Num piscar de olhos, uma lágrima me trouxe ao mundo.
Uma imagem, uma simples e ingênua imagem.
A infância, a adolescência e uma vida adulta comum.
Eu me vejo assim, entre memórias.
Hoje vejo a dor em crianças tristes.
Um lar inseguro e bombardeios que quebram janelas e corações.
Uma dose única de amor é capaz de trazer ao mundo paz.
Ela não veio, e ela continua sendo a nossa mais linda bandeira.
Eu não vejo um sorriso, nem as mãos estendidas, é uma dor que não passa.
As cinzas num céu azul, e o vermelho ácido de sangue.
Um ar árido, seco e doloroso.
A dor tem notas musicais em cenas de tiroteios e bombas.
Ela não tem sons além de gritos e choros sentidos, contidos e aterrorizantes.
A dor tem tudo o que eu não quero sentir.
A dor é dura quando não podemos contê-la , ela é apenas dor.
Gaza, é Gaza, com suas janelas tristes e cinzas.
Os gritos ecoam longe, como suas sirenes ensurdecedoras.
São os silêncios de quem não vivem ali que desmontam meu ser.
Alguém de longe diz que ali não se vive, sobrevive.
E o canto triste das crianças não dizem nada para quem não quer ouvir.
Não é holocausto, é a desumanização maciça, é a indiferença, é a triste realidade de quem deixou morrer a alma.
Ele tem razão.
A tristeza tem a cor , é fria e delirante.
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