terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Cinderela às avessas

 


Quando eu entrei para o grupo de mulheres " Cinderela às avessas" eu pensei que iria aprender com grandes mulheres, então, eu não perdi tempo e fui navegando por essa jornada feminista e me descobri bem mais do que uma blogueira que escreve coisas aleatórias, eu me descobri alguém muito melhor do que eu achei que fosse.

Todas nós temos muito poder, somos verdadeiras deusas, não porque temos super poderes como brinco mas é por causa das nossas conexões internas, tem a ver com quem somos de verdade.

O mundo é tão intenso em suas diversidades, podemos ter vivido grandes histórias mas a maioria delas não foram escritas pelo nosso ponto vista, pelo ponto das mulheres.

Muitas mulheres escreveram grandes obras com "pseudônimos" masculinos para serem lidas, grandes mulheres estavam na obscuridade porque o machismo não as permitiram usufruir de ainda mais conhecimento.

Todas nós sofremos algum tipo de assédio , abuso e muitas de nós nos calamos, não por medo, mas não fomos ouvidas, entre outras razões.

Hoje a nossa visibilidade está bem maior , mas a luta não acabou, ainda nos resta romper algumas estruturas, não é apenas por mim, mas por todas nós.

Não são apenas as nossas vivências que inspiram, não são apenas palavras ou gritos de guerra que nos movem, mas são as nossas esperanças que cercam a todas nós.

A nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro nos revela sabedoria e nos colocam num lugar privilegiado, de estarmos juntas numa ideia de que somos bem mais de que um corpo, somos corpo e alma, temos mentes aguçadas e conectadas uma com as outras para fins de cuidado.

Não somos apenas mulheres que querem aprender e ajudar, somos mulheres que buscam esclarecer outras mulheres, nos vemos como uma irmandade .

A vida não nos pouparam tempo, e o tempo nem sempre foi a nossa melhor arma para vencermos qualquer luta.

Há quem diga que mulheres feministas lutam contra os homens, nunca ouvi tanta besteira, mas a gente ouve argumentos sem nenhum acréscimo, portanto, vale a pena lembrar, que feministas lutam por todos nós, crenças limitantes, só fazem nos lembrar o quanto podem ser ridículos.

Crescemos entre nós, lutamos por todas nós e aprendemos com todas nós, não vale a pena nos enfurecer com pessoas que a mente ainda está rasa de pensamentos egoistas e machistas.

A nossa força está numa esperança contínua de querermos sempre o melhor para todas nós, e isso significa lutarmos por todas nós, sermos feministas não nos limitam , sermos quem somos amplia nossos espaços e nos acalenta saber que podemos ainda sermos maiores enquanto seres pensantes e positivas.

A luta não acaba apenas com uma aprovação de lei, numa passeata com bandeiras, a luta só termina quando deixamos de lutar, e eu sei, nós sabemos que haverá muitas vitórias porque a nossa força une a todas nós!!!

Somos importantes para alguém!!!

 


Sabe aquelas pessoas que nos motivam a crescer?

Nem sempre são as pessoas que amamos profundamente, às vezes são as pessoas que não temos nenhum afeto.

Muitas pessoas são motivadas justamente porque precisam provar o seu valor, precisam de estímulos para progredir.

Quando sofremos e nossos algozes nos menosprezam ou mesmo nos trazem pensamentos tristes e depressivos, é preciso lutar contra eles, é nesse momento que pensamos e superamos isso , nos motivando a acreditar que somos bem mais do que imaginam e crescemos também assim.

Nossos pensamentos são energias, e quando percebemos que precisamos melhorar, crescemos.

Crescemos quando percebemos as nossas próprias falhas e isso trás benefícios, porque passamos a olharmos para nós mesmos com olhar mais crítico.

Um olhar solidário, e não um olhar perverso, é um olhar que diagnostica quem somos de verdade e olhar para o que estamos vivendo , estaremos olhando para o nosso próprio futuro.

A forma com que nos vemos , diz quem somos, e quem queremos ser, a mudança é a parte difícil, porque estamos acostumados a enxergar as coisas de um jeito e quando mudamos o nosso olhar, tudo muda.

A vida parece complicada mas ela na verdade tem um segredo, a leveza do nosso espírito depende de como nos vemos no mundo, todas as nossas impressões estão no espírito, portanto, somos o que pensamos.

As pessoas que nos inspiram , ou simplesmente nós que possamos inspirar alguém temos responsabilidade, pois as nossas mensagens serão compartilhadas e muitas vezes fruto de atos alheios , porque a nossa influência pode significar mudanças na vida de pessoas, essa responsabilidade deve ser pensada. Fazermos uma auto-crítica é essencial para a manutenção do nosso EU.

Quem somos nós no mundo, quem somos nós na vida dos outros?

Mesmo que queiramos colocar cada um conforme as suas obras, temos sim, influências da vida de alguém, não podemos negar isso, somos sim responsáveis mesmo que a escolha seja importante, a nossa responsabilidade nos tornam importantes na vida de alguém.

Quando culpamos o outro quando ficamos zangados ou tristes, é compreensível na mesma proporção que alguém nos culpam, porque vivemos em sociedade e criamos vínculos, criamos karma, logo, todos somos um.

Eu sei que eu sou responsável pelas minhas escolhas e a minha mente é o meu paraíso ou a minha perdição, eu entendo, mas eu preciso entender que a minha influência sobre o outro acrescenta o meu karma, porque eu sei que o que sinto, as minhas emoções provocam ações e essas ações terão as consequências e eu devo refletir sobre isso.

Então, mesmo sabendo que cada um conforme as suas obras, eu , a minha consciência entendo a responsabilidade que possuo sobre a vida dos outros, porque só crescemos quando criamos vínculos e esse é o caminho que todos nós seguimos.

Quando alguém diz de maneira provocativa que não somos capazes de agir , estão nos motivando a agir de uma maneira ou de outra, e nós respondemos a essa provocação negativamente ou positivamente, está aí a nossa escolha, portanto, a nossa escolha é sempre nossa ação, sendo ela para agradar ou não alguém, então, estamos agindo , reagindo a todo momento ao mundo.

Se inspiramos alguém significa o grau de nossa importância, e essa importância nos responsabiliza intimamente as consequências.

Sejamos conscientes que somos parte de um todo, a nossa vida por mais simples que possa parecer, ela é importante... Pense nisso!!!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

A mulher que eu fui no século passado!!!

 


 


Meus olhos azuis se confundiam com o céu... seus olhos me buscavam entre o azul do céu.

Sua voz gritava dentro de mim.

Cada parte de mim, cada um que está em mim deixa de existir quando eu tento me ver no outro.

As dores que assemelham ao inferno me prendem a alma e eu me perco dentro de mil céus.

Cadê o pouco de dignidade que me resta, o inferno não é um lugar seguro.

O remorso de antes, me torna eu hoje.

Fora uma história que se foi dentro de mim.

É o passado de uma outra vida, que me persegue quando eu vejo o teu olhar em mim.

E eu nessa vida que as vezes me acorrenta ao passado, sou outra eu, e dentro de mim, a mulher de olhos azuis está nesta aqui, de olhos castanhos...

Olhos que percorre os azuis e que se lembra de como foi .

Esta mulher de olhos castanho ama sem igual quem um dia odiou e se perdeu nisso.

Diante de cada  lembrança, eu me lembro de quem eu quero ser, sendo muitas em uma.

Já fui princesa, rainha, cigana, e fui até senhora, hoje sou eu.

Muitas mulheres em muitas.

Eu sou apenas eu, querendo fazer de mim, uma mulher melhor.

E eu sei que isso leva tempo, espaço e cuidado.

Sendo assim, eu sou eu... 

Mas a mulher que eu fui no século passado foi quem gerou a mulher que sou hoje.

A mulher que quer ver outras crescerem dentro de mim.

E cada uma delas em mim, me faz a mulher linda que sou hoje.

Análise do filme Persuasão.



As vezes agimos de forma um tanto enigmática e reagimos as situações que colidem com os nossos pensamentos, considerando que nos sentimos persuadidos a agir contrário a todos nossos sentimentos.
O filme não retrata apenas uma situação de fere os nossos sentimentos mas o que um época impôs as mulheres situações que não a fizeram melhores, mas dignas de uma análise moderna do que no que acontecia na época em que o filme retrata.
As mulheres não tinham muitas escolhas a não ser viverem conforme as regras do patriarcado, os homens endeusaram as mulheres e depois as demonizaram. Quanta dominação!!
Mulheres solteiras, eram mulheres sem créditos consideradas difíceis, as mais feias, enfim, era uma mulher que não merecia destaque.
O amor é dado ao mundo como algo sublime e nobre mas numa época em que a honra era dada ao mundo como uma ação valiosa, as mulheres faziam de tudo para se permanecerem como estava, submissas as questões sociais, eram vendidas aos maridos, o homem rico eram os homens mais valorosos , assim como as mulheres, e aonde ficava o amor nessa história?
Nos diários, nas memórias. e em seus mais profundos pensamentos, quando o que na verdade a herança era um bem maior do que imaginamos pensar, os homens sempre venceram quando se tratava em domesticar as mulheres.
Um detalhe importante, os negros não tinham um lugar de destaque nas famílias endinheiradas, então, estranhe as famílias negras endinheiradas nos filmes, portanto, há uma discrepância nesses fatos da história, na verdade, mulheres brancas com homens negros, eram relações proibidas, mas vale o romantismo do filme.
Casais pobres eram comuns, mas infelizmente o filme retrata uma verdade bastante comum, as pessoas se casavam por dinheiro, algumas coisas ainda permanecem nos dias de hoje considerando que vivemos numa sociedade capitalista.
O filme mostra um casal que se ama e que se separam por questões sociais e que depois de oito anos separados se reencontram, ela se vê numa família agora falida e ele, volta rico e digno de um casamento agora com a personagem feminina protagonista, não há outro final senão, o casamento de ambos.
Por quê persuasão?
Porque a personagem feminina protagonista é convencida a se separar do amado porque ele é um simples e pobre marinheiro e ao retornar rico, adivinha, ela tem a permissão de se casar, mas como todo filme deve haver um certo conflito , ele o marinheiro e agora capitão se vê pretendente de uma outra mulher, mas como todo romance nos deixa com dúvidas, um pretendente para ela aparece, outro conflito de interesses, enfim, ela decide com qual rico deve se casar e adivinha... Ela se casa com seu amado.
Não há novidades, mas é um filme interessante e perspicaz porque retrata uma vida bastante comum naquela época, todas as mulheres eram persuadidas a se casarem a quem fossem prometidas, e isso era uma relação comum.
O comportamento da época não é segredo para nenhuma de nós que nos acostumamos a entender como era as relações e o porquê. 
A pergunta que fazemos a nós mesmos é bastante persistente , e quando a mulher se recusava a seguir o roteiro?
A mulher era considerada histérica, difícil , entre outros adjetivos, a mulher era considerada bruxa em alguns casos, mas nada surpreendente.
O filme tem seu brilhantismo com os diálogos inteligentes e interessantes, vale a pena ver com um olhar mais crítico.
A ideia de retratar essa situação comum no cinema, e procurar filmes que retratam essa vida feminina é uma viagem ao passado não muito distante das inúmeras mulheres daquela época, e que não foge muito dos dias de hoje com leves diferenças, então senão assistiu, se delicie com uma bela e romântica história.

A feminista chata!!!

 


Sabe aqueles momentos em que a fixa cai e a gente vai tentando se acertar?

Pois é, a minha fixa caiu, sou aquela feminista chata, que não consegue entender a lógica em certas situações.

A mulher calma e resignada sai do salto quando ouve falar de um assunto tão meu, e tão próximo de todas nós, a violência, não é um assunto que eu deva me afastar, é um assunto tão comum que não sai da minha sala de estar e sempre está nas discussões familiares, eu e meus filhos...

Quando dizemos sermos feministas, nós ouvimos : " Lá vem a feminista chata" e eu assumo, sou mesmo, o fato é, eu estou ciente de quem eu sou e o meu papel no mundo.

Venho falando sempre neste blog da auto-estima, do auto-conhecimento, e muitos outros "autos", mas nunca me adentrei ao feminismo de fato, porque eu não o conhecia tão bem como agora, e venho estudando e me aprofundando não só a história da Mulher, mas sobre quem somos desde sempre.

Ser de alguém já é estranho, imagina a mulher que sempre foi considerada propriedade, afinal, muitas mulheres quando casam, tem em seu nome o acréscimo o sobrenome do marido, eu sempre achei isso estranho, mas vamos lá, vamos conversar...

Tenho assistido filmes, lendo biografias, documentários, tudo que vá me ajudar a conhecer melhor e não é de se espantar que o mundo continua do mesmo jeito, com algumas leves melhoras.

Vamos parar para analisar, as mulheres sempre são retratadas como objetos, somos sempre de alguém, filhas de alguém, algumas são esposas de alguém e tem filhos.

Os trabalhos sempre são exaustivos e acumulamos tarefas, somos a faz tudo sem remuneração, para uma sociedade capitalistas, somos escravas?

Fazemos por amor, fazemos porque não tem outra pessoa para fazer e quando não fazemos, somos a má mãe, a má esposa e a má mulher, enfim, ora deusas, ora más, não dá para entender o que o mundo quer da gente.

Daí chega eu, a feminista chata que se envolve nas muitas questões sociais e entra na vida das pessoas como a pensadora e manipuladora... Bem , muitas de nós somos vistas como as egoístas , vai entender a humanidade!!!

A feminista chata é aquela que sabe o que está falando, que conhece o falar egoístas das pessoas que normalizam o preconceito, e acreditam que a mulher precisa cuidar do lar e deve se sobrecarregar, sim, a mulher é a super em tudo, mas sempre foi assim, e foi por isso que ela está sempre se sentindo culpada por não fazer esse papel quando se sente estanha com essa história que tudo sobra para ela, essa mulher, essa mulher faz tudo, somos nós, somos todas nós em diferentes aspectos, e não adianta falar que isso vai mudar com um toque de mágica, porque não vai ser assim.

Vejamos, nós enquanto mulheres somos as deusas que criamos para nos deixarmos mais fortes, somos o ventre do mundo e sendo assim fomos domesticadas a sermos essa mulher cuidadora, essa mulher que abraça o mundo , somos sim, a mulher amorosa e gentil, a que deseja a paz em tudo, mas precisamos desempenhar um outro papel, de sermos nós mesmas , a cuidarmos para que não seja sempre assim, que temos o nosso espaço onde queremos estar.

Sermos fortes o tempo todo já está anexado em nós, mas porque não podemos nos cansar desse fardo?

NÃO vamos deixar de ser cuidadoras, as mulheres amorosas e femininas, mas quem lutou pelo trabalho remunerado, pelas tantas conquistas ? Fomos nós, porque não havia outra saída a não ser querer isso e lutar por isso, na verdade, apenas os que precisam dessa justiça é que a procuram, já ouviram falar de um dono de uma indústria fazer greve? Acredito que não. 

Só quem se incomoda com a situação é que se vira para mudar, portanto, somos capazes de fazer grande ações mas nos basta a vontade e a união de muitos para que isso aconteça, então, ser feminista chata não é uma denominação ruim, é esta feminista chata que está fazendo a diferença, seja no seu próprio lar, seja no ambiente do trabalho, somos nós a criadora de polêmicas, não importa, fazemos alguma coisa, mesmo que seja alguém como eu, que escreve para outras mulheres falando as próprias experiências, tentando mudar o humor , somos nós que fazemos e é só.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Algumas considerações sobre Calibã e a bruxa.


 


Ainda lendo o livro " Calibã e a bruxa " me deparo com documentos impressionantes, não apenas por serem desconhecida por muitas mulheres mas por serem dados tão absurdos.

Que a violência sempre existiu contra as mulheres,  é um fato mas que fora tão amplamente aceito e legalizado , isso é de fato assustador.

Quando as mulheres lutam por seus direitos não é apenas porque necessitam, mas porque nós mulheres merecemos, o machismo não é apenas algo que deva ser combatido mas é preciso bani-lo de nossa história, o patriarcado não só destruiu grande parte de nossos conhecimentos ancestrais como também destruiu parte de quem somos e que precisamos nos apossar de tudo que nos foram tirados por sermos quem somos.

Grande parte da população feminina são massacradas por desconhecerem o valor que possuem, hoje com todas as ferramentas que dispomos , somos capazes de nos fortalecerem não apenas como mulheres mas como grande pessoas que somos.

Mulheres de todo o mundo estão se unindo e se redescobrindo e isso é maravilhoso visto que há ainda muito que fazermos por todas nós.

Quando as mulheres de séculos antes deste se viram presas, elas se revoltaram, elas se uniram e transformaram o mundo para que hoje tivermos a possibilidade de falar e nos tornarmos ainda mais fortes.

Quantas de nós ouvimos que nascer "mulher" é um grande fardo?

Todas nós já sofreu algum tipo de assédio ou violência, e nos silenciaram porque não tínhamos como provar as anormalidades que sofremos?

Tentamos protegermos de todas as violências possíveis e inimagináveis mas é quase impossível, porque ainda estamos presas ao patriarcado e o que me deixa ainda abismada é que muitas mulheres são machistas e educam seus filhos com ideias machistas e como convencer essas mulheres do contrário?

É uma grande tarefa de todas nós convencer o mundo de que o machismo não pode ser uma coisa normal, e nos deparamos com barreiras gigantescas quando dizemos que o feminismo é um movimento por todas nós.

Muitas mulheres foram vítimas de estupro coletivo, eram queimadas porque não queriam ter filhos e muitas por algum motivos sofreram aborto, mesmo aquelas que deram a luz mas as crianças nasceram doentes ou mortas, todas elas foram mortas porque não estavam de acordo com a "civilidade" imposta pela sociedade, pela Igreja, ou seja, mulheres traíram outras mulheres por medo, por intrigas, não importa, eram mulheres que mesmo diante de todas as atrocidades impostas não desistiram de si mesmas, elas lutaram até o fim.

Isso só foi uma parte de nossa história e o que vem além disso?

Nós precisamos esclarecer outras mulheres, estar entre mulheres que ignoram o seu poder e mostrá-las que somos capazes de mudar as nossas perspectivas e ampliar os nossos olhares. 

As mulheres foram escravizadas e mutiladas com seus direitos, não eram donas dos seus corpos, não podiam trabalhar como desejavam, tinham seus salários sequestrados, filhos tirados e muitas queimadas por serem grandes conhecedoras de si mesmas, hoje admito termos evoluído bem, mas não mudou muitas coisas, porque o pensamento machista não mudou, adquirimos mais paciência, ainda lutamos para sermos valorizadas, ainda temos os nossos trabalhos dentro da invisibilidade e muitas questões a serem discutidas, mas há grandes mulheres que lutam por todas nós, devemos nos tornar visíveis nessa luta constante para retornarmos a nossa liberdade.

A maioria de nós mulheres ainda estão feridas, grande parte de nossas vidas fomos educadas para sermos discretas, sermos silenciosas e muitas de nós desconhecem o prazer, têm medo de sentirem prazer , não conhecem seu próprio corpo, ou seja, somos criadas para sermos sempre excluídas, e somos marginalizadas por pensarmos diferente, mesmo com tantas mulheres quem estão nos ensinando, ainda sim nos faltam mais chances, nos é imposto certas atitudes machistas, porque o patriarcado domina a nossa sociedade.

A liberdade, a igualdade e fraternidade que tanto buscamos ao longo de nossa jornada deve ser nossa maior meta e ensinar as nossas crianças a validade dessas três palavras que nos motivam , enfim, cada vez que nos reconhecemos como mulheres, nos reconhecemos como humanas que lutam pela sua existência com o amor e o respeito que merecemos.



sábado, 25 de novembro de 2023

Domesticação das mulheres!!!



 É estranho imaginar uma pessoa sem passado, é estranho imaginar como nós mulheres desconhecemos a nossa própria história.

Quando comecei a estudar o feminismo com mais entusiasmo eu percebi o quanto a minha história estava apagada dentro de mim.

Ao buscar as minhas origens e meus ancestrais eu pude perceber o quanto nós mulheres perdemos milênios de histórias porque nos domesticamos para que essa história fosse esquecida, mas eu não perdi a fé, a fé em mim, a fé nos outros.

A narrativa continua a mesma, "em favor da família", mas será que apagarmos a nossa história faz crescer e proteger a nossa família?

Nós crescemos aprendendo que devemos fazer sem pensar, sem questionar, entramos numa nova fase, a nossa redescoberta, ainda há quem quer reviver " a caçada as bruxas" mas nós mulheres pensantes e histéricas queremos muito mais, queremos nos tornar mulheres selvagens, nos reconstruir.

No tempo em que as mulheres eram mais submissas e temerosas, fomos domesticadas para não morrer mas a esperança e a força , a vontade pela liberdade continua dentro de nós, nossa energia não cessou por causa do nosso passado.

Quem são as mulheres de agora, somos mais fortes?

Ainda somos fortes mas ainda continuamos lutando contra essa domesticação e a invisibilidade do nosso trabalho, eu escrevo de maneira simples para pessoas simples, porque eu sou assim, pensando na mulher simples e ainda escrevendo para ela.

Fomos violentadas quando o machismo tenta nos calar, somos violentadas quando deixamos de fazer o que nos aquecem o coração, somos violentadas quando a política não nos dá voz e morremos intimamente quando nos calamos e não conhecemos o nosso passado.

As mulheres foram domesticadas, caladas para que hoje a vida fosse como ela é, a nossa história foi sendo criada através da violência e precisamos retornarmos as nossas origens.

Quando a mulher admira a lua,quando vê a sua própria natureza com honestidade estamos retomando o nosso lugar,estamos nos tornando ainda mais fortes, a história da mulher está ainda apagada porque ainda estamos em busca de nossa verdade.

Vemos a domesticação das mulheres nos contos de fadas quando a mulher protagonista está adormecida, calada e presa, a mulher boa,é  é a mulher boazinha, a mulher submissa, essa mulher doméstica, é a Branca de Neve, é a Bela Adormecida,é Bela, a Rapunzel, essas mulheres retratadas como passivas, a mulher má, é a bruxa, a madrasta, a mulher histérica, quem somos nós nos contos de fadas, onde nos encontramos em nossa própria história?

Como foi essa domesticação?

As mulheres foram silenciadas quando o mundo machista a entendeu como perigosa, quando perceberam a sua força feminina, afinal, a mulher conhecedora de si mesma poderia cuidar dela e das outras mulheres, a mulher sabia o que era bom para ela, reconhecia a importância do seu trabalho em comunidade, mas o mundo queria que ela fosse reprimida, e começou a vê-la com um diabo de saias, começou a ensinar que o sexo era pecaminoso e a impediu de sentir prazer, a impediu de se tocar e entender o seu próprio corpo, e a fez ser uma propriedade para a reprodução, a fez sentir como inferior, traindo-a , machucando-a, a deixou morrer e perder seu valor, a mulher adormeceu e passou a temer a si mesmo e seu poder feminino.

Sem a luta de milhares de mulheres ao longo de nossa história não teríamos nenhuma evolução, não estaríamos nesse lugar de fala, os nossos direitos, as nossas revoluções não foram apenas violentas , foram baseadas na dor constante e na vontade de crescimento e de sobrevivência.

Fizeram do nosso corpo uma moeda, uma propriedade e nos mutilaram, nos violentaram para que o capitalismo se consolidasse, ou seja, nos domesticaram para nos venderem.

Crescemos aprendendo que a mulher deve sentar com as pernas cruzadas, não podemos falar alto, não podemos vestir roupas insinuantes, mas insinuantes para quem?

Quem pode dizer para quem eu deva me vestir?

Como eu devo me expressar ?

Qual é nosso lugar no mundo?

Hoje as mulheres são mais falantes, mais desejosas e mais claras, mas ainda temos muitas lutas, há ainda dores cortantes, há muitas mulheres silenciadas , não  entre as mais esclarecidas, as intelectuais, mestres, doutoras e entre as mulheres geniais, claro, elas sofrem sim, mas eu quero falar para as mais simples, as que ainda estão sofridas , as que foram forçadas a serem assim , pela falta de compreensão, pela falta de cuidado, as que sofrem com auto-estima baixa, pelas que cuidam sem serem cuidadas, essas precisam de todas nós, dos nossos cuidados.

Essas mulheres ainda doloridas, essas que se escondem numa maquiagem, que escondem-se em roupas compridas por causa das marcas roxas, eu quero estar com elas, para elas, e não me importo o quanto me sacrifico, ainda sim, será por amor a elas.