudar a nossa forma de educar, com literatura infantil adequada, com brincadeiras frutíferas, a contemplação de arte, busquemos bons exemplos, o hábito da caridade e do respeito, tudo isso se desenvolve através de reflexões e precisamos de pensar para agir com sabedoria na vida dessas crianças.
Estou preparando meu segundo livro, seguindo a mesma filosofia do primeiro livro, tornando uma saga dentro da literatura infantil como ferramenta para uma boa educação, me utilizando de filosofia, de psicologia e fazendo um passeio sobre assuntos e personagens benevolentes.
Um dia de fada não é apenas um livro de contos de fadas, uma literatura infantil que faça a diferença na vida de nossas crianças, escrevemos por amor, escrevemos para sermos lidos e para compartilhar o melhor de nós.
A literatura infantil é uma grande arma contra o que chamamos de educação nociva , essa educação que trás o medo, a depressão em nossas crianças, é uma arma contra a pedofilia, contra a violência.
A educação nociva é aquela que agride a criança de forma intensa e muitas vezes de forma imperceptível, porque é uma educação que a violência criou raízes profundas, que normalizou atitudes que violentam a alma infantil, que acha normal essas vivências , como se para ser uma pessoa de bem é preciso superar os traumas com outros traumas, não, a criança não merece isso.
Nossas crianças merece amor, precisamos trabalhar a autoestima das crianças através de atividades sensoriais, psicomotoras, atividades que ajudam a socialização saudável, a nossa educação deve ser voltada integralmente no amor e na caridade , para que a nossa sociedade pacífica não seja apenas utopia.
Retratar para refletir sobre a violência num livro infantil foi como nutrir uma semente para que ela germinasse com amor, foi necessário palavras doces e suaves para que a criança encontrasse conforto e força para se encontrar nesse ambiente caloroso.
Diante da violência sugerida e vivenciada no livro, a resposta à essa violência precisava ser sentida como um abraço, a criança deve ser acolhida como foi acolhida a nossa fada aprendiz, personagem do livro.
Quando alguém lê o livro Um dia de fada, ela não apenas sente esse amor, ela relembra parte de sua infância, vivências felizes e hostis de sua vida, seja em qualquer fase, porque a intensão é justamente nos fazer mergulhar em nós mesmos e buscar o melhor em nós nos fazendo crescer e nos iluminar.
Sobre a mediação para uma criança, a criança se vê em seu personagem preferido, e é nesse momento em que ela precisa ser ouvida, ela vai se expressar de alguma forma e se algum fato doloroso existir dentro de suas memórias, ela irá relatar , nos ajudando na cura e nos cuidar desse trauma.
Um dia de fada é uma ferramenta , uma forma simples de dizer muito sobre nós mesmos.
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